O HOMEM DO JARDIM (Final)
Francesca estava com as malas prontas no hall da mansão. Sofia a acompanhava enquanto o táxi não chegava.
- Pelo visto todos nós perderemos nossos empregos, Fran – resmungou Sofia, bem desanimada. - Espero que você tenha melhor sorte. Não sobrou ninguém da família nem para nos dar uma carta de recomendação.
- Não fique preocupada, Sofia. Para trabalhar na mansão não é qualquer um. Tenho certeza que logo vocês todos irão conseguir boas colocações – Francesca pegou as mãos de Sofia. - Muito obrigada por ter falado à polícia sobre o que você viu no quarto. Se não fosse seu testemunho, talvez eles não acreditassem em mim.
- Só falei o que eu vi. Você está com alguns hematomas, Fran. Qualquer perícia afirmaria que você foi agredida por ela. Tudo o que aconteceu foi por legítima defesa.
Francesca suspirou.
- A única coisa que eu queria era um emprego tranquilo. Eu gostava tanto de Dona Laura.
- Quer dizer que você enxergava o falecido no jardim? Meu Deus, só de pensar fico toda arrepiada! Este era o maior mistério das redondezas!
- Incrível, não? Gregório foi aparecer justo para mim!
- Dona Magda... Nunca ia imaginar que a própria filha foi capaz de matar o pai. Ela guardou o segredo por anos. Isto que é ter sangue frio!
- E eu cheguei para estragar tudo. Ela só podia querer me matar mesmo.
- Quando a polícia terá resultado se o corpo é do marido de Dona Laura?
- Ainda vai demorar um pouco. Talvez eu até tenha que voltar aqui outras vezes.
Naquele momento o táxi apontou no caminho que levava à mansão. Francesca, sentindo um misto de saudade e tristeza, despediu-se de Sofia.
- Obrigada mais uma vez.
As duas jovens trocaram um abraço apertado e Francesca embarcou. Lentamente, o veículo percorreu o trajeto que levava à estrada. Saudosa, a moça se virou para trás. Queria lançar um último olhar à mansão.
Francesca sufocou um grito. O espectro de Magda a encarava entre as árvores.