À margem da Babilônia do cão
Tudo era uma só sinfonia,complexa e sincopada.Um martelar e serrar e também, golpear com facão...num ritmo que,diante do temor e da urgência,ao invés de causar-lhes exaustão infundia-lhes um transe de modo que o trabalho nunca cessava.Era preciso agir rápido.Estiveram ali,à guisa de fiscalização,pessoal da prefeitura,defesa civil e polícia ambiental pretendendo embargar-lhes a obra.Já se viam vários erguidos,outros com o esqueleto desenhado e ainda outros na fase dos mourões. À moda de palafitas, os barracos se assoberbavam metro e meio do lodo para cima até o assoalho e mais quase três metros do assoalho até o telhado.Havia quem já fizesse planos para futuro boteco e quitanda.Como era ano de eleição,num acordo sem palavras,todas as autoridades acabaram por fazer vista grossa.Houve até ajuda com a oferta de material,tanto dos postulantes como os que buscavam se reeleger.O povo agradeceu,a natureza não,pois hoje não resquício algum de vida no rio e mangue dali.Eu vi tudo isso de de perto...Era o início de uma nova civilização.À margem Babilônia do cão.