O livro é meu chão, e a música o céu por onde viajo carregando um universo de indagações: de onde vem a arte, senão do fantástico mundo da imaginação? Fiat! E o artesão extrai tudo do nada?
— Inspiração e transpiração – acrescenta Gilson Chagas.
— Sim. Primeiro escorre o suor no talhar a pedra bruta, depois, tocamos com a varinha mágica da inspiração, dando acabamento final, o embelezamento. Soltamos o cabelo de Gabriela para deixá-la menos tensa e assim, costuramos nossa colcha de retalhos nos remendos e emendas da história apanhados aqui e ali em algum fiapo de conversa.
— Eu também gasto tempo, gasto as vistas, gasto a vida como verme a roer livros.
Retirou um livro da bagagem de mão.
— Eu gosto tanto disso aqui! É como namorar. Tem dia que me sento só pra namorar! Olhar pra livro... Fico namorando livros como se a vida real fosse uma ficção que se transcreve para o papel.
Desafivelou o cinto e sentiu o cheiro de cravo e canela escorrendo na caneta de Jorge que, embora muito amado, teve também seus dias de suplicio na masmorra do exílio. Acomodou-se na poltrona, regulou as lentes da imaginação e viu nuvens desfilando velozes na janela da aeronave como se abrissem páginas armazenadas no cloud computing.
Pensou alto:
— O avanço tecnológico impulsionou a literatura ao criar livros para ouvir, esse recurso oferece significativa contribuição: evita que morram árvores para que livros tenham vida — disse Carrero.
Reclinou o assento buscando conforto no pequeno espaço entre as poltronas. E prosseguiu a conversa com o passageiro com quem há pouco estabelecera laço de amizade.
— A literatura virtual tem muita patacoada, mas não há dúvida de que também há boa medida, calcada, sacudida e transbordante de bons talentos. Tu mesmo penetraste bem com Jacó na tenda de Labão. Abençoaste Raquel, sem excomungar Lia. Camões fez o mesmo em sua lira de 14 cordas.
Fez uma pausa.
— A Internet aproxima o homem do mundo distante, mas, afasta o próprio homem de si mesmo e daquilo que lhe é próximo. Tudo com um simples ‘clicar’ de teclas. Internet é faca de dois gumes... Não achas perigoso disponibilizar tua imagem neste universo virtual?
— Talvez sim, talvez não! Começamos a morrer a partir dos primeiros segundos de vida.
— O livro da vida tem seu preço: a maioria das páginas foram escritas com suor, lágrimas e sangue.
***
Adalberto Lima, trecho de Estrela que o vento soprou.
— Inspiração e transpiração – acrescenta Gilson Chagas.
— Sim. Primeiro escorre o suor no talhar a pedra bruta, depois, tocamos com a varinha mágica da inspiração, dando acabamento final, o embelezamento. Soltamos o cabelo de Gabriela para deixá-la menos tensa e assim, costuramos nossa colcha de retalhos nos remendos e emendas da história apanhados aqui e ali em algum fiapo de conversa.
— Eu também gasto tempo, gasto as vistas, gasto a vida como verme a roer livros.
Retirou um livro da bagagem de mão.
— Eu gosto tanto disso aqui! É como namorar. Tem dia que me sento só pra namorar! Olhar pra livro... Fico namorando livros como se a vida real fosse uma ficção que se transcreve para o papel.
Desafivelou o cinto e sentiu o cheiro de cravo e canela escorrendo na caneta de Jorge que, embora muito amado, teve também seus dias de suplicio na masmorra do exílio. Acomodou-se na poltrona, regulou as lentes da imaginação e viu nuvens desfilando velozes na janela da aeronave como se abrissem páginas armazenadas no cloud computing.
Pensou alto:
— O avanço tecnológico impulsionou a literatura ao criar livros para ouvir, esse recurso oferece significativa contribuição: evita que morram árvores para que livros tenham vida — disse Carrero.
Reclinou o assento buscando conforto no pequeno espaço entre as poltronas. E prosseguiu a conversa com o passageiro com quem há pouco estabelecera laço de amizade.
— A literatura virtual tem muita patacoada, mas não há dúvida de que também há boa medida, calcada, sacudida e transbordante de bons talentos. Tu mesmo penetraste bem com Jacó na tenda de Labão. Abençoaste Raquel, sem excomungar Lia. Camões fez o mesmo em sua lira de 14 cordas.
Fez uma pausa.
— A Internet aproxima o homem do mundo distante, mas, afasta o próprio homem de si mesmo e daquilo que lhe é próximo. Tudo com um simples ‘clicar’ de teclas. Internet é faca de dois gumes... Não achas perigoso disponibilizar tua imagem neste universo virtual?
— Talvez sim, talvez não! Começamos a morrer a partir dos primeiros segundos de vida.
— O livro da vida tem seu preço: a maioria das páginas foram escritas com suor, lágrimas e sangue.
***
Adalberto Lima, trecho de Estrela que o vento soprou.