O que Deus Pensa sobre Sexo
Na primeira página, nada de interessante, nas tantas colunas e textos de pessoas ‘importantes’, também nada de interessante, o que realmente a prendia na leitura daquele periódico era a página do povo, cujos publicados eram artigos, poesias, contos e crônicas de autoria de simplórios cidadãos que inspiravam apenas em divulgar sua arte, tentar através dela passar algo de bom aos leitores. Era quase hora da missa na matriz, mas não podia ir, sabia muito bem de seus problemas, portanto ficou como sempre, deixando seus pais irem... Não era falta de vontade, mas necessidade, eles não sabiam de nada, e apesar de conservadores, respeitavam esta opção da única filha. Ela ficou como de hábito sozinha em casa, relendo as poesias do jornal do dia. Havia entre todos, um colaborador em especial que mais lhe agradava, logicamente deste só sabia o nome, era um homem, imaginava ela em seus pensamentos, e árdua vontade de conhecê-lo que seria um jovem rapaz, rico certamente que se dedicava a estudar artes, literatura e escrever... O resultado era aquele dos jornais, belos resultados. E iria, tarde ou cedo, conhecer o talentoso de nome estrangeiro, Rama A. Sued. Despertou do transe culto ao bater da porta do carro, lá fora, com seus pais chegando da celebração, haviam saído a tão pouco e já de volta... Como a leitura a entretecia, fazia os ponteiros dispararem á tona. Jantaram os suculentos pratos que sua mãe passara a tarde preparando, e que ela Itajanara, adorava, comia muito antes com os olhos, e após realmente com o estômago, sua mãe era cozinheira aposentada, tinha mão perfeita pra estas coisas, e o melhor de tudo é que gostava de fazer, adorava receber visitas para que as mesmas saboreassem com satisfação seus quitutes e iguarias, cada mordida era como uma injeção de orgulho ao qual sorriso não deixava disfarçar o contentamento, e Itajanara plena de conhecimento por este prazer da mãe, mesmo que o prato não fosse de seu agrado comia tudo, até a última grama para vê-la feliz. Jantou, jantou e foi dormir... Dormir, apagar a luz, fechar os olhos e relaxar, tudo isto era normal, o difícil, era o que lhe antecedia: Itajanara orava antes de dormir, agradecia a Deus por tudo, tudo até mesmo as coisas ruins que recebera durante o dia, e todos os dias enfrentava um problema, um fato que seria cômico se não fosse dramático.
Seguiu com os cotidianos passos. Escovou os dentes, colocou a camisola, pôs a coberta e o travesseiro sobre a cama, deitou-se, apagou a luz, fez o sinal da cruz e proferiu as primeiras palavras em direção ao todo poderoso, e num instante repentino, como que programado na sua mente, aguardando o exato pensamento ter início.
- Meu Deus, obrigado por tudo que me destes hoje... E uma dor de cabeça invadiu-lhe, imagens, flashes pornográficos, imagens de pessoas em uma total orgia. A volúpia do sexo tomava sua mente, completamente involuntariamente, inocentemente, e até que acabasse de rezar, de clamar as últimas grafias por louvor ao céu, imagens, flashes e pensamentos não cessavam. Mesmo assim, continuava a rezar na companhia daquela total contrariedade, do plenamente oposto a sua vontade, a sua oração e pedidos, mas acreditava ela que Deus sabia que era contra vontade, e provavelmente haveria o porquê, uma sensata explicação. O que o sexo tinha a ver com Deus? Porque inapropriados baques de fé e sentimento lhe invadiam tentações da carne? Tinha vergonha do fato, confessara-se com muitos padres em muitas paróquias, sempre a condenavam como pervertida, a qual nenhuma explicação contrária colocava inocência. Fatores psicológicas de extrema força, provenientes de algum choque do passado, mas que nunca, nunca tivera a coragem, a falta de pudor de se informar, de se ‘curar’, e já se fazia toda uma vida. Foi até o final, concluiu sem êxito e sem fé, mas sabia que para Deus tinha valia. Itajanara repousou aos braços de Morfeu.
