Querer escrever

Costumam dizer que escritor tem cada uma!...

Eu que simplesmente estou querendo pertencer ao ramo, pretendo narrar algo.

Acontece que numa madrugada a terrível insônia começou a me atormentar. Terrível não, benévola, porque começou a vir umas ideias de que o nosso Brasil não está tão ruim assim, nem o nosso presidente Temer seja tão mau. Nos meus pensamentos o Brasil estava lá em baixo, reclamava muito em viver aqui, entre esses corruptos políticos, “coitados” precisam de dinheiro e meu minguado salarinho de aposentado só caindo, caindo...

Parecia que ouvia algo:

--- O que é isso, rapaz, eu sou brasileiro!

Indaguei, (nos meus pensamentos, é claro)

--- Quem é brasileiro?

A resposta vinha taxativa:

--- Deus, Deus, você nunca ouviu esta fraze: Deus é brasileiro?!

Na minha maior santa ignorância respondi:

--- Ah! Sim agora eu lembro!

Daquele momento em diante , quer dizer em plena madrugada, nitidamente parecia que esta va havendo uma mudança radical na minha vida, me senti que momentaneamente eu, minha família, incluindo genros, noras e netos estávamos sendo transportados para outro lugar, e que lugar!...

Lugar sombrio, outro povo, outra pátria, outra língua, outros costumes bizarros. Incrível, porque sabíamos falar fluentemente aquele linguajar esquisito... tudo diferente, até os animais havia pouquíssimos, os vegetais parecia não ter aquele verde deslumbrante, à noite as estrelas pareciam não ser as mesmas que estávamos acostumados a admirar, o sol não era tão brilhante, no povo não havia aquela amabilidade costumeira que presenciávamos no nosso Brasil em qualquer lugar. Os trajes esquisitos, e o pior é que éramos obrigados de seguir à risca todos aqueles costumes, até na espiritualidade, coisas que minha esposa, meus filhos costumava praticar na igreja evangélica que frequentam, eu já que não ia muito à igreja, nem na igreja católica que apesar de não ter rompido, mas não ia já a alguns tempos.

A espiritualidade ali era tão contrária, pois se as autoridades pegassem alguém lendo a Bíblia ou falasse em Jesus, seria violentamente açoitado.

Falando novamente em costumes, nossa! E a alimentação ali, o nosso simples arroz e feijão não existia naquele lugar estranho. Eu naquela madrugada estava paralisado, nitidamente estava vivendo naquele lugar.

Aí foi fatal, minha esposa na sua franqueza costumeira me fala:

--- O que você foi nos arrumar!?

--- Eu não, foi Deus.

--- Para de blasfemar.

--- Foi sim, claro que foi ele, quem teria tal poder de fazer uma mudança dessa?

--- Mas se ele fez isso teve um propósito, o que você fez.

--- Eu meti o pau no Brasil dele!

Ela foi mais uma vez certeira dizendo:

--- Ah! Então logo vi.

Como num passe de mágica, a manhã logo veio, linda, o sol esplêndido, as pessoas mais encantadoras ainda. Pude pensar mais uma vez:

--- Ainda é bom morar aqui, mas veio a dúvida novamente: até quando?