O grupo de whatsapp (final)
A primeira parte foi publicada em 23.07.18
Cláudia assustou-se com o barulho provocado pelo choque entre os carros. Não percebeu que ligara o carro enquanto digitava no celular o pedido de socorro. Acelerou bruscamente o veículo que acabou atingindo o da frente. Rapidamente, houve uma aglomeração de pessoas a sua volta.
Enquanto algumas perguntavam se ela estava bem, seus olhos procuravam por Ricardo. Apesar do barulho, o acidente tinha sido insignificante. Mas, pela perplexidade demonstrada no rosto de Cláudia imaginavam que ela estava em “estado de choque”. Alguns mandavam - na dizer o nome ou contar os dedos da mão. Ela parecia em estado catatônico.
No meio dos curiosos avistou Ricardo. Sentiu medo, queria gritar, mas sua voz não saia. Novamente o sol refletiu-se sobre ele, Claudia pôde perceber que a arma que tinha visto nas suas mãos tratava – se de um celular prateado e não de um revolver, como julgara anteriormente. Mas, por que ele não falava com ela? Fingia não a conhecer. O que estava acontecendo? Precisava sair daquela situação.
De repente sua mente voltou a funcionar.
Olhou em volta e não viu mais Ricardo. Ligou o carro e saiu rapidamente do local sem esperar pela perícia.
Não sabia para onde ir. Queria ligar para Raul, mas se lembrou que na confusão tinha deixado o celular cair. Queria chorar, gritar ou fazer alguma coisa, mas naquele momento o importante era estar viva.
Resolveu ir à delegacia. Ao contar ao delegado sobre o sumiço das amigas, ele perguntou lhe o que ela sabia sobre essas amigas e há quanto tempo estavam sumidas.
Cláudia não tinha muita coisa a informar, pois a amizade delas era virtual. Nem seus nomes verdadeiros sabia. Conhecia apenas os pseudônimos. O delegado não estava lhe dando muito crédito, achava-a confusa.
Falou de Ricardo - o único que conhecia pessoalmente. Já não tinha certeza se conhecia Raul ou Ricardo. Primeiro disse que ele estava com uma arma, depois não era arma e sim um celular. Quanto mais Cláudia falava, menos o delegado acreditava.
De repente, percebeu que nem ela mesma estava entendendo nada. Não conseguia lembrar-se de onde conhecia Ricardo.
Ao sair da delegacia achou as ruas diferentes - tudo estava. Não era mais a mesma. Andou alguns quarteirões quase que no automático. O delegado prometeu investigar, mas não pareceu muito entusiasmado.
Ao passar em frente a uma confeitaria viu Olga. Correu para alcançá-la. Chegou no momento em que já estava saindo.
- Olga, o que aconteceu? Por que não foi trabalhar? Sabe onde Laila está?
- Desculpe, você está me confundindo. Não sou Olga.
- Como assim, claro que é você. Pertencemos a um grupo de whatsapp de escritores. Você escreve lindas poesias, contos... Sou eu, Cláudia.
- Desculpe, eu não escrevo nada. Trabalho como farmacêutica. Gosto muito de poesias e contos, mas não escrevo. Que grupo mesmo que pertencemos? Seu nome não me é estranho!
- Cláudia estava perturbada demais e preferiu se afastar.
Olga, em seguida, entrou numa farmácia. Cláudia ainda conseguiu vê-la abraçando –se com outra mulher, que não teve dúvidas ser Laila. Pareciam ser mãe e filha.
Estava louca! Era a única explicação. Mas, como era possível? Ricardo! precisava encontrá-lo.
Resolveu voltar ao apartamento dele. Antes precisava encontrar seu celular. Acabou achando - o dentro do carro.
Quando o acessou tinha uma mensagem de Raul:
- Cláudia, não saia de perto do celular. Vá para o apartamento de Ricardo.
Ao chegar ao apartamento, ele já a esperava.
- Que bom que você veio! Estava preocupado contigo.
- Cláudia, você é uma personagem de um conto. Minhas histórias acontecem em tempo real.
- Você é Lana Melvis. Uma médica entediada que entrou num grupo de whatsapp para acompanhar a escrita de um livro. A história acontece à medida que cada leitor entra para o grupo. Eu crio um personagem para ele que se incorpora à história. Você deveria morrer, mas, não pude deixar de atender seu pedido de socorro, foi real demais! Você é uma personagem apaixonante! Mas confundiu ficção com realidade.
- Você como Claudia não existe. Eu sou Raul, autor do livro, mas quis ser personagem, por isso criei Ricardo. Por algum motivo inexplicável sua personagem me comoveu. Era pra ter terminado com tua morte nas mãos de Ricardo. Mas, minhas histórias não vêm prontas, cada personagem pode influir no seu destino, você me encantou e não pude deixá-la morrer. Cláudia é maravilhosa, mas ela é parte de um livro escrito num grupo de whatsapp de um escritor querendo ser criador e criatura.
**********
Finalmente Cláudia terminou seu livro – O grupo de whatsapp. No ano seguinte, foi premiada no gênero originalidade por ter escrito um livro virtual com personagens quase reais, num thriller envolvente entre escritora e personagens.
