O Indiozinho enterrado vivo
Houve um tempo em que os pais inculcavam medo nos filhos. Era uma forma de ensina-lhes a enfrentar o perigo, ou apenas para fazê-los serem obedientes pelo medo. Se hoje, os castigos resumem-se a ficar sem computador; antigamente, era uma surra de cinto conversada, se não resolvesse, ainda tinham as histórias de assombração sobre fim de mundo e inferno.
A história aqui contada, juro que é verdadeira, eu vi, eu estava lá.
Na fazenda Aldeínha morava uma família muito humilde: pai, mãe e cinco filhos, chegando o sexto. Havia uma menina muito danada chamada Kelly, era hiperativa, como se diz atualmente, mas na época, era considerada endiabrada mesmo! A mãe já não sabendo o que fazer, pois taca e ameaças já não resolviam, resolveu lançar mão de um último recurso: contar sobre Dominguinhos, o Indiozinho enterrado vivo.
Ao lado da fazenda tinha uma antiga aldeia indígena. Dizem que há muito tempo tinha nascido ali um indiozinho todo deformado, metade humano e a outra metade era indecifrável. Os índios, seguindo suas tradições, decidiram enterrá-lo vivo. Um padre e alguns missionários empreenderam verdadeira batalha, tentando salvar o índio desse destino tão cruel. No entanto, após três anos, foram vencidos e o indiozinho foi enterrado vivo, num domingo qualquer, numa cova simples sem identificação alguma.
Ao saber da notícia, um padre foi com urgência até a cova do menino para tentar oferecer orações pedindo clemência a Deus, pois ele não tinha sido batizado, seria mais uma alma pagã solta no mundo. Tamanha foi a surpresa ao chegar lá! O Padre encontrou Dominguinhos sentado sobre a cova comendo manga. Boquiaberto, o padre não sabia o que fazer, aquilo não tinha explicação, era surreal. Percebeu que aquele indiozinho tinha virando uma “tentação” no mundo. Dominguinhos começou a tocar o terror bebendo a água benta do padre e mastigando a hóstia, depois, saiu cantarolando como se nada tivesse acontecido. Desde então, a história se espalhou na região e todos começaram a contar seus feitos de terror e traquinagem.
Conta-se que em noite de chuva e vento forte, pés de mangas balançam sem parar e todas as mangas verdes dos pés caem ao chão, não sobrando uma sequer, só se ouve as pancadas da queda; os pássaros presos são soltos de suas gaiolas, os gatos correm para debaixo da cama juntamente com os ratos, cachorros se fingem de mortos, ninguém ousa sair da casa. Contudo, no dia seguinte nada é encontrado no chão. Sem nenhuma explicação tudo é encontrado no seu devido lugar.
Conta-se também que mães deixam o mingau do bebê esfriando e em menos de um minuto o mingau some, deixando o bebê chorando de fome. E, na panela, no lugar do mingau, encontram-se apenas mangas verdes.
As crianças são as mais afetadas, pois, Dominguinhos, sem saber de sua condição, pensa ser ainda criança, querendo participar de todas as brincadeiras, e quando não é possível se zanga, e aí vem confusão: puxa cabelo, mete dedo nos olhos, fura a bola, dá chute na canela e até no “saco” dos meninos.
Depois de ouvir essa história, o medo falou mais alto e Kelly passou a obedecer à mãe. Sempre que aprontava algo sua mãe dizia logo: olha... O Dominguinhos vem te pegar.
Passados uns dias, a mãe de Kelly entrou em trabalho de parto. Teria que ir para a cidade ter o bebê. Decidiu levar três dos cinco filhos, deixando Kelly e o irmão mais velho na fazenda.
Naquela noite, houve muita chuva com vento forte, cheia de raios e trovões. A garota, sempre corajosa, lembrou-se do Indiozinho e viu que algo estava errado dentro e fora da casa: as mangas verdes dos pés estavam caindo, o vento assobiava com som estridente, panelas eram batidas e tampas arrancadas. Por último, o candeeiro se apagou. Kelly sentiu que Dominguinhos estava ali, correu e escondeu- se debaixo da cama, ouvia pequenos passos na varanda, portas eram abertas e fechadas; a voz de Dominguinhos ecoava pela casa chamando-a para brincar, e ele continuava: vou te achar, eu sei onde você se escondeu. - Tô chegando... Ouviu o rangido do piso de madeira da escada e o nheeeec... nheeeec da porta do quarto se abrindo, o vento continuava a fazer zumbidos que pareciam gritos... Sentiu passos lentos em torno da cama, pressentiu que era o fim. Dominguinhos ia pegá-la. De repente a voz do Dominguinhos já estava do seu lado: Te peguei!
