O TEMPO É QUEM MANDA cap 1

O TEMPO É QUEM MANDA

Capítulo 1

_Boa tarde! Está tudo bem?

_Boa tarde, Tonhão. Claro! Tudo bem.

E a Terezinha saiu correndo pra brincar com as outras crianças. Pedrinho capeta aterrorizava as outras crianças...

Tonhão sorriu e caminhou de volta a sua vida normal.

Lucy estacou de repente. Olhava na direção do por do sol. Marcelly olhou pra ela e tentou entender porque ela tinha parado de repente de brincar. Ela estava de pique e poderia pegar a outra e passar o pique pra ela, mas ela nem ligou quando a outra lhe tocou e disse:

_Pique!

O que estaria errado com Lucy? As outras crianças chegaram e tentaram se comunicar com ela que só repetia sem parar, apontando para o poente:

_O sol!

_ O que tem o sol Lucy?

_ É o que tem ele?

_ Porque você esta assim olhando pro sol?

_Vamos brincar mais. Daqui a pouco as mamães chamam e acaba a brincadeira! _ Disse a Marcelly.

_Deixa a maluca da Lucy aí gente e vamos brincar pessoal! - disse o Pedrinho capeta. ( ao chamá-lo de capeta você, caro leitor, até imagina que espécie de criança era.)

O Joel da dona Quintina perdeu a paciência e começou a puxar a menina que se desvencilhando do moleque, finalmente esclareceu a todos com uma pergunta:

_Que horas são?

_São... bom desde que a gente chegou, a gente brincou de 8 brincadeiras até enjoar e passar para as outras. Estamos brincando de pique pega a uns vinte minutos. Vejamos então

_... umas sete horas! Disse a Marcelly entendendo finalmente o que a Lucy estava vendo. E disse:

_ O que ele está fazendo ali na mesma posição de quando a gente chegou pra brincar?

_Credo! Que coisa esquisita, gente! O sol ta com preguiça de ir pra casa. Disse o Pedrinho capeta.

_Vamos aproveitar! Disse o Joel.

_ Espera aí. Disse a Terezinha Espevitada. E saiu correndo pra entrar na sala da casa dela, que ficava em frente. Ao entrar, a mãe estava vendo a Malhação exatamente na mesma cena que estava quando saiu e pra piorar a situação e endoidar a sua cabeça, a mãe lhe disse:

_Terezinha não vai se sujar em. Brinca só até o anoitecer.

Terezinha saiu correndo de volta a rua e chegou sem fôlego pra falar. Estava tão esbaforida que a galera juntou em volta dela querendo saber o que tinha visto de tão estranho que a assustou. Marcelly abanava a amiga e Lucy acarinhava sua cabeça dizendo coisas carinhosas. Assim que se acalmou a menina disse:

_Gente, o tempo parou!

_Como assim? Perguntaram em uníssono.

_A minha mãe está vendo a Malhação desde que a gente veio brincar. Mas, na mesma cena. Ela disse a mesma coisa que me disse horas atrás. To com medo! E começou a chorar. Quero minha mãe de volta! Acho que ela endoidou!

_Medo de quê, sua boba? A gente vai poder brincar até quando quiser. Disse o Joel.

_Como pode ser tão bobo! E depois que a gente cansar? Quem vai cozinhar a nossa comida? Minha mãe jurará que é cedo pra comer, pode apostar. Disse a Marcelly, a mais ajuizada da turma.

_É, a minha também.

_E a minha.

_ Ái meu Deus! O que tá acontecendo? Porque nós estamos notando isso e eles não?

_Terezinha, não fique assim, sua mãe não endoidou. Foi o tempo que parou. A gente vai descobrir o que está acontecendo e tudo vai voltar ao normal.

Cada um deles resolveu ir pra casa tentar fazer a mãe ver que tinha que cozinhar a janta e descobrir o que tava acontecendo.

Algum tempo depois voltaram desanimados. Todos os pais tinham dito a mesma coisa que disseram antes de saírem a primeira vez de casa. Ficaram apavorados. Perguntavam em suas mentes e alguns até as externavam: Será que alguém estava sonhando ou louco? E seus pais porque se comportavam tão repetitivamente? E o sol, porque não se punha? Perderam a vontade de brincar. Sentaram na calçada e puseram se a se entreolhar calados.

_Gente, temos que descobrir o que aconteceu! Disse a Lucy, a primeira a perceber a diferença no tempo.

_Não vejo como descobrir. Descobrir como a dona Isolda se disfarçou em dona Ilda pra roubar o jornal do seu Juvenal foi moleza. Mas agora tá difícil.

