AVERSO | CAPITULO 4 - ÁGUA
CAPITULO 4 - ÁGUA
Sylph estava com o braço da cadeira empunhado em frente ao guarda roupas, olhava para as suas roupas que estavam dentro e esticou a cabeça para averiguar melhor os cantos até se dar conta de que não havia nada de anormal ali.
“Essa toalha vai me servir bem”
Pegou a toalha no guarda roupa, usou-a para limpar o sangue em seu rosto e depois a jogou em cima do livro que estava sujo com a gosma da aranha que ele matou. Virou-se e fechou a porta do seu guarda roupa, então sentiu seus pés molhados, olhou para baixo e viu que havia água percorrendo o quarto em grande quantidade, foi então que se deu conta do barulho de água e que ela vinha escorrendo pela escrivaninha, se arrastando pelo chão do quarto e chegando até seus sapatos carmesins, assim trespassando e encharcando seus dedos através da meia em seu pé. Olhando um pouco mais pra cima ele viu de onde estava vindo à água e era do seu monitor, a água estava saindo de dentro dele.
“Tudo bem, eu realmente não consigo conceber o que está acontecendo aqui, mas eu preciso tomar uma postura”.
Sylph foi em direção ao monitor, seus pés espalham a água pelo quarto e também abriam caminhando por entre alguns livros que encharcados.
“Vou quebrar essa porcaria”.
Ao tentar se aproximar a água que antes apenas escorria pela parte de baixo em uma pressão semelhante ao de uma torneira, repentinamente se tornou muito mais forte, se tornando um jarro de água com grande pressão, semelhante ao de uma mangueira de bombeiro, essa água em forte pressão atingiu em cheio Sylph na altura do peito, o fazendo voar e bater as costas na porta do quarto, apenas um gemido curto fora ouvido.
Sylph caiu no meio da água ensopando suas calças, logo se levantou com dificuldade e perceberá que a água estava tomando conta do quarto, que não escorria pelas frestas da porta e nem da janela, era como se estivesse em uma piscina e ela estivesse enchendo cada vez mais rápido, algo completamente fora do normal.
- Isso é surreal. – Disse Sylph olhando assustado aos arredores.
Mas o tempo em que Sylph levou para terminar as palavras a água já estava na altura do seu pescoço e em mais alguns poucos segundos estava o cobrindo por completo. Ele então se moveu com braçadas fortes em direção ao monitor, ainda segurava na sua mão o pedaço da sua cadeira que mesmo na pancada quando fora jogado contra a porta, não o deixou cair. Queria alcançar o monitor para quebra-lo, mas cada vez que nadava mais forte em direção a ele o jarro de água parecia ficar ainda mais forte e antes que pudesse dar conta da sua situação o quarto inteiro estava inundado.
Um vislumbre de sua mão se abrindo e o pedaço da cadeira submergindo na água, além de uma caneta esferográfica que passara boiando em frente aos seus olhos.
“Isso é um sinal? Acho que não”.
Submerso, Sylph observou outros objetos flutuando, o chão ficara repleto de livros e olhando em direção a escrivaninha, pode perceber que o monitor estava na mesma posição, imóvel. Olha para trás e novamente voltou-se à porta e a tentou abrir puxando a maçaneta, mas outra vez nada aconteceu, então passou a dar socos desesperados e chutes, mas eram outras tentativas falhas, pois a porta nem se mexia.
“É isso, vou morrer afogado, a pior morte possível e ainda por cima dentro de uma situação dessas, eu ao menos queria entender o que diabos esta acontecendo e o porquê isso esta acontecendo comigo?”
Sylph esticou sua cabeça em direção ao teto e impulsionou seu corpo com os pés, sendo assim esfregando seu rosto no cimento tentava encontrar alguma brecha para poder respirar.
“Esta ficando cada vez mais difícil respirar, eu estou... perdendo o folego já”.
Ele então percorrera com olhos todo o ambiente procurando alguma brecha, ferramenta ou quer que fosse que o pudesse ajudar, mas não encontrou nada, olhou para suas mãos que estavam tremulas e pensou:
“Eu estou tremendo, mas estranhamente não estou com medo.”
Então o ar em seus pulmões acabou seu corpo começou a responder pela falta de ar imediatamente, o desespero percorria o rosto de Sylph, seu corpo tremia e seus músculos se retorciam, sentia uma vontade imensa de tragar nem que fosse um segundo a mais de ar, mas ao imaginar que isso era impossível o desespero aumentava ainda mais dentro de si, sua vista então começara a sumir e sua consciência também, logo água entrara pela sua garganta violentamente e ele sentiu-a percorrer seus pulmões, levou sua mão até o pescoço como uma ultima ação inconsciente antes de perder por completo a sua consciência.