Abriu os olhos, Dominguinhos a segurava levantando- a do do chão, não era uma criança deformada, era um homem alto, forte, com cheiro de mato, parecido com seu... Era seu pai que a sacudia dizendo:
- Tu não ouviu eu te chamar menina tonta? Deu – lhe logo um safanão!
A história aqui contada, juro que é verdadeira, eu vi, eu estava lá.
Na fazenda Aldeínha morava uma família muito humilde: pai, mãe e cinco filhos, chegando o sexto. Havia uma menina muito danada chamada Kelly, era hiperativa, como se diz atualmente, mas na época, era considerada endiabrada mesmo! A mãe já não sabendo o que fazer, pois taca e ameaças já não resolviam, resolveu lançar mão de um último recurso: contar sobre Dominguinhos, o Indiozinho enterrado vivo.
Ao lado da fazenda tinha uma antiga aldeia indígena. Dizem que há muito tempo tinha nascido ali um indiozinho todo deformado, metade humano e a outra metade era indecifrável. Os índios, seguindo suas tradições, decidiram enterrá-lo vivo. Um padre e alguns missionários empreenderam verdadeira batalha, tentando salvar o índio desse destino tão cruel. No entanto, após três anos, foram vencidos e o indiozinho foi enterrado vivo, num domingo qualquer, numa cova simples sem identificação alguma.
Ao saber da notícia, um padre foi com urgência até a cova do menino para tentar oferecer orações pedindo clemência a Deus, pois ele não tinha sido batizado, seria mais uma alma pagã solta no mundo. Tamanha foi a surpresa ao chegar lá! O Padre encontrou Dominguinhos sentado sobre a cova comendo manga. Boquiaberto, o padre não sabia o que fazer, aquilo não tinha explicação, era surreal. Percebeu que aquele indiozinho tinha virando uma “tentação” no mundo. Dominguinhos começou a tocar o terror bebendo a água benta do padre e mastigando a hóstia, depois, saiu cantarolando como se nada tivesse acontecido. Desde então, a história se espalhou na região e todos começaram a contar seus feitos de terror e traquinagem.
Conta-se que em noite de chuva e vento forte, pés de mangas balançam sem parar e todas as mangas verdes dos pés caem ao chão, não sobrando uma sequer, só se ouve as pancadas da queda; os pássaros presos são soltos de suas gaiolas, os gatos correm para debaixo da cama juntamente com os ratos, cachorros se fingem de mortos, ninguém ousa sair da casa. Contudo, no dia seguinte nada é encontrado no chão. Sem nenhuma explicação tudo é encontrado no seu devido lugar.
Conta-se também que mães deixam o mingau do bebê esfriando e em menos de um minuto o mingau some, deixando o bebê chorando de fome. E, na panela, no lugar do mingau, encontram-se apenas mangas verdes.
As crianças são as mais afetadas, pois, Dominguinhos, sem saber de sua condição, pensa ser ainda criança, querendo participar de todas as brincadeiras, e quando não é possível se zanga, e aí vem confusão: puxa cabelo, mete dedo nos olhos, fura a bola, dá chute na canela e até no “saco” dos meninos.
Depois de ouvir essa história, o medo falou mais alto e Kelly passou a obedecer à mãe. Sempre que aprontava algo sua mãe dizia logo: olha... O Dominguinhos vem te pegar.
Passados uns dias, a mãe de Kelly entrou em trabalho de parto. Teria que ir para a cidade ter o bebê. Decidiu levar três dos cinco filhos, deixando Kelly e o irmão mais velho na fazenda.
Naquela noite, houve muita chuva com vento forte, cheia de raios e trovões. A garota, sempre corajosa, lembrou-se do Indiozinho e viu que algo estava errado dentro e fora da casa: as mangas verdes dos pés estavam caindo, o vento assobiava com som estridente, panelas eram batidas e tampas arrancadas. Por último, o candeeiro se apagou. Kelly sentiu que Dominguinhos estava ali, correu e escondeu- se debaixo da cama, ouvia pequenos passos na varanda, portas eram abertas e fechadas; a voz de Dominguinhos ecoava pela casa chamando-a para brincar, e ele continuava: vou te achar, eu sei onde você se escondeu. - Tô chegando... Ouviu o rangido do piso de madeira da escada e o nheeeec... nheeeec da porta do quarto se abrindo, o vento continuava a fazer zumbidos que pareciam gritos... Sentiu passos lentos em torno da cama, pressentiu que era o fim. Dominguinhos ia pegá-la. De repente a voz do Dominguinhos já estava do seu lado: Te peguei!
Abriu os olhos, Dominguinhos a segurava levantando- a do do chão, não era uma criança deformada, era um homem alto, forte, com cheiro de mato, parecido com seu... Era seu pai que a sacudia dizendo:
- Tu não ouviu eu te chamar menina tonta? Deu – lhe logo um safanão!