QUEM É ELE

Olegário era o mais cobiçado da cidade. Moreno, alto, cabelos pretos, olhos claros, corpão definido, estudado, empregado da Fábrica de Café, enfim uns dos melhores partidões do local.

Por onde passava sempre bem vestido, atraia os olhares de todos. Nas festinhas as jovens disputavam uma dança com ele.

Morava com os pais e as duas irmãs, Joselita e Jacinta. Era o mais novo. A família era encantada com o rapaz e tinham orgulho do bom filho.

As moças faziam amizade com as irmãs para aproximar dele. A casa sempre cheia jovens a entrar e sair. Passavam pela porta, deixavam bilhetes, faziam convites e ele aceitava e atendia a todas com cordialidade e até dava ares de que gostava daquilo, mas não se decidia por nenhuma. Saia com algumas, dava presentes, trocava uns beijos e abraços, respeitador, parava por ai.

Olegário saia cedo para o trabalho e voltava tarde da noite. A mãe deixava a comida no fogão e ele esquentava quando chegava. Supunha-se que fazia serão, plantão, seroada ou seria sarau, festa noturna, orgia?

Ninguém sabia ao certo aonde ele se metia.

Não havia tido nenhuma namorada, até então, já com 26 anos. As moças faziam fila para ver quem conseguia alcançar o coração do galante. Era invejado pelos outros rapazes que não tinham o porte dele e não entendiam porque ele não firmava namoro com ninguém. Diziam entre eles, que Olegário ainda era virgem.

Certo dia, três desses rapazes invejosos, resolveram seguir Olegário após o final do expediente. O viram saindo com sua pasta a caminho do seu Gol preto 2014. Esperaram ele ligar e saíram atrás.

Ele entrou em uma estrada de barro e seguiu pela mata adrento. Afastados, para não serem percebidos observaram o carro estacionar e ele descer.

Ficaram impressionados com o que viram. Era uma comunidade em que homens e mulheres, escolhidos, vestiam roupas claras e os pés descalços. Em roda em volta de uma fogueira, cantavam alegres, batiam palmas e agradeciam à vida, a natureza, a terra e oravam pela humanidade.

Olegário, seguia o mesmo compasso, engajado ao lado de uma bela jovem com flores na cabeça pareciam bem felizes. Todas as noites esse ritual se repetia e nessa missão a comunidade expandia sua luz para todos os povos da terra.

Os três rapazes retornaram para casa calados. Não tinham o que falar.

Poucos são os escolhidos.

Namastê!

Ana Amelia Guimarães
Enviado por Ana Amelia Guimarães em 11/08/2018
Reeditado em 11/08/2018
Código do texto: T6415917
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.