O Esquartejador (Quinto Capítulo)
Passou um bom tempo desde o fora que eu levei da Rose, e para a minha felicidade, isso se eu posso chamar assim, o Ruan, meu melhor amigo, também não se deu bem no flerte e levou um sonoro não. O problema é que o infeliz resolveu cantar a gostosa da Rose dentro do escritório. Assustado ele me confessou certa preocupação com um processo por tentativa de assedio.
- Eu te avisei Ruan. – Falei, tentando dar uma de experiente no assunto.
- Como eu ia adivinhar, me diz? – Perguntou ele.
Dei uma breve olhada para os lados, me certificando de que ouvidos alheios não estivessem a nos ouvir:
- Que fique entre nós. Mas há dias eu tentei levar ela para o meu apartamento. A convidei para ir a uma pizzaria. Conversa vai conversa vem, então resolvi dar o bote, tomei um belo de um fora. – Contei. – E tem mais Ruan. Mulheres como a Rose, não são fáceis de conquistar.
Não me intrometeria mais no caso. O idiota do Ruan poderia muito bem resolver os problemas dele, da Rose, momentaneamente, eu desejava distância. A minha preocupação não era me ferrar junto com ele, e eu tinha coisa pra caramba para me inquietar.
Depois de uma longa conversa na sala do senhor Bernardo, o dono da empresa, foi decidido que tanto a Rose a acusadora, quanto o Ruan, o acusado, não seriam demitidos, eles apenas trocariam de horário. Ela trabalharia pela manhã e ele no período da tarde, tudo resolvido, Ruan veio em minha direção, à camisa molhada de suor e o rosto vermelho de tensão.
- E aí, como foi? Resolveu alguma coisa? – Perguntei.
Aos poucos o semblante do Ruan foi melhorando e ganhando uma coloração mais agradável.
- Sim! – Ele respondeu monossilábico.
- Que tal uma cerveja depois do expediente? Você tá precisando relaxar. – Sugeri.
- Não é uma má ideia, vamos sim, tem um bar aqui perto.
- Combinado então. – Falei.
O dia transcorreu normalmente. Nada de anormal dentro do escritório de contabilidade. Como sempre eu estava muito atarefado, tão atulhado de coisas a serem feitas, que mal eu pude olhar para os peitos da Rose. A piranha reclamava de assédio, mas dava motivo para tal. Andava sempre com saias curtas e com um decote enorme, deixando a vista dos homens seus belos atributos.
A cerveja estava gelada e a conversa melhor ainda. O Ruan era um sujeito incrível. Bom de papo, inteligente, mas um verdadeiro Zé Mané. Vivia reclamando de falta de mulher, mas foi ficar, justamente, de olho na Rose. Mas fazer o que, não se pode mandar no coração alheio. Bebemos três ou quatro cervejas, não me recordo. Fomos embora juntos em meu carro. No trajeto, visivelmente embriagado, fui obrigado e ficar ouvindo seus intermináveis lamentos.