_Calma Marcelly! Também não é assim. Podemos pensar.

_Calma, pra você é fácil falar. Marcelly tem razão.

_Credo, Pedrinho! Até parece que sou diferente de vocês.

_Gente, por favor parem de brigar! To aqui nervoso e vocês ficam aí de trololó!

_Vai dar tudo certo Joel. Você ta certo. Paremos de discutir e vamos pensar. Temos que analisar tudo o que aconteceu nas últimas horas aqui. Eu percebi que o sol estava parado no firmamento porque cansei e vi que não anoitecia. Sempre que anoitecia eu estava cansada e ia pra casa. Hoje porém estava mais cansada e a hora não passava.

_Eu também fiquei cansada por demais. Mas não percebi nada. Só depois que a Lucy percebeu que eu vi o sol parado ali.

_E o celular? Será que tá acompanhando a hora ou o tempo?

_Seu burro não vê que o tempo e a hora é a mesma coisa?

_Cala a boca Pedrinho! Não pedi sua opinião!

_Pedrinho e Joel, será que podem deixar a gente pensar por favor?

_Desculpa Lucy. É que esse tapado me tira do sério.

_Tapado nada. Ele tá certo. As horas marcam o tempo percorrido, Joel. Se um não anda o outro deve acompanhar. Marcelly você tá com seu celular aí?

_Não, Lucy. Ele ta la em casa. Terezinha podia pegar o dela que ta mais perto.

_Gente o meu celular ta bichado. Trava toda hora. Se com o tempo correndo ele trava imagina agora, HiHiHi.

_Tá certo. Eu vou buscar o meu então que minha casa é mais perto que a de vocês.

_Não, pera aí meninas. O meu ta aqui.

_Oh seu tapado porque não falou antes?

_Ele é tapado mesmo viu?

_Não sou não, Pedrinho. Tava olhando o celular. E sinto muito pra vocês. Ele também ta repetindo de cinco em cinco minutos tudo que fazia nos outros minutos.

_Tamos ferrados. Choramingou a Terezinha espivitada.

_Não pira Terê!

_A gente vai resolver esse mistério, amiga. Fica calma tá?

_Pera aí, e se eu mandar uma msg pro seu celular, será que ele vai receber?

_Pra que fazer isso?

_Pra tentar uma comunicação com minha mãe, por exemplo, Lucy.

_Que grande idéia Marcelly! Vai pegar o seu celular.

_Fui!

_Acho que isso será uma tremenda perda de tempo.

_Cala a boca Joel!!! Disseram todos em uníssono.

_Vocês são uns chatos! Vou embora pra casa.

_Vai com as pulgas seu demente!

_Não apela Pedrinho! Deixa ele em paz. É difícil dele entender certas coisas. Ele volta logo. Vai perceber que só a gente pode resolver esse mistério.

_ Ah Marcelly, eu queria ter a sua calma.

_Não to calma nada. Deixa a Lucy voltar que a gente vai ver se consegue fazer alguma coisa. Enquanto isso vê se fica na paz Pedrinho. Não enerva a turma tá?

_Tudo bem. Vou ficar aqui quietinho. Pensarei em alguma coisa enquanto isso.

_ Isso mesmo. Na verdade eu quero pedir uma coisa a todos. Observem tudo a nossa volta e tentem lembrar de tudo o que aconteceu quando a gente veio brincar e um pouco antes da hora parar. Vamos ver se a gente descobre algo diferente do normal.

Nada parecia mudar. Dona Lelê passava em direção a padaria e entrava no prédio. Seu Agnaldo sentava no banco da praça e tirava algumas selfies. A Adelaide encostava na janela pra bisbilhotar a vida alheia como sempre. O padre entrava na igreja vindo da ponte estrelada quase caindo para os lados na sua bicicleta caloi dez. O seu Antenor fechava a loja e ia embora pra casa. Os passarinhos levantavam voo cada vez que a gente olhava pra eles. As borboletas lindas de todas as cores voavam entre nós e pousavam nas flores do jardin logo adiante. O pai da Terezinha chegava do trabalho e entrava em casa. Essa cenas entre muitas outras se repetiam a cada cinco minutos.

_Eureca!

_Ai que susto menina! Quer me matar do coração, Terezinha?

_Não Marcelly, É que eu observei uma coisa estranha. Veja os animais!

_O que tem ops animais?

_É verdade! Eles não repetem as cenas. Tão como nós.

_Sim é verdade mesmo, Pedrinho.

_Os animais estão num vácuo do tempo que está correndo do mesmo jeito.