“Nunca provoque a ira de um escritor, ele pode te colocar num livro, te transformar em formiga e te mandar pra terra dos tamanduás” M. A.
Imagem do Google
Enquanto algumas perguntavam se ela estava bem, seus olhos procuravam por Ricardo. Apesar do barulho, o acidente tinha sido insignificante. Mas, pela perplexidade demonstrada no rosto de Cláudia imaginavam que ela estava em “estado de choque”. Alguns mandavam - na dizer o nome ou contar os dedos da mão. Ela parecia em estado catatônico.
No meio dos curiosos avistou Ricardo. Sentiu medo, queria gritar, mas sua voz não saia. Novamente o sol refletiu-se sobre ele, Claudia pôde perceber que a arma que tinha visto nas suas mãos tratava – se de um celular prateado e não de um revolver, como julgara anteriormente. Mas, por que ele não falava com ela? Fingia não a conhecer. O que estava acontecendo? Precisava sair daquela situação.
De repente sua mente voltou a funcionar.
Olhou em volta e não viu mais Ricardo. Ligou o carro e saiu rapidamente do local sem esperar pela perícia.
Não sabia para onde ir. Queria ligar para Raul, mas se lembrou que na confusão tinha deixado o celular cair. Queria chorar, gritar ou fazer alguma coisa, mas naquele momento o importante era estar viva.
Resolveu ir à delegacia. Ao contar ao delegado sobre o sumiço das amigas, ele perguntou lhe o que ela sabia sobre essas amigas e há quanto tempo estavam sumidas.
Cláudia não tinha muita coisa a informar, pois a amizade delas era virtual. Nem seus nomes verdadeiros sabia. Conhecia apenas os pseudônimos. O delegado não estava lhe dando muito crédito, achava-a confusa.
Falou de Ricardo - o único que conhecia pessoalmente. Já não tinha certeza se conhecia Raul ou Ricardo. Primeiro disse que ele estava com uma arma, depois não era arma e sim um celular. Quanto mais Cláudia falava, menos o delegado acreditava.
De repente, percebeu que nem ela mesma estava entendendo nada. Não conseguia lembrar-se de onde conhecia Ricardo.
Ao sair da delegacia achou as ruas diferentes - tudo estava. Não era mais a mesma. Andou alguns quarteirões quase que no automático. O delegado prometeu investigar, mas não pareceu muito entusiasmado.
Ao passar em frente a uma confeitaria viu Olga. Correu para alcançá-la. Chegou no momento em que já estava saindo.
- Olga, o que aconteceu? Por que não foi trabalhar? Sabe onde Laila está?
- Desculpe, você está me confundindo. Não sou Olga.
- Como assim, claro que é você. Pertencemos a um grupo de whatsapp de escritores. Você escreve lindas poesias, contos... Sou eu, Cláudia.
- Desculpe, eu não escrevo nada. Trabalho como farmacêutica. Gosto muito de poesias e contos, mas não escrevo. Que grupo mesmo que pertencemos? Seu nome não me é estranho!
- Cláudia estava perturbada demais e preferiu se afastar.
Olga, em seguida, entrou numa farmácia. Cláudia ainda conseguiu vê-la abraçando –se com outra mulher, que não teve dúvidas ser Laila. Pareciam ser mãe e filha.
Estava louca! Era a única explicação. Mas, como era possível? Ricardo! precisava encontrá-lo.
Resolveu voltar ao apartamento dele. Antes precisava encontrar seu celular. Acabou achando - o dentro do carro.
Quando o acessou tinha uma mensagem de Raul:
- Cláudia, não saia de perto do celular. Vá para o apartamento de Ricardo.
Ao chegar ao apartamento, ele já a esperava.
- Que bom que você veio! Estava preocupado contigo.
- Cláudia, você é uma personagem de um conto. Minhas histórias acontecem em tempo real.
- Você é Lana Melvis. Uma médica entediada que entrou num grupo de whatsapp para acompanhar a escrita de um livro. A história acontece à medida que cada leitor entra para o grupo. Eu crio um personagem para ele que se incorpora à história. Você deveria morrer, mas, não pude deixar de atender seu pedido de socorro, foi real demais! Você é uma personagem apaixonante! Mas confundiu ficção com realidade.
- Você como Claudia não existe. Eu sou Raul, autor do livro, mas quis ser personagem, por isso criei Ricardo. Por algum motivo inexplicável sua personagem me comoveu. Era pra ter terminado com tua morte nas mãos de Ricardo. Mas, minhas histórias não vêm prontas, cada personagem pode influir no seu destino, você me encantou e não pude deixá-la morrer. Cláudia é maravilhosa, mas ela é parte de um livro escrito num grupo de whatsapp de um escritor querendo ser criador e criatura.
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Finalmente Cláudia terminou seu livro – O grupo de whatsapp. No ano seguinte, foi premiada no gênero originalidade por ter escrito um livro virtual com personagens quase reais, num thriller envolvente entre escritora e personagens.
“Nunca provoque a ira de um escritor, ele pode te colocar num livro, te transformar em formiga e te mandar pra terra dos tamanduás” M. A.
Imagem do Google