Uma Felicidade indescritível!

Alguns tinham sido expulsos, outros fugiram mesmo

aos bandos, deixavam tudo, o ambiente lá era insuportável

e imaginar que deixaram tudo pra traz, lá na longínqua pátria

ali aquele conjunto de imigrantes, num lugar não aconchegante

suponha que seja eu, um menino ou um jovem longamente a pensar:

Veio a noite, depois a madrugada, é quando novamente tornou a pensar:

- Talvez hoje verei uma manhã linda, seu esplendor me enlevará até o firmamento. Bem mais longe do que minha mente possa decifrar, aquele sol! Seu calor, sua luz incrivelmente belíssima, detalhando tudo, desde o capim orvalhado até inúmeras pétalas de flores, com beija-flores (ainda existem beija-flores) contemplando-as, beijando-as, enfim, todas espécies de seres desfrutando como nós humanos o espetáculo de viver. Talvez ainda esteja lá na minha terra querida que deixei pra traz.

Estes momentos me permite pensar, pensamentos chegou sem que pudesse pará-los, indagava naquele monólogo que podia ser até estranho, o porque do nosso viver, o porque das felicidades, das inevitáveis tristezas. Neste instante me veio uma resposta arrasante, não sei se meu cérebro a formulou por causa de minha ânsia em saber ou algo misterioso me soprou na minha emaranhada mente:

- Há! Se os humanos pudessem aproveitar o que lhes estão à disposição

Procurar ser gente, ser irmão, ter amor, ser realmente cristão, quantas felicidades haveria!

Só que a manhã veio e eu via um céu escuro, cheio de nuvens indicando uma tempestade arrasadora. Será que se ela viesse seria maior do que aquele tormento que sentia, nós todos aqueles desabrigados, escorraçados de nossos países?

Amontoados naquele campo fétido e cheio de tormento e dor.

Eu chorava, não tinha vergonha, porque os companheiros de infortúnio lamentavam também. Podia ver muitas pessoas que sofriam mais, sim aqueles que viam seus entes queridos se sucumbirem com a situação, como ficar indiferente vendo os que lhes são caros quase morrendo de fome, tristeza pela decepção!

Mas como decepção?

Porque um dia todos nós vivíamos livres, felizes na nossa terra com a situação. Acreditávamos no nosso governante, nossos representantes que escolhemos na eleição. Depois: só desilusão!

Naquele ajuntamento alguns iam sendo escolhidos para viverem em outras terras. Não imaginava que minha vez iria chegar, talvez me mandassem de volta à força para minha pátria que estava num verdadeiro inferno? Não, pelo amor de Deus, não!!! Na minha mente suplicava infinitas vezes.

Até que um dia eu estava entre os escolhidos que ia partir para uma terra, lugar diferente que estava disposto a nos adotar, não acreditava, o coração aos pulos dentro do peito, meu cérebro novamente formulava, reformulava várias fórmulas pra que não fosse mais um infortúnio que se aproximava. Eu e o grupo escolhido caminhávamos para o avião. Olhei para traz e senti um aperto no peito, porque via muitas pessoas que ficavam tristes nos observando. Talvez não tivessem esperanças.

O lugar que nos acolheu, nos amparou e até nos amou?

Nossa! Era lindo, maravilhoso espero um dia dizer aos meus filhos e talvez até netos que eu pensei nunca viveria num paraíso assim...

HISTÓRIA QUE DEVE SER INVENÇÃO DE ESCRITOR? PODE ATÉ SER, MAS AS SEMELHANÇAS SÃO INCRÍVEIS, TANTO NESSAS FELICIDADES ACONTECIDAS, COMO NAS MUITAS TRISTEZAS QUE FICARAM E AINDA INFELIZMENTE ACONTECERÃO AOS NOSSOS IRMÃOS IMIGRANTES.

E SERÁ QUE ENCONTRARÃO SATISFATÓRIA GUARIDA AQUI NO BRASIL, NOS ESTADOS UNIDOS E... EM OUTROS PAISES POR AÍ?