A TRILHA DA MORTE!!! PARTE FINAL.

Cibele Giannini tinha 26 anos. Morava em Milão mas era cidadã do mundo. Viajava sempre para trilhas e escaladas ao lado de seus amigos panamenhos Ortega, Ruiz e Benítez. Juntos visitaram mais de vinte países. O xerife O'Brian chegou ao local em que o corpo da italiana estava. Logo, o prefeito, o reverendo e dez moradores de Orange chegaram. -" Meu Deus. Que Jesus a receba." Disse o reverendo. A caminhonete de Theodor passou perto deles, na estrada de terra. Estava só e vinha de Abilene. Theodor buzinou ao ver o reverendo. O xerife tirou fotos e cobriu o corpo com uma lona preta. Havia muito sangue. -" Seguimos na frente, xerife. Cibele ficou pra trás pois queria fotografar borboletas. Sempre fazia isso. Já estávamos com a fogueira acesa, aguardando nossa amiga mas ela tardava. Resolvemos voltar e achamos-a morta." Disse Ortega. O policial anotava tudo. -" Ela estava em cima e deslizou pelas pedras pois há escoriações no corpo. Há um corte profundo na cabeça. As roupas estão lá em cima. Certamente foi morta lá!!!" Apontou o xerife. O prefeito coçou o queixo. -" Concordo, amigo. Vamos subir!!!" Pouco tempo depois, o xerife e seus auxiliares colocaram o cadáver de Cibele na caminhonete da polícia. O prefeito deu carona aos mochileiros panamenhos. Todos foram a Orange. O xerife colheu depoimentos dos jovens panamenhos. Eles ligaram para a família da moça, em Milão. -" Devo levar o corpo pra Abilene, onde há necrotério com melhores condições de preservar o cadáver. Pedirei ajuda ao delegado de lá. Não é comum duas mortes em tão pouco tempo." O prefeito estava desolado. -"Que triste. Suspeita de assassinato, O'Brian???" O xerife sentou-se. -" Certamente, prefeito Stuart. Minhas filhas nadavam naquela cachoeira. As pedras no alto não deixariam o corpo cair. Minhas filhas nadavam tranquilamente por isso. Alguém matou a jovem e atirou o corpo, simulando uma queda." Em Abilene, tempo depois, o xerife aguardava o laudo do médico legista. Oito horas se passaram. O xerife visitou o delegado Louis Marcel, em sua casa. -" Eu terei o maior prazer em ajudá-lo, amigo. Quero ver o corpo da jovem." Eles se dirigiram ao necrotério. A notícia de mais uma morte na trilha de Orange se espalhou por Abilene. Theodor chegou em casa, feliz. -" Vendi todas as hortaliças, mamãe. A senhora Stuart ficou feliz e agradeceu a torta de maçãs que a senhora lhe mandou!!!" Philip entrou na casa e serviu-se de café. -" Obrigada, filho. Descanse!!!" Disse-lhe a mãe, Antonieta, cadeirante. Paul veio do quarto e abraçou Theodor. -" Não esqueci suas balas, Paul." O irmão deu-lhe um abraço. -" Passei pela cachoeira das noivas. Havia um alvoroço de gente lá mas não parei." A velha senhora Antonieta se esforçou para pegar a garrafa de café. -" O velho Flint veio aqui. Acharam outro corpo de moça viajante, afogada. Outra morte, Theodor!!!!" Disse chorando. Philip concordava, meneando a cabeça. Paul estava muito ocupado com as balas. Theodor olhou pra mãe. -"Tinha muita gente lá, mãe. O reverendo, o prefeito e os curiosos de plantão." Theodor tomou o café. -" Preciso de um banho." Philip foi descarregar a caminhonete. Antonieta foi ao quarto e cheirou as roupas de Theodor. Havia perfume de mulher nelas. Antonieta suspeitou que o filho estivesse envolvimento nas mortes. Em Abilene, o delegado Marcel olhou o cadáver de Cibele. O médico legista e o xerife O'Brian se aproximaram. -" Uma bela jovem. Não sei. Afogamento normal." Disse Marcel. O médico cobriu o corpo. -" Sem sinais de abusos sexuais, sem ferimentos cortantes e sem sinal de estrangulamento. Um corte na cabeça causado por uma pedra. Pupilas dilatadas são sinais de susto, violência. Foi alguém muito forte que a afogou e jogou o corpo cachoeira abaixo." O xerife deu um soco na própria mão. -" Eu sabia. Há um assassino na região." O médico tomou a palavra. -" Dei uma rápida olhada na outra moça, a Carmen. Não havia sinais de abusos sexuais ou esganadura. Para mim não foi mero afogamento!!!" Três dias depois, os tios de Cibele chegaram em Abilene para levarem o corpo pra Milão. Ortega, Ruiz e Benítez quiseram acompanhar o sepultamento da amiga de aventuras. O xerife O'Brian e o delegado Marcel juntaram forças para investigar o caso. O'Brian ganhara o reforço de seis policiais. Eles formaram e colheram depoimentos de algumas pessoas em Orange e Abilene. -" Uma pena, lastimável essas mortes por afogamento na nossa trilha da