O Esquartejador (Décimo Capítulo)
Aquele depoimento realmente mexeu comigo. Foram noites longas até o telefone tocar no meio de uma madrugada de forte chuva e o meu coração disparar:
- Alô? – Silêncio do outro lado da linha. Apenas um leve chiado podia ser notado, no entanto, me preocupei.
Fui ao banheiro, encostei-me a pia, levantei a cabeça e vi meu reflexo no espelho. Eu estava realmente cansado, morto de sono. Joguei uma água na cara e fui caminhando em direção ao meu quarto quando de repente ouvi batidas, ou melhor, pancadas na minha porta. As batidas não cessavam. Corri até a cozinha e tirei uma faca grande da gaveta, instrumento, aliás, que me ajudou na terrível missão de esquartejar a pobre da Patrícia. Andei pé sobre pé, bem vagarosamente. Fiquei ao lado da porta, abri de uma vez, mas não tinha ninguém.
Olhei de longe. O corredor outrora escuro se iluminou devido a minha presença ali, o maldito sensor de presença. Avistei alguém descer as escadas de emergência e resolvi ir atrás. A faca na mão e o coração acelerado no peito, finalmente eu pegaria o assassino e daria cabo naquele desgraçado. Segui a toda pelas escadas, degrau após degrau e o meliante ia fugindo. Com as trevas era impossível ver quem era, mas dava para notar que se tratava de um homem, ou ao menos parecia ser um. Vi o safado sumir da minha vista e eu parar bem detrás do meu carro. O porta- malas estava aberto e o que tinha ali dentro era deveras assustador.
A cabeça da Rose parecia um bolo espatifado, ali não havia nada além de massa encefálica e sangue, muito sangue. Recuei um passo sem saber o que fazer. Senti a faca pesar em meus dedos. Admirei aquele corpo com um desejo fora do normal. O acariciei. Coloquei minha mão em seu seio esquerdo, puxei e dei um corte. Um dos deliciosos peitos da Rose agora estava em minhas mãos. Beijei aquele estranho objeto, lambi, mordi, fiz de tudo. Parecia uma criança faminta e um homem excitado, meu pênis quase saia da calça devido ao enorme tesão que passei a sentir ali.
Depois do seio, comecei a destrinchar a Rose. Cortei seus braços e pernas, seu sangue jorrou em minha face, mas não liguei. Suas coxas eram lisas e grossas. Mesmo morta dentro do meu carro senti vontade de penetrá-la e assim o fiz. Estava louco, ensandecido, então resolvi parar.
Sai a mil por hora de lá. Os pneus cantando e a adrenalina subindo. Tudo era tão forte e fora da realidade. As ruas estavam vazias de gente, mas cheias de silêncio. O assobio do vento batendo nas árvores me causava medo e minhas pernas tremiam, tinha as mãos sujas de sangue. Parei o carro em uma rua sem saída. Nada de luzes, nada de vida humana, mais calmaria para os meus já agitados nervos.
O corpo jazia em meu carro, mais uma vez não fui eu quem matou, porém eu o esquartejara, assim como fizera com a pobre da Patrícia. Coitada dela e de sua família.