A ÁRVORE DA MORTE.

Eram aproximadamente umas cinco horas da tarde. Localidade Gamileira, onde moravam algumas famílias. D Maria como era de costume sempre fazia, no final da tarde, um café, acompanhado de um delicioso cuscuz, rosca de goma ou pudins dependendo da ocasião. Já era tradição e quase sempre algum vizinho era atraído pelo cheiro do licor negro das arábias. Mas naquela tarde quente, do mês maio, descobrira que a vazia estava seca, não havia pó do precioso produto. Observando o tempo se fechando no horizonte, com nuvens escuras de chuva, imediatamente, grita por uma de suas filhas e pede que a mesma vá até uma pequena bodega, pequeno estabelecimento comercial da zona rural, servido de um pequeno balcão e algumas prateleiras. Nestes estabelecimentos havia sempre os produtos básicos que serviam a comunidade, principalmente de gêneros alimentícios. A bodega ficava há menos quinhentos metros dali. Contou algumas moedas que estavam escondidas em um caneco de alumínio, depositou em um pequeno saco de plástico e as entregou , com a condição de não perdê-las, caso contrário, ao chegar sem o café, levaria uma surra de cipó. Advertiu D. maria às meninas. Para garantir o mandado, a irmã mais nova se ofereceu de irem juntas. Podia se notar ao longe, as duas pequenas a caminhar. Quando de repente, um motoqueiro se aproxima da casa de D. Maria. Apertando o botão da sirene da moto, insistentemente, até que a senhora saí à porta, meio assustada.

___O que foi homem de Deus? Prá que tanto alvoroço?

___ Foi o Açude, D. Maria. Ele arrebentou. A senhora tem que saí com suas filhas agora mesmo. Não há tempo.

____Ô meu Deus! Eu mandei as meninas irem comprar café na bodega.

____ Vixe Maria! Vou ver se alcanço elas, e volto já.

Dissipa-se em velocidade sobre sua moto, meio a estrada de piçarra, mas logo a frente vê uma grande onda amarela destroçando tudo que encontrava. Não há mais o que fazer. Do alto da estrada, uma imagem dantesca. Como um enorme força vem arrastando casas, postes, árvores, animais. Dá meia volta, rapidamente, na ânsia de salvar a senhora.

As meninas ao verem a grande onda se assustam e tentam correr para traz, mas a distância e muito longa. Sabem que não dará tempo a retornar a casa, e é naquele momento, que tomam uma decisão precipitada. Não havendo muito o que fazer e quase engolidas pela onda, resolvem subir rapidamente em uma das árvores da encosta da estrada. Era uma árvore frondosa e resistente. Sem dúvida logo pensaram. A única chance é subir até o topo e aguardar. Vamos minha irmã. Sobe rápido pelo amor de Deus. A primeira cabeça d’agua já lavam seus pés, enquanto subiam freneticamente pelos galhos da grande árvore. Agora uma onda gigantesca banha quase por total e a circulam por todos os lados. Sua força é gigantesca. As meninas continuam a subir para os galhos mais finos. A maior auxiliando a menor. Era uma árvore alta. Em poucos segundos as águas chegam a metade da altura da planta. Com a força da correnteza, troncos de outras árvores se chocam contra o arbusto. Um enorme redemoinho se forma em torno da mesma, e vai cavando lentamente suas raízes. As meninas gritam por socorro. Desesperadas mas agarradas a o único meio que poderiam salvá-las. Alguns moradores no alto do barranco observa a cena. Gritam para elas terem paciência. Mas lentamente, a árvore vai tombando. As meninas gritam por sua mãe. Esticam os braços em socorro; os olhos arregalados de terror. Num último segundo, a árvore se desgarra da terra e tomba para o lado, contorcendo e girando meio ao turbilhão de agua barrenta. Num lapso momento ainda se ver uma das meninas a emergir das águas desesperadamente tentando se salvar. Em suas mãos, um saco de plástico, contendo um pequeno pacote de café. Por último, seus corpos desaparecem meio aos destroços da água e da grande árvore. Na terra, os gritos de quem presenciou tudo, mas nada puderam fazer para salvá-la. Estavam mortas!