fé. Já marquei um culto pelas vítimas, xerife O'Brian. A comunidade cristã, preocupada, decidiu em reunião dos 33 membros benfeitores, colocar a serviço dos viajantes quatro guias turísticos. Eles conhecem a trilha da fé de Orange como poucos. Além disso, eu mesmo desenhei mapas bem detalhados da trilha, as belezas naturais e os perigos também." O xerife andou pela sacristia. " Tudo isso já foi feito, reverendo. No início eram peregrinos, pessoas de fé e ordeiras mas, com o tempo e a fama da trilha, vieram viajantes de todo tipo e de todo o mundo." O reverendo tomou água. -" Concordo. Saiu de nosso controle." O xerife anotava tudo. -" Muitos moradores reclamaram a mim sobre o fato de terem visto viajantes nus, nos lagos. Esses mochileiros dispensam os guias." O reverendo sentou-se. -" Concordo. Tenhamos paciência, meu caro. Quer água, xerife???" O policial fez menção de sair. -" Não quero. Grato, reverendo. Vou descansar pois a etapa a seguir será entrevistar os fazendeiros!!! Com licença." O reverendo se levantou e acompanhou O'Brian até a porta. -"Boa sorte, xerife!!!" As diligências nos sítios e fazendas começaram. O burburinho na cidade crescia e todos se perguntavam sobre o provável assassino. Uma semana depois, o reverendo organizou uma cruzada da fé. Convocou os leigos de Orange para fazerem a trilha, juntos, em orações e cânticos. Toda a cidade aderiu. Uma multidão percorreu a trilha extensa atrás da cruz levada pelo reverendo Jack. O delegado Marcel e o xerife analisavam a montanha de papéis dos depoimentos colhidos. Passaram noites em claro, lendo tudo e tomando café. Três dias depois, eles foram a fazenda do velho Flint antes de visitar Theodor. Philip anunciou a chegada dos policiais. -" Theodor está em Florence, xerife. Foi visitar um primo doente. Paul está com ele." Disse Antonieta. Philip respondeu algumas perguntas do delegado. Ele não saía muito da fazenda. Antonieta falou o que sabia aos policiais. -"Theodor estava em casa nos dias das mortes???" A velha senhora tossiu. "Não. Estava em Abilene, na feira. Ele viaja sempre pra vender nossos produtos. O xerife sabe disso." O delegado sussurrou algo ao xerife. Phillip começou a temer por Theodor pois coincidentemente Theodor estivera fora de casa quando ocorreram as mortes. O xerife pediu permissão para ver o quarto de Theodor. Antonieta consentiu mas o xerife O'Brian nada encontrou de anormal. Um policial chegou a fazenda. Estacionou o carro e entrou veloz na casa. -" Xerife!!! Encontraram um corpo de mulher na floresta. Morta a facadas perto da caverna do diabo." O xerife, o delegado e os policiais saíram da casa. A caminhonete de Theodor chegou no mesmo instante, impedindo a saída das viaturas. -"Mãos na cabeça, Theodor. Você está preso!!!" Gritou o xerife. Antonieta, Philip e Paul choravam. -" Vai ser levado pra ser interrogado, senhora Antonieta." O jovem partiu, algemado, com os policiais. O xerife olhava as mãos e roupas limpas de Theodor. Era o principal suspeito. Eles passaram pelo local do brutal assassinato. O xerife notou pegadas de um grande sapato indo para i interior da mata. O prefeito e alguns curiosos já estavam lá. O delegado e o policial ficaram alí, enquanto o xerife levava O'Brian para Orange. O xerife deixou Theodor na delegacia. Alguns moradores gritavam palavrões. Queriam linchá-lo. Theodor chorava copiosamente. O xerife correu pelas ruas de terra. A igreja. O monte. A casa paroquial. O xerife tocou a campainha. Nada. Ninguém. Ele deu a volta até os fundos da casa. A floresta ao fundo. O xerife se escondeu num arbusto ao ver alguém se aproximando. O reverendo chegou ao portão dos fundos. -" Surpresa, reverendo Jack!!! Cansou-se de afogar os mochileiros e agora os mata a facadas" O sacerdote se assustou. As mãos ensanguentadas. -" Xerife. Livrei a trilha da fé desses pederastas imundos. A trilha virou um caminho de pecado e perversão. Tudo será como no início." O reverendo saltou sobre o xerife para o esfaquear. O policial deu dois tiros e o matou. O xerife amparou o reverendo morto. O delegado Marcel e os policiais chegaram em Orange. O xerife relatou tudo ao delegado. A cidade soube de tudo e custou a crer que o líder religioso era um assassino. Theodor voltou pra casa, aliviado. A trilha de Orange foi fechada, definitivamente. FIM.

marcos dias macedo
Enviado por marcos dias macedo em 09/03/2019
Reeditado em 10/03/2019
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