Why dance with the devil when you have me?
“The Serpent,
to my interpretation,
was pain.”
—from ʽThe Princess Brideʼ by William Goldman
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Baile de Formatura — o ritual de passagem se aproximava anunciado por um pomposo cartaz dançante na entrada daquele antro estudantil. E, ao contrário da utopia hollywoodiana, Joe premeditadamente não teria um par, embora nestas últimas semanas, desde o anúncio, Joe suscetível desejava, e por se sentir tão sozinho devido à fuga social do bullying que sofria, ainda tinha esperanças de ter alguém do lado. E, quando alunos de classe caçoaram dele mais uma vez mais de que ninguém iria querer ir com ele, aquela solidão que o perfurava machucou mais em especial.
Naquela mesma noite, ao fechar das cortinas do dia, Joe compartilhou o atordoamento solitário e desejos às estrelas fixadas ao teto acima de sua cama, penduradas por fios tão finos quanto as lágrimas que escorriam por suas bochechas. Joe virou a cabeça ao denso travesseiro tentando se afogar num sono entorpecente. A lua redondamente risonha no centro das cujas estrelas o observava enquanto as estrelas se esvoaçaram por uma onda gélida que invadiu o quarto trazendo da escuridão o que Joe desejara.
Joe estava assentado num banco afastado no pátio durante o intervalo concentrado em seu hábito de leitura escapável diária. De repente, uma presença sombreada cobriu a luz à sua frente ao soar de um vento gélido pela espinha.
— Olá?
Joe aturdido pela surpresa só assentiu fitando o rapaz à frente do sol que esboçou um sorriso fino sereno.
— O-o quer quer? — Joe se adiantou, desconcertado. O cujo rapaz se avançou sentando ao lado. Seus olhos estudavam a Joe de forma íntima.
— Ah! Hannibal! Já li todos os livros da saga! Thomas Harris é um mestre do gênero criminal, pra mim.
Joe se surpreendeu, reagido com um meio sorriso desajeitado, enquanto tentava analisar o rapaz: ombros largos, cabelos negros lisos comportados em gel, uns poucos fios caíam na frente dos olhos — olhos aqueles que fitavam reluzentes a cada detalhe de Joe, o fazendo desconfortável esperando uma reação repentina voraz igual as das agressões anteriores.
— Não sei de que outra forma dizer, Joe... —, Joe o fitou receosamente, — Gostaria de levar você ao baile.
Joe se sobressaltou com as orbes faciais arregaladas iguais. — Com-O quê?!
O jovem sorriu daquele mesmo jeito ameno mais uma vez, agraciado pela reação de Joe.
— Exatamente o que ouviu. Quero te levar ao baile. Comigo. Já sei que você não tem alguém, e já sei também que... precisa de outro igual de gosto pra isso. Entende?
Joe imediatamente entendera ao que ele se referia. Só soube gesticular um sibilar tímido.
— Aqui! O meu número.
Ante a Joe pensar em como reagir, o jovem avançou um pedaço de papel, acompanhado do toque estridente pondo fim ao intervalo. Rapidamente, o cujo rapaz se levantou.
— Aliás, o meu nome é Dan. Me chama! — e, do mesmo jeito sorrateiro que apareceu, saiu com as mãos aos bolsos da calça com um último sorriso ameno a Joe.
Joe ainda não sabia como reagir enquanto segurava trêmulo ambos o pedaço de papel e o livro. Nunca sequer havia visto aquele rapaz, e também nunca sentiu aquela sensação calorosa que se espalhava agora pelas suas entranhas.
Um dia depois, Joe construiu coragem para chamá-lo, e então iniciaram uma conversa tímida. Nos dias a seguir, se encontrariam pessoalmente, ambos preferindo lugares afastados aonde pudessem se sentir à vontade. Combinaram de se manterem em segredo, e Dan lhe disse que tinha um plano: fazer todos ficarem boquiabertos na noite do baile. Se encontravam nos corredores do colégio e trocavam olhares risonhos secretos. Joe não conseguia se conter e às vezes sorria ao imaginar o que podia despontar no horizonte para si próprio. Dia após dia, ora conversavam ou se encontravam nos lugares marcados, já virara um hábito. Dan desde o primeiro encontro queria saber mais e mais sobre Joe e conhecê-lo, e Joe retribuía. Uma verdadeira relação natural e saudável florescia entre ambos, e as pétalas de Dan ocupavam mais e mais os pensamentos jardinados de Joe. Ao ponto de, numa noite outonal morna, as suas mãos deslizarem mais e mais abaixo ao ar primaveral morno refrescando às maçãs do rosto quentes, à sensação ardentemente solidificada em transpiração acelerada — imagens vividamente íntimas de Dan o consumiam, alucinantemente. O cheiro corporal de Dan, que Joe já havia sentido e gravado, o aroma do perfume que usava, e os olhos focados intrépidos do mesmo enquanto Joe respondia algo sobre si próprio, e os ombros e braços delineados, os lábios serenos e mãos macias másculas...não se prolongou mais de uma volta de um minuto para que Joe se explodisse e expandisse pelos lençóis em êxtase eletrizante e suor frio possesso à espinha. Imaginava se poderia acontecer o mesmo à Dan. E, quanto mais a relação de ambos se fortalecia, mais a noite do cujo baile se aproximava, mais era real. Até que Joe se surpreendeu pois já havia chegado a semana, e o dia, pois transparecera que os cujos dias haviam corrido em maratonas com Dan. A ansiedade consumira a Joe a partir do momento em que acordara no dia do baile. Dan tentava acalmá-lo e Joe apenas tentava seguir a sua psicologia. Combinaram, por fim, de se encontrarem ante à entrada do salão, vindos pelo caminho do grande bosque que cortava os arredores do seu colégio.
