A TERCEIRA CASA DA COLINA

Maria Helena acabara de despertar de um coma de três meses, devido uma forte pancada na cabeça, provocada por um acidente de carro, que também causou a morte de seu esposo e da sua melhor amiga de infância. Ela é uma escritora famosa que está em fase final de seu novo livro: A TERCEIRA CASA DA COLINA...

Helena, ainda, está confusa pelo trágico acontecimento e, busca explicações para o ocorrido. Ela precisa entender como foi parar naquele Hospital, tão distante do local do acidente... A enfermeira plantonista encontra Maria Helena sentada na cama, com o olhar perdido na imensidão do tempo:

- Dona Helena, a senhora não devia estar sentada, depois de passar tanto tempo desacordada. Diz a enfermeira.

- Minha jovem, preciso saber o que aconteceu comigo. Por que estou aqui? Estou tão confusa. Responde-lhe Helena.

- A senhora não se lembra? Sofreu um terrível acidente, com perdas, chegando aqui totalmente desacordada. O médico Neurologista manteve o coma induzido até que a senhora se recuperasse do coágulo devido ao traumatismo craniano. Diz-lhe a jovem enfermeira.

A moça continua relatando tudo que sabe, até mesmo da morte do marido e da amiga de Helena. A escritora não consegue manter as lágrimas que banham sua fase pálida. Ela levanta-se da cama e, segue em direção à janela, vai à procura, na Natureza, das explicações que necessita. Ela precisa de respostas:

- Eu preciso de esclarecimentos, quem pode me ajudar? Como vim parar aqui? Pergunta-lhe Helena.

- Não sabemos! A senhora chegou neste hospital trazida por um senhor muito velho, que disse morar na Terceira Casa da Colina, na Ilha da Ilusão. Ele falou que a senhora é escritora e, a encontrou desacordada na estrada, que tinha sofrido um acidente de carro e tinha perdido seu esposo (Roberto) e sua amiga, (Vivian), ele a deixou aqui e prometeu que voltaria. Disse-lhe a enfermeira.

Meu Deus, o que está acontecendo! Não estou entendendo mais nada. Ajude-me, por favor! Existe, realmente esse tal de lugar, Ilha da Ilusão? Responda-me, como sabe se realmente sou escritora e me chamo Helena?

- Honestamente, senhora, eu não sei! Achamos consigo uns escritos, que estava assinado com esse nome, coloquei na primeira gaveta da cômoda. Se existe essa ilha, eu desconheço, só se foi há muito tempo atrás. A senhora deve procurar alguém da Colônia de Pescadores, que fica ao norte do litoral, próximo ao local onde o senhor a encontrou. Disse-lhe a jovem enfermeira e, logo após saiu do quarto.

Helena fica pensativa: “Preciso procurar alguém que me ajude. Não consigo me recordar de nada. Não sei ao menos se sou a escritora, a personagem do livro ou a amiga morta.” Helena abre a gaveta e lá encontra os escritos que a enfermeira falou. Na primeira página tinha o título, A TERCEIRA CASA DA COLINA, de MARIA HELENA ESPANHOL. Ela estava completamente desnorteada, deitou-se e adormeceu...

Alguns dias se passaram e Helena deixa a Ala Hospitalar e vai direto procurar alguém que esclareça tudo isso... É uma manhã fria de inverno, chove com intensidade quando Helena chega ao primeiro bar da Colônia de Pescadores. Aproxima-se lentamente e pergunta ao homem atrás do balcão:

- Senhor, quem pode me esclarecer, se existe a Ilha da Ilusão?

- Bom dia! A senhora pode procurar um senhor chamada Pedro, ele mora no primeiro barraco após o bar.

Helena sai à procura do tal senhor Pedro. Ela avista de longe um senhor de cabelos grisalhos, como capuchos de algodão, ele está sentado em frente da casa olhando fixamente para o mar. Ela se aproxima dele, o cumprimenta e pergunta-lhe:

- Bom dia! Por favor, o senhor pode me tirar uma dúvida! Existe uma ilha por essas redondezas, chamada Ilha da Ilusão?

O homem desvia seus olhos do mar e, fixa o olhar nela; o rosto dele apresenta sinais de tempo (envelhecimento precoce), rugas profundas de sofrimento e dor, suas mãos calejadas pela lida diária, seu ofício de puxar e jogar as redes ao mar. Ele tem o semblante sério, como se estivesse temeroso e surpreso pela minha pergunta. Calmamente, ele responde-me:

- Existe sim, mas está interditada. Há pouco tempo atrás, lá aconteceu um crime trágico, um casal foi assassinado brutalmente na Terceira Casa da Colina. A vítima era uma escritora famosa. Comenta-se que a melhor amiga dela matou a escritora e o marido da mesma, por questões de ciúmes e fugiu, mas depois de alguns dias, ela sofreu um terrível acidente e não se sabe mais nada dessa história.

A moça ficou paralisada, a vista escureceu, já não conseguia controlar as lágrimas que escorriam, sentou-se na areia macia e permaneceu ali pensativa: “Meu Deus, se a escritora foi morta! Quem sou eu? Não posso ser uma assassina.” Ela se levantou e perguntou ao senhor:

- Como faço para chegar até a Ilha da Ilusão? O senhor pode me ajudar, por favor!

- Só tem uma maneira de chegar lá, pelo mar, o inverno está rigoroso, o barco pode cair à deriva ou bater nos rochedos. Mas, eu posso te deixar na ilha, se for de seu interesse. Disse-lhe com precisão.

A suposta Helena aceitou e, marcaram para partirem ao amanhecer... Fazia muito frio quando o barco atracou no local de embarque e desembarque, em uma pequena ponte. Ela desce e, olha todo cenário à frente, segue andando sozinha, pois o velho marinheiro fica a aguardando no barco. De longe ela avista uma colina com menos de 50 metros de altitude, em cima possuem três deslumbrantes casas, todas com vidraças aparentes. Ela entra na terceira casa, seu coração dispara, um frêmito percorre todo seu corpo, as mãos quase congelando pela baixa temperatura; abre a porta bem devagar e se depara com um cenário assustador: Móveis revirados, muito sangue por todo lado. Na sala de entrada tem um quadro pintado a óleo, de uma loira muito bela e elegante. O quadro está assinado com o nome, MARIA HELENA ESPANHOL, bem próximo ao quadro tem um grande espelho, o medo domina sua mente, ela se aproxima a imagem refletida no espelho não é da mesma pessoa que está no quadro. Ela olha aterrorizada para o chão onde estão duas marcas de corpos, com nomes gravados: No corpo de mulher (Maria Helena) e no de homem (Roberto). Ela já não sabe mais o que pensar, se senta um pouco e, de longe avista um porta retrato, com a foto de duas jovens. Logo, ela reconhece Helena e a outra é ela. Assim, ela tira a foto da moldura e no verso tem escrito: “Helena e Vivian, amigas inseparáveis.”

A moça desmaia e acorda muitas horas depois no quarto daquele hospital. Permanece sentada na cama, com o olhar perdido na imensidão do tempo, o silêncio é quebrado pela enfermeira plantonista que entra falando:

- Dona Helena, a senhora não devia estar sentada depois de passar tanto tempo desacordada.

- Minha Jovem, eu preciso de uma caneta e papel! Você me ajuda? Quero terminar o último capítulo de meu novo livro: A TERCEIRA CASA DA COLINA...

Elisabete Leite – 03/07/2018

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 08/07/2018
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