Era seu dia de folga, e o sol convidava a dar um passeio pelo centro da cidade. Com a eterna satisfação pela comida da mãe, fez o desjejum e ainda polindo as lentes dos óculos de sol partiu em direção á praça, seus amigos deveriam estar por lá, parou na banca de jornal, comprou o periódico do dia, na saída um cachorrinho fugido do dono passou correndo entre suas pernas, o desequilíbrio quase a fez cair, o jornal caiu, aberto na sua página preferida, (o dono do cachorro passou pedindo desculpas) seu autor favorito de colaborações com um novo texto, quase leu com o publicado ali mesmo, aberto na calçada, mas o papel nobre não era merecedor de tamanho desprezo, recolheu-o e ao dar as costas para a banca, uma voz grave referiu-se a ela:- Muito obrigado por ler o nosso jornal!
Olhou para trás e um rosto masculino a saudava com um sorriso esperando resposta, sob o sorriso um crachá, ele trabalhava no seu jornal favorito. Sem perder tempo, puxou conversa, aproximou-se ainda mais animada que de costume.
- Leio sim, o que você faz lá?
- Trabalho na redação, pesquiso escrevo, edito matérias. Um pouco de tudo.
Ela chegou ao ponto que precisava com muita cautela:- Sabe o que é... – O jovem jornalista a ouvia atentamente. – É que eu sempre leio a colaboração dos leitores, e gostaria de conhecer um deles em especial, o nome dele é Rama A. Sued, todos os dias ele escreve, todos os dias, você pode me ajudar?
- Acho que sim. Conhecer eu não conheço, mas uma de nossas repórteres conhece. Se quiser posso te levar até lá, e você conversa com ela.
Era evidente que havia algo por trás da demasiada boa intenção do moço, mesmo assim Itajanara aceitou e obteve informações, iria na casa dele, pois a única coisa que sabiam era o telefone, endereço e nome. Primeiramente ligou, mas ninguém atendia, nada melhor então do que fazer uma visita surpresa, sem gastar telefone, e até, quem sabe, ter um show de declamações ao vivo e exclusivo... Sim, seria maravilhoso!... Talvez o autor passasse por ali se ela ficasse esperando, e então poderia concretizar o sonhado encontro... Mas não, claro que não, ele era correspondente, jamais iria ali, mandava tudo por e-mail. Harmoniosa voltou á rua, com o cão já cansado de esperar em um porão gelado.
Escolhera a noite para curtir sua aventura de visitar o autor favorito, antes de por os pés no insólito da cidade nua novamente, tentou fazer uma oração, mas frustrou-se de prontidão com o corriqueiro pecado impensado, chorando mas ansiosa e contente passou a vagar na metrópole.
A indicaram mil lugares, não conhecia aqueles lugares, estava perdida e no entanto continuou a caminhar para o nada, a vagar por entre as damas da noite, pelo mundo de concupiscência que fazia parte do seu mundo. Todas riam, perguntavam sobre ela, em seus gigantescos saltos-altos a xingavam e rogavam preces malditas das bocas mal maquiadas no alto de corpos quase nus que faziam explícito convite aos carros da rodovia. Dentre elas, uma muito calma, sentada em um banco da praça esta era a única coisa que sabia: estava em uma praça) vestida simplesmente, escrevia quieta, as demais respeitavam seu ato erudito entre a promiscuidade do ganha pão...
Itajanara temerosa arriscou:- Você é p... Prostituta?
- Sim – ela respondeu submersa em uma calma singular, olhar sereno. Jamais alguém diria que era moça da vida. – E você o que faz aqui? Não tem jeito de quem está nesse trabalho.
Falou baixinho, tímida:- Estou perdida, estava procurando a casa de uma amigo e me perdi.
- Eu te ajudo, vamos até minha casa, de lá a gente chama um táxi.
O receio era inevitável, tentando ganhar tempo, jogou mais questões:- O que você está escrevendo?
- Nada demais, vamos?
- mas e seu ponto? Quer dizer, trabalho.
