Sangue e Suor!
O plano saíra como o desejado. Laura e Marcinho estavam em êxtase com a vitória. Abriram uma cidra com taças de vidro, e bebiam rindo e dançando como se estivessem em uma festa de gala. Nada nem ninguém estragariam a euforia que os dois estavam vivendo naquele momento. Da cidra passaram a beber cerveja na garrafa, era assim que bebiam no dia a dia. Aquele momento foi uma comemoração diferente do costume. Tiraram o dinheiro da mala e jogavam para cima caindo e rolando por entre tantas notas novinhas. Estavam eufóricos.
Beberam, beberam muito. O som alto impedia que ouvissem o que se passava pelo lado de fora. Dançavam coladinhos e seus corpos suados começaram a se colar um ao outro. Os beijos estavam cada vez mais intensos e as línguas se enrolavam e se contorciam querendo engolir um ao outro. A saliva salgada e ainda com gosto de adrenalina tomava conta do desejo carnal que sentiam quando elas se tocavam. O frenesi aumentava segundo a segundo. Rolaram-se no dinheiro arrancando a roupa um do outro se colando ao suor e ao cheiro das notas espalhadas pelo chão.
Precisavam de mais. Estava faltando algo a mais. Aplicaram-se na veia uma dose de cocaína para a euforia ficar mais violenta. Agora sim, estavam prontos para consumar o ato que os corpos dos dois desejam. Marcinho iniciou o ritual do vai e vem em Laura e não estavam mais raciocinando, não estavam mais vendo e percebendo nada mais além do corpo um do outro. A cabeça dos dois girava e ao mesmo tempo, queriam mais. Queriam sentir o mais alto dos prazeres carnais que o ato sexual pode dar aos humanos.
De repente, a porta é arrebentada por pontapés violentos de policiais armados e furiosos. Encontraram os dois. Encontraram aqueles que haviam assaltado um banco levando todo o dinheiro que tinha no caixa. Pensaram ter despistados os policiais e que o plano tinha corrido tudo como o planejado.
Os dois continuavam com o vai e vem desesperado para chegar ao clímax. A música alta, a bebida, o entorpecente e a certeza que estariam seguros os impediram de perceber a entrada daquilo que seria o fim dos dois, o fim da operação de um assalto perfeito. Os policiais atiraram nos dois, ali, nus e presos um ao outro como deveria ser. Presos para a eternidade. O suor do frenesi se misturou ao sangue correndo por entre os corpos caídos um por cima do outro, manchando o dinheiro amaçado e molhado de suor daquele ritual violento e ambicioso que estavam fazendo.
O crime tinha sido perfeito. Estavam agora juntos sendo levados arrastados para a eternidade. Um fim que deveras é o fim daqueles que desafiam a vida dessa maneira.