_Ei pessoal, mandei uma mensagem pro celular da Lucy. Demorei porque parei na casa dela pra pegar o celular dela. A mãe dela está dormindo e não viu

_Ela sempre cochila vendo televisão. Me dá aqui.

__Gente, a msg chegou normal. Mas tem um problema. Chega de cinco em cinco minutos a mesma msg.

_Que loucura! Eu to ficando com medo outra vez.

_Calma Terê. Isso eu já esperava.

_Então porque foi buscar o celular?

_Pra fazer uma experiência. E ligou pra mãe de Terezinha.

_ Porque a minha mãe?

_Vai pra casa e observa o que acontece.

Terezinha não precisou ouvir outra vez. Assim que entrou em casa ouviu o celular tocando. A mãe parecia sair de um transe. Levou um susto e atendeu o celular. Era a Lucy que pediu a ela que fosse para a praça imediatamente. Terezinha saiu correndo e a mãe dela a seguuiu.

_Olá crianças! O que está acontecendo?

_Tanta coisa, Dona Telma. Escute com atenção. E não duvide de nada que vou lhe contar. Mas antes observe o seu Antenor na praça de cinco em cinco minutos, por alguns minutos por favor.

Dona Telma observou o homem e começou a ficar intrigada quando a mesma coisa foi se repetindo. E então vendo que ela estava confusa, Lucy recomeçou a falar:

_Agora são sete e meia da noite. O sol parou exatamente as 5 e 40h. Está na mesma posição e não se move. O tempo parou. A senhora estava vendo a mesma cena da malhação desde aquele momento.

_Isto é uma loucura! Não pode ser!

_Entre na sala e veja a cena da malhação em que o Márcio pede desculpas ao Rafael. Vá!

Ela titubeou mas estava muito confusa e quando viu o homem tirar nova sef exatamente como as outras correu pra dentro de casa. O susto foi grande. La estava a cena do Marcio e do Rafael.

_Como isto é possível? E saiu correndo em direção as crianças.

_O tempo parou. A gente está aqui brincando ha horas e até agora o sol não se pôs. A cena se repete de cinco em cinco minutos.

_Como eu deixei de fazer a mesma coisa?

_De certa forma nós que estamos aqui neste ponto, ficamos livres desse tempo parado. Com meu celular liguei para o seu e a senhora atendeu. Isso quebrou o tempo ao seu redor.

_Quer dizer que se ligarmos para outras pessoas acontece o mesmo?

_Não sei, dona Telma.

_Podemos tentar ligar pra minha mãe?

_Pedrinho, sua mãe está muito longe da praça. Talvez não funcione.

_Tenta, Lucy, por favor!

_Ta bem, vou tentar, mas fique calmo tá?

_Ok.

_Lucy ligou pra mãe do pedrinho que não atendeu o celular.

_Tenta do seu celular, Pedrinho!

_Já tentei e ela não atendeu.

_Então só funcionou aqui perto.

_Tenta a minha mãe Lucy, por favor!

_Certo, vamos tentar a mãe da Marcelly.

Assim que digitou os números o celular apagou. Lucy percebeu que a bateria tinha apagado ou havia algo errado.

_O que foi Lucy?

_Sei não Marcelly. Meu celular apagou.

_Será que foi a bateria?

_Acho que não. Carreguei a bateria antes de vir brincar e desliguei a internet. Não pode ter acabado.

_ Ah meu Deus! E agora? Eu quero a minha mãe!

_Não chore Pedrinho! Vamos resolver isso logo ta?

_Mas eu continuo querendo a minha mãe.

_O celular da dona Telma tocou e todos se assustaram.

Era a Lucy!!!

_Que loucura! A Lucy está me ligando! E na mesma hora a mãe da terê saiu da praça em direção a sua casa. Lucy pegou o telefone e falou exatamente as mesmas palavras que havia dito a ela no telefone. Em poucos minutos dona Telma estava de volta a praça e a cena se repetiu exatamente como antes. E continuou se repetindo de cinco em cinco minutos com tudo que falaram antes menos o que os outros falaram . Lucy estava presa no tempo como dona Telma. Todos ficaram apavorados.

Lucy fazia os mesmos gestos e falava as mesmas coisas como todos na cidade. Pedrinho, Marcelly, Joel e Teresinha espivitada estavam sozinhos sem a Lucy. Ela sempre fora considerada a mais inteligente da turma. Como fariam pra resolver o enigma sem ela?

Continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 04/04/2019
Reeditado em 04/04/2019
Código do texto: T6615125
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