- Não tenho patrão, daqui a pouco volto, sem problemas.
Morava sozinha, seu nome era Rosana, havia alguma coisa de estranho naquela casa, algo um tanto familiar. Logo na entrada, na parede da sala de estar um crucifixo e um rosário pendurado. Por que?
- Você quer ligar para quem?
Itajanara não respondeu, tirou o papel com o endereço do escritor do bolso, leu, era o endereço onde estava!
- Quero ligar para um escritor, o nome dele é Rama A. Sued.
- Então você lê ‘meus escritos’...
- É você?! Mas é...
- Um nome masculino? Não, é porque eu sou muito católica e assino como pseudônimo “Amar a Deus”, ao contrário.
- Você é religiosa?
- Sim, é um tanto estranho para uma prostituta, mas sou, todas as manhãs vou a missa, rezo, faço promessas as pago...
Assim como a maioria, fazia por extrema necessidade, e temia ao senhor, acreditava e seguia os ensinamentos de Jesus, conhecia a bíblia e escrevia maravilhosamente. Itajanara encontrara o seu autor favorito, por acaso, porque estava perdida, e se achou no mais incomum e aconchegante dos lares, sentia-se a salvo. Aquela noite foi curta, leu o original de todas os contos e poesias de Rosana, a letra bonita, a emoção por quem a construíra, sem querer, ficaram amigas, trocaram telefones, e Itajanara fez um convite ousado, abusado, e para sua surpresa Rosana aceitou jantar na sua casa no próximo sábado, porque ela não tinha preconceito de si mesma como as demais profissionais, tinha orgulho, porque não fazia por prazer, e se dava muito bem na vida.
A família estava eufórica, a dona da casa preparou tudo com carinho para a amiga da filha, desde sexta-feira a tarde que se empenhava somente nisto, a casa estava um brinco de tão limpa, os pratos bem decorados, a ansiedade, tinha de estar perfeito, pois a primeira impressão era eterna, e como família tradicional, de boa fama por toda redondeza, a impressão estava preparada para ser a melhor, o topo da conquista... Porém somente Itajanara sabia que estava recebendo em sua residência naquela noite, uma
prostituta... A campainha soou.
Transcorrera o evento perfeitamente, até o momento do jantar, o degustar de cada pedaço sob os prudentes olhos da cozinheira. A conversa animada, risos e sorrisos, e uma perguntinha besta por entre as palavras doces:- No que você trabalha querida?
Atenção, tensão, não havia combinado nada, e agora?
- Eu sou prostituta.
O silêncio ponderou o planeta deles, O Sr. da casa engoliu o borbulhante caldo verde, queimou desde a língua até o esôfago. A mãe sorriu, seus dentes perfeitos uma eternidade á mostra, tão brancos, havia feito clareamento... (Minha nossa! A última prestação do clareamento vencia na próxima segunda-feira!).
- Que ótimo, vou buscar a sobremesa, você me ajuda filha?
O par ficou sozinho na cozinha, a filha apenas esperando a tormenta despencar do céu ao lado, sem querer olhou demais, e sua mãe percebeu.
- Não, nem uma palavra. Nem estes olhares, não se sinta culpada, eu entendo. É o nosso coração quem escolhe nossos amigos, e o coração não vê a profissão de cada um deles. É algo digno, e não espere que seu pai vá falar algo, no máximo o mesmo que eu.
Pegue aquela bandeja, rápido. – e a matriarca saiu num giro leve dos saltos camurça, equilibrando pratos e travessas.
Ela entendia! A mulher de mão perfaz para obras culinárias também sabia de coisas da mente e do coração. Era fantástico!... Ela entendia!
Rosana despediu-se, Itajanara a acompanhou até a porta, antes de sair, virou-se e fez o sinal da cruz sobre a face da jovem. A garota sentiu uma vertigem, algo lhe tirou a força das pernas, viu mulheres gritando e homens perversos satisfeitos, lubricidade. Rendeu-se, apagou, era melhor assim do que passar novamente aquela psíquica tortura.
