Villeneuve
Prelúdio
Paris - 1997
Tenho um certo problema em falar sobre Lou, ou Louis para os desconhecidos, tivemos muitas diferenças em nossa infância, mesmo assim a amizade prevaleceu em meio a falta de maturidade.
Quando minha família decidiu voltar a Paris, sabia que perderia meu único amigo fiel, afinal cartas e distâncias não nos proporcionam a mesma situação de uma conversa frente a frente.
Cá estou, a degustar um chá de hortelã, a também um frescor de cravo no ar. Alguns sempre nos viram como desajustados e incompreendidos, e por mais que discordasse na época, hoje acabo por entender melhor.
Nossa aproximação aconteceu por um dos acasos mais previsíveis, nossas famílias eram vizinhas e meus pais desejavam que eu cultivasse novas amizades, o problema se instaurou quando tive dificuldade em expor meu lado amigável.
Discutimos e brigamos por pelo menos um ano, e toda aquela fúria se dissipou no dia em que o vi sendo espancado por três garotos. Meu orgulho queria rir da situação, mas meu coração tomou o controle e o defendeu.
Lembro de passarmos a noite no hospital, Lou tinha muitos ferimentos, a polícia acabou por aparecer, me levando para um depoimento. Não lembro ao certo o que lhes disse, aquela sensação de ter feito a diferença, me dominou.
Louis me agradeceu, foi um dos meus melhores momentos da adolescência, sentir alguém demonstrar gratidão. Tudo mudou desde então. Meu melhor amigo, jamais teve a chance de conhecer Manu, Emanuelle.
Em uma tarde de sol, Manu adentrou a casa de chás, seu vestido preto com bolinhas amarelas logo chamou-me a atenção, os lábios com batom vinho e um esplendido par de olhos verdes. Naquele dia, senti que os chás, não ligavam apenas o sabor a tranquilidade, mas também, a todas as loucuras que cada um de nós é capaz de imaginar.
É hora de ver o sol se pôr, Sebastian Leroy Villeneuve.
2018/2019.
2018/2019.