O Esquartejador (Sexto capítulo)
Conheci o meu chefe na faculdade de contabilidade. Bernardo Villela foi um dos meus professores ao longo de todo o curso, um excelente educador, mas um tremendo de um mau caráter. Se na sala de aula ele era o cara rígido com seus alunos, da porta pra fora ele mostrava sua verdadeira face. Bernardo tinha como costume convidar alunas para sair, algumas aceitavam tantas outras, não. O velho era insistente em suas investidas. A armadilha era armada por ele da maneira mais torpe possível. As presas favoritas eram as alunas com notas baixas, que necessitavam de uma ajudinha do professor para passar tranquila no semestre, e muitas das garotas se sujeitavam a transar com o desgraçado em troca de uma nota.
Ele as levava para um apartamento longe dos olhares dos mais curiosos e ali ele realizava suas fantasias. O maldito concretizava suas libertinagens, mas muitas garotas afirmavam em alto e bom som que o velho babão era ruim de cama e que tinha o pau pequeno, o que gerou em toda a faculdade o apelido de peru mole. Bernardo odiava ser chamado pelo apelido, mas a coisa pegou tão forte que outros professores começaram a chama-lo assim.
Minha relação com ele era de professor e aluno, nada mais do que isso. Logo após me dar aula, ao final de mais um semestre, me convidou para uma cerveja, e lá me fez o convite. Trabalharia no escritório dele, um dos maiores da cidade, quiçá, do país.
Pensando que os convites para noites de sexo se restringiam somente ao âmbito acadêmico, me surpreendi ao descobrir que ele fazia o mesmo com algumas de suas funcionarias.
Depois disso sempre fiquei com um pé atrás com ele. Não gostava do modo em que olhava para as pessoas, inclusive seu olhar para com as mulheres me causava nojo e repulsa. Por vezes vi a Rose sair da sala dele totalmente sem graça e desconcertada. Mas infelizmente não podia fazer nada. Acusar o velho de algo seria assinar minha sentença de morte e o fim do meu futuro profissional. Bernardo era conhecido no meio de todos os contadores e um telefonema dele para qualquer um de seus amiguinhos poria minha carreira em risco.
Por diversas vezes o vi sair de carro com varias secretárias, o destino, claro, era o apartamento do filho da mãe. De lá elas saiam enojadas e ele ficava feliz e satisfeito por ter traçado mais uma, entre tantas de sua enorme lista. Mas porque elas nunca o denunciaram? Fico com essa pergunta sem resposta, porém, levanto algumas hipóteses. Ameaça? Medo? Exposição? Ou ele simplesmente comprava o silêncio de cada uma delas?