Havia várias pessoas conversando, e estava em casa, Rosana entre elas, o som foi ficando mais audível, se aproximando. Acordou. Realmente havia pessoas conversando na porta do quarto que ocupava no hospital, tudo era branco, com mangueiras de soro e um entojado cheiro de éter. Sabia muito bem porque estava ali, lembrava. Ao ver o alheio despertar, a prostituta foi ao encontro da amiga. Diálogo de praxe entre paciente e acompanhante...
- Onde estão meus pais?
- Foram em casa um instante, já estão voltando.
Seu soro estava acabando, sentia leveza e energia no corpo.
- Itajanara, o que aconteceu? Não foi um desmaio normal de fraqueza, ou fome, foi porque eu lhe abençoei, não foi?
- ... Sim, foi. – Itajanara tomou coragem, podia confiar na amiga, contou a história, pediu ajuda em segredo.
Nenhuma reação incomum foi acionada, tudo normal como se fosse uma rotineira fofoca de vizinhas, ou um roubo a bancos noticiado em jornal, nem por isso apresentou menosprezo, mas interesse contido e explicita vontade, missão de ajudá-la.
- Você sabe que a maioria destes traumas são ocasionados na infância, não sabe?
- Sei, mas não tenho idéia, não lembro de onde pode ter ocorrido.
- Existe algum lugar em que você se sinta pior do que em todos os outros?
Itajanara afastou a coberta de seu tronco, sentia calor, era um fervor a discussão. Um choro abafado, vozes atônitas, rodas enferrujadas de macas em movimento, alguém lá longe entrava na emergência.
- Não sei, a única igreja que me lembro de freqüentar é a da nossa paróquia onde o pai e a mãe vão duas vezes por semana. Lá que fiz a primeira comunhão, só isso, e com muito esforço porque já fazia tempo que tinha essas... Sei lá, visões.
- E se você fosse a esta igreja e tentasse solucionar o problema, quem sabe a raiz de tudo esteja lá. Não sei, é hipótese, e estou aqui com você pra tudo, se quiser um dia podemos ir lá, eu te ajudarei.
A bela de branco entrou simpática de prontuário as mãos: - Olá, I-TA-JÁ-NA-RA. Que nome exótico, indígena? – a “doente” afirmou com gesto de cabeça, a enfermeira transpassando limpeza e cura continuou. – Muito bem, seu soro acabou, e seu ‘probleminha’ era só fraqueza mesmo, procure se alimentar melhor viu querida. Você está liberada.
Trocou de roupa e saíram dali em silêncio.
- Quanta ironia. Você acabou de jantar, e está fraca. Vamos esperar seus pais na recepção.
- Não, eu tenho que ir nessa igreja, agora. – Itajanara apertava o braço de Rosana com energia. – Não posso mais esperar, tenho que aproveitar que você está comigo, que estou com essa coragem. Vamos, por favor! – A súplica tocava a emoção.
- E seus pais?
- Que se danem meus pais.
Rosana respirou fundo e consentiu, chamaram um táxi e obstinadas a acabar com a prolixa fúria, partiram. Uma chuva densa caía, e nem se tocaram antes, era tarde da noite, fazia 13 graus. A igreja não estava fechada? Oh, mas é claro que não, Rosana também freqüentadora do local, sabia que ficava aberta todo o dia, a noite apenas encostavam as portas, quem quisesse entrar... Itajanara tomou fôlego e entrou, a prostituta tomando conta de cada milímetro do seu corpo que se movia, esperava que ela desmaiasse novamente. O templo era tomado em beleza, detalhes no teto, minúcias em toda parte consolidavam a pureza e a paz do antro. Mas não foi nada disso que Itajanara viu, assim que colocou os pés no recinto, a dor de cabeça, fisgadas seculares a fustigaram, imagens, imagens. Olhou para todas as paredes, os santos sussurravam, choravam, as lágrimas escorriam pela louça fria e pingavam ao chão sob as luzes das velas distantes.
- Por que estão fazendo isso?