Corriam, cuidadosamente, ambos sorridentes rumo aos sons longínquos anunciando o início do baile, e ao pararem na saída florestal, Dan segurou Joe por um braço e o puxou cuidadosamente para si e ao próprio ombro, se entrelaçando num abraço surpresadamente abrupto.
— Vou fazer desta noite inesquecível a você. E a nós. —, sussurrou ao pé do ouvido de Joe, o emocionando engolidamente. A lua recém acordada já farta aos céus e suas companhias estrelares eram testemunhas daquele cujo momento. Se fitaram mais uma vez, e se puseram a caminhar sintonizados calmamente rumo à saída arborizada, de mãos dadas. Joe se sentia consumidamente eletrizado e fervoroso, tentando equilibrar a própria respiração estremecida.
Durante o baile, desde sua chegada, Joe se sentia constantemente observado e aos sussurros — por haver ido, por possuir um par? Ninguém ousava aproximar-se, e tampouco importava-lhe. Seu olhar e o de Dan frequentemente reencontravam-se, assentados à uma mesa deslocada do centro, ante à uma das paredes, a procurar balanceamento estável ante à cuja situação, comunicando entre si similares pensamentos silenciosos — e riam, discretamente. O quão satisfatório os olhares surpresos e reações dos demais...
De repente, fora dado o aviso da última música — aquela canção dedicada aos amantes para se revigorarem nos braços do outro e assim selarem as lembranças da ocasião da cuja noite.
— Dance comigo. —, Dan ofereceu uma das mãos ao se levantar ereto, e com uma posição cavalheira com os olhos ternurosos atencionados só a Joe. Joe, por sua vez, só assentiu suspirantemente trêmulo com uma mão enquanto sentia uma emoção calorosa se florescer em pétalas chamuscadas nas paredes do seu estômago.
A partir do momento em que se dirigira à pista de dança, Joe se via observado o tempo todo e aos risos e sussurros, porém não se importava, não mais. Estava com um par, o par dos seus desejos que não ousava acreditar, e estava abraçado ao mesmo seguro envolto por seus braços. A cuja emoção calorosa o consumiu ao entoar calmo e expansivo daquela melodia ao piano que Joe nem mesmo conseguiria discernir caso conhecesse a letra decorrente das emoções que sentia fervorosamente eriçadas, e que refletiram tamanha importância ao se esvaírem por lágrimas enquanto abraçava mais apertado a Dan, sentindo só a respiração serenamente estável do cujo rapaz.
Dan, abruptamente, apanhou a Joe sensivelmente pelas maçãs do seu rosto, — Queria poder ser capaz de paralisar o tempo e permanecermos assim. — e, Joe apenas fora capaz de sorrir desajeitado, consumido marejante pela a cuja emoção.
— Posso beijá-lo? Pode ser meu só hoje à noite, você e os seus lábios? — Joe, suscetivelmente rendido, assentira à um sorriso emotivo e, permissivamente, Dan o trouxe gentilmente até si e seus lábios.
Toda lâmpada cintilantemente coloridas no enorme espaço se trincaram e explodiram eletrizadas, reduzindo à breu, conseguinte das caixas de sons se explodindo à sons estrondosamente insuportável, juntamente das fiações elétricas se corrompendo eletrizadas. Ouviu-se um urro humanamente impossível ao centro da pista de dança e um círculo amedrontado se expandia. Avistando a Joe, o jovem que atencionara as atenções à si naquela cuja noite por haver ido ao cujo baile, sozinho, porém se comportando demasiado estranho como se estivesse acompanhado, se contorcendo serpentinamente ao piso, com as orbes faciais arregaladas, suas veias saltitando bombeadamente, e então mais um urro horrível se esvaiu de seu franzino corpo, provocando um trincamento explosivo às construções do cujo local, enquanto apavoradamente todos presentes se dirigiam rumo às saídas — em vão, pois ao tentarem cruzar, toda porta lateral se selou trancadamente à uma força cerrada invisível, inclusive serrando partidamente à metade uma jovem que tentara escapar mais velozmente, se espirrando sanguinolenta aos demais atrás, os obrigando a retrocederem aos gritos desesperadamente pavorosos. Um cano dos encanamentos dʼágua explodiu da parede trincada e vazava em enxurrada pelo o cujo espaço, e os alunos apavoradamente se esquivavam contrários à agua corrente que os perseguia ansiando tocá-los como a Serpente se rastejava rumo à Eva. Ouviu-se uma nova explosão eletrizante e fios elétricos despedaçados caíram ao térreo, rumo à água corrente. Gritos e exclamações pavorosos enquanto a água que já tocava a muitos os eletrocutava à inescapável morte, ao passo dos demais desesperados por suas vidas que se esgueiravam aos cantos das paredes tentando escalá-las à uma força inútil que arrebentava até suas unhas — gritos, exclamações chorosas, berros e mortes — e mais um urro infernal de Joe paralisado inerte àquele cenário—...
A última cena da fita de vida dos restantes que sobreviveram até aquele cujo instante fora de Joe se levitando, lentamente deslocado de espaço-tempo, similar à uma noiva é erguida e segurada aos braços por seu amante às portas da noite de núpcias e que, ao cujo ocorrimento em chamas, mortes e destruição, se figurava às portas do Inferno e o amante de Joe era o próprio Diabo. Joe ergueu uma das mãos estremecidas, e ao pingo de uma linha lacrimal do próprio rosto mesclada em sangue pactualmente sacrificial, aquele espaço se desabou às cabeças dos restantes ainda vivos, massacrando quaisquer almas restantes.
Joe nunca fora encontrado ou identificado dentre aqueles escombros infernais—.