Tormentos dos desabrigados
O lugar era terrível! Lógico que sim, pois no acampamento de refugiados, centenas de pessoas se acotovelavam, local tão difícil de viver, quando chovia era um lamaçal, quando as chuvas davam trégua por longos dias a poeira era insuportável, os banheiros lugar das necessidades básicas, nossa! Nem é bom falar!... e os lamentos constantes, podia-se escutar histórias semelhantes de cada um daqueles refugiados expulsos ou fugidos do país que nasceram.
Sempre alguém revoltava até o íntimo de seu ser, outros apenas falavam palavras desconexas, consequência do intenso sofrimento causado pelo próprio ser humano.
Apesar disso tudo aquelas pessoas sentiam que a qualquer momento seriam bombardeados, alvos de artilharia pesada que poderiam vir do alto nos possantes aviões. Mesmo estando protegidos por alguns países que solidários com eles os defendesse custasse o que custar...
Ao imaginar que a duras penas conseguir pelo menos algum lugar pra morar no seu país e de repente serem expulsos de suas casas, ou abandonar tudo, porque viver no país em que nasceram ir tornando insuportável por causa das intolerâncias insensíveis de grupos radicais.
Tempos intermináveis num lugar fétido, à espera do consentimento burocrático para um lugar?
Ou forçados a voltar aos países de origem que os renegaram?
Aquelas pessoas iam vivendo ali cheios de obstáculos para uma vida simplesmente normal. Alguns iam perecendo, as doenças se acumulavam, não só nos corpos, nas mentes também os estragos eram assustadores. Basta analisarmos se acontecesse o mesmo conosco, se nosso Brasil se descambasse pro pior (por enquanto ainda está tolerável) se fossemos obrigados a sairmos de nossas casas, ver nossos entes queridos massacrados, tudo que construímos com sacrifícios serem tomados de maneira violenta. Aquele povo foi assim, muitos desabrigados foi assim.
Mas felizmente acontece as coisas boas no nosso mundo, muitas pessoas de outras nacionalidades compraram a briga daqueles sofredores, médicos, enfermeiros e outros voluntários ficavam ali com eles, sofriam também ao presenciarem tanto sofrimento e às vezes impotentes sem poder resolver.
E imaginar que aqueles voluntários, pessoas capazes, inteligentíssimas se ficassem nos seus países de primeiro mundo, viveriam uma vida confortável e feliz preferiam ficar ali! É incrível mas algo extraordinário acontece com alguns seres humanos, é o reconhecimento de que o mais importante de tudo nessa nossa existência é procurar ajudar o outro ser humano.
A história conta desses seres que existiram e foram extraordinários, por exemplo: São Francisco de Assis, Madre Tereza de Calcutá, Jorge Müller e muitos outros...
Naquele acampamento de refugiados onde existia tanta tristeza estavam voluntários, os seres extraordinários de nossos tempos, porque transbordavam o amor incondicional. Podia-se ver tamanha prova quando nos momentos em que alguns enfermos se retorciam em dores atrozes, os corpos já tomados pelas doenças e quando não havia mais nada a se fazer, os recursos muito limitados, alguns dos profissionais habilitados chorando abraçavam calorosamente os enfermos, na esperança de que naquele ato pudesse aliviar tamanho sofrimento, olhando para os céus na esperança de que o mundo inteiro ouvisse dizendo:
--- Como podemos deixa-los?!...