Porém Rosana não via nada, era para ela tudo tão comum, silencioso e tétrico. Mas a moça parecia agora um bicho fugindo da presa, resistia a forças invisíveis, mirava com peso nos olhos, também chorava. O objetivo do altar fora alcançado, e todos os santos falavam, as demasiadas qualidades de freis e nossas senhoras, de freiras e mártires, todos clamavam em mútua e contínua conversa, as peças de gesso estavam vivas, moviam-se, expressavam-se, os anjos do teto a temiam sem motivos, tudo isso ela conseguira contornar. Não vira um crucifixo, o sofrimento de Jesus... No altar havia Nossa Senhora, completamente nua, as carnes ao relento, iluminadas pelo fogo do pavio, sem manto, apenas o brilho da santidade e uma singela auréola... Ela sorria, o manto e a capa jogados ao chão, mas na seqüência algo não era delírio: Uma respiração cansada, um padre na soleira da porta da sacristia, caracterizado para celebração, em silêncio ele estuprava uma garotinha, esta desacordada devido ao efeito de algum sedativo, o choque de ambas as partes. O padre as percebeu e no súbito espanto impetrou-se a correr e largou a menina. Rosana foi de rapidez tamanha a segurar-lhe, Itajanara auxiliou, então ao menos aquilo não era ilusão. O padre um tanto idoso, não resistiu, e sob alarmados questionamentos respondeu, confessou com raiva.
Fazia aquilo havia anos. Ele reconhecera Itajanara. De onde? Ele revelou, ela fora uma das primeiras vítimas, a estuprara cinco ou seis vezes, antes ou depois da aula de catequese, ele a tirava os sentidos e cometia o crime, no altar, em frente ás imagens... As imagens a reconheceram, choravam pelo seu sofrimento.
Agora tudo era claro, explicado estava seu receio, suas angústias.
A policia o levou, investigariam a situação... Era bem provável que fosse culpado, já estava mais do que provado.
Rosana revelou consolando-a:- Até parece a minha história. Aconteceu o mesmo comigo. – E ela não contara antes.
Um enorme peso saiu do corpo de Itajanara, uma leveza a constituía, estava livre de sua própria mente! Após estabelecerem todo acontecido, observou a igreja... Era tão linda e pacífica. E pela primeira vez na vida orou em frente as caladas imagens, chorou pelo apavorante drama que passara, pelas horríveis coisas que havia sofrido.
- Vamos procurar seus pais, eles devem estar preocupados!
- Eu quero ser prostituta.
Discutiram, e nada lhe tirava da cabeça a idéia de ser mulher da vida, sentia-se uma nova versão de Rosana. Se aquilo acontecera com a amiga, e ela era a mulher “forte” que era, deveria acontecer com ela também. Rosana a transformou em mulher da vida, na mesma noite, procurando-a, seus pais a viram junto ao ponto com Rosana, junto daquelas mulheres que a haviam zombado, agora aquelas não falavam nada, respeitavam... Era mais uma profissional! Ao ver os pais, o choque foi muito menor do que os anteriores que estava em rotina. Já deviam saber do ocorrido, mas nem por isso iriam tocar no assunto.Apressou-se em explicar sua nova vida:- Pai, mãe, é isso mesmo, estou aqui por que quero, e não vou sair.
Eles sorriram, como sempre a mãe tomou palavra:- Não, nem uma palavra. Nem estes olhares, não se sinta culpada, eu entendo. É o nosso coração quem escolhe nossas profissões, não importa qual seja, ele escolhe e não temos como ser contra, é mais forte. Siga sua vida, você continuará sendo nossa amada filha. A aquiescência do pai foi um sorriso ainda mais largo. Partiram com ternos afagos. Nem olhou os pais irem embora, não tinha tempo a perder, um cliente a esperava no carro, e ainda tinha de ajudar a amiga a escrever algo para as próximas edições do jornal, adorava tudo isso, porque era nosso coração quem escolhia as coisas, não importasse qual seja, ele escolhe e não podemos ser contra, é mais forte!
Fim
Douglas Tedesco.
08 de 2007