Entre o céu e o chão - Ilusão - LXVII
A estória que vou contar é motivo de lágrimas para alguns, mas para mim que consegui enxergá-la sem tempo e sem espaço faz-me graça e incoerentemente, cito também que me faz sincera compaixão por quem se entrega as armadilhas dos sentidos da carne.
Havia numa cidadezinha qualquer, dessas que João é primo de Augusto e Lúcia é comadre de Joana, um homem do tipo conquistador, de fato um "expert"em cativar mulheres interessantes e com quantidade suficiente de dinheiro para
agradá-lo a ponto de permanecer com as vítimas.
O danado do homem era pra lá de feio, carregava no bolso seus
cigarros, na ponta de sua língua algumas canções muito bem decoradas e no carro emprestado um violão.
Não tinha muito estudo, mas se especializou no que lhe convinha.
Gostava de boas doses de uísque, magias, cartas e romances com diversas mulheres ao mesmo tempo. Jamais pisou num palco para aula teatral, a ele isso era desnecessário, pois nasceu com talento sem igual para a interpretação em cenas reais e em palcos públicos.
Casou-se de papel passado umas três ou quatro vezes, achava que essa atitude daria a ele além da vida boa que buscava credibilidade para seduzir suas vítimas. Assumiu a paternidade dos filhos que teve com suas esposas e deixou escondido os outros que teve com as demais amadas.
Certa vez quando lhe atendi com minhas cartas contou-me de uma namorada chamada Gina, disse-me que ela era muito rica e que desejava arduamente casar com ele; a moça adoeceu de doença ruim e mesmo amando-a não quis casar com ela embora o dinheiro da coitada fosse de boa quantia. Parecia verdadeiro em sua fala, sua voz demostrava amor pela defunta. Relatou-me também que sua ex-amada o acompanhava o tempo todo e o protegia do que fosse necessário, bem como ainda lhe prestava ajuda.
Para arrepiar os medrosos deixo aqui a fala do vivente:
- Gina prometeu cuidar de mim, prometeu me achar uma moça que me ame e que cuide de mim. Ela está aqui," cê não ta sentindo ela não? To até achando que a moça é você. Gina quer me ver bem, quer me ver rico. Vê nas cartas aí se vou conseguir, moça!
continua...