A MOÇA DA CARONA
Naquela rodovia que cruzava as três cidades do interior, Lina a moça de branco, surgia do nada com uma mala na mão e ficava no acostamento a pedir carona.
Lina tinha sido uma moça linda. Cabelos longos castanhos, olhos esverdeados, corpo escultural que vivia numa pequena vila com sua família.
Era a quinta de sete filhos. Todos moravam ali e trabalhavam na lavoura com o pai.
A vida seguia tranquila até que um dia chegou na vila um homem muito bonito que se dizia mascate e vendia roupas, sapatos, perfumes e bijuterias para os moradores local.
As moças logo se encantavam por ele. Tinha um jeito cativante, gentil e educado de tratar as mulheres e com seu olhar penetrante fazia qualquer coração badalar. Ao mesmo tempo em que, mostrava sua mercadoria elas iam se encantando com o jeito dele lidar com elas, e saiam todas fascinadas.
Lina, muito tímida, ficava de longe a espreitar. Sentia seu coração palpitar e um desejo enorme de chegar perto do mascate, mas não conseguia.
Ele a via e não dizia nada, mas ficava encantado com aquela moça que se escondia.
Um dia pegou um perfume dos mais cheirosos e saiu em busca da jovem misteriosa.
Encontrou-a atrás de uma árvore, vestida de branca, de costas e devagar se aproximou cheirando seus cabelos.
Lina se arrepiou toda e não teve coragem de virar. Ele sussurrou no seu ouvido que havia trazido um presente para ela e deu o perfume. Muito tremula segurou o perfume, e se virou e nesse momento ele, num ímpeto, a beijou com muito ardor.
Ela quase desmaiou, mas correspondeu ao primeiro beijo de amor. O vento soprava forte ao calor do meio dia, a vila parada onde todos estavam almoçando ele a levou até sua hospedaria e a possuiu num momento de amor e ternura. Lina se entregou de corpo e alma àquele homem que nem sabia o nome.
Ela adormeceu e só acordou no outro dia embaixo da árvore. Olhou para um lado e outro e não viu mais ninguém.
O mascate, a vila, sua família, não havia mais nada, somente a árvore, uma estrada, uma mala e o vento a soprar.
Levantou, pegou a mala e saiu a andar pela estrada. De repente passou um carro pediu uma carona, mas o carro não parou. E seguia andando e a todo carro que via pedia carona e não a viam. Morta de amor queria encontrar o mascate.
Ninguém na Vila viu mais Lina nem o mascate. Alguns diziam que nas noites de muito vento viam uma moça linda vestida de branco pedindo carona, mas quando paravam, ela desaparecia.