Meu Castelo - parte 1
Não há cinzas pelos corredores e todos dormem em seus quartos.
Na sala, apenas a janela dourada de arcos turvos cheia de sangue.
Não gostaria de escrever esse diário, não fossem as insistentes palavras do meu avô, o rei. Queria estar só. Totalmente só naquela sala.
E enquanto envio essa folha, ouço passos firmes: é o Major! Sim, é ele. Veio me contar as notícias da guerra! Que bom! Vou até ele e percebo sua farda gasta, seu cabelo desalinhado e seus olhos no chão. Onde estaria seu cavalo? E sua espada? E seu ânimo pela tropa? E seus soldados valentes? Mortos na trincheira?! Queria uma resposta. Uma apenas. Uma.
_ Minha senhora, minha doce senhora....
Foi tudo o que ouvi. Um bravo soldado, na minha sala, no meu castelo, trazendo-me as piores notícias daquele inverno. Minha pátria, meu país, meus soldados..derrotados?
_ Major...Ouça...Eu não acredito...
_ Deves acreditar, minha doce senhora... Não temos mais forças, nem chances> A oposição é bruta e covarde. Fracassamos...
_ Enviarei mais soldados... Volte lá, destrua-os e traga-me a coroa.
Major saiu da minha presença mais confiante, porém ainda triste. Assemelhava-se a um recruta cheio de sonhos, de projetos em sua primeira luta. Dei-lhe a espada do seu tio, o Comandante. Parecia sair quando deixou o castelo. Vi seu cavalo voar pelas planícies, seguido por outros 200,300 cavalos e seus jovens soldados> Haveia uma outra chance, e Major saberia como vencer dessa vez.
Sentei-me perto da ladeira, peguei meu vinho e enquanto olhava para o futuro de minha terra e meu país, foi que tudo aconteceu. Naquela sala, o emissário me trazia outras notícias.
(fim da parte 1)