Estrada do Medo
Eduardo era um jovem reservado e calado. Não tinha muitos amigos, pois era também um rapaz tímido. Os poucos amigos que tinha, se contava nos dedos.
Sonhador e sossegado, Eduardo sempre fazia questão de reservar um espaço para ele, onde pudesse ficar sozinho, pois se sentia melhor consigo mesmo e assim, pensava na vida, no seu futuro e sentia-se em privacidade.
Morava com seus pais, mas aos 23 anos de idade, já queria conquistar sua independência de morar sozinho.
Por ser calmo e gostar de sossego, sempre procurava a melhor forma de se sentir bem e em paz, procurando até mesmo na rua, algum local tranquilo, que passasse muitas pessoas, para que ele ficasse isolado, e seus pensamentos fluíssem para longe.
Seu relacionamento com seus pais era agradável, pois Eduardo era um rapaz compreensivo e respeitoso, sempre ouvindo eles e ajudando-os no que era preciso. Era um bom filho.
Em uma noite em que estava dormindo, Eduardo teve um pesadelo angustiante. Sonhou que estava preso em lugar escuro e ouvia vozes com sussurros horripilantes e bizarros. No sonho, ele tentava achar uma saída, mas para todo lugar que corria, não via nem sentia nada próximo dele. A sensação era como se estivesse caindo de um lugar extremamente alto, pois não sentia suas pernas, nem seus pés tocarem no chão.
De repente, quando sentiu que tinha caído no chão, Eduardo acordou com a sensação de um grande impacto causado nele, pela queda em seu pesadelo.
O relógio marcava 11:00 horas, e Eduardo se levantou, fez sua higiene pessoal e depois foi almoçar.
Contou o sonho para seus pais, mas eles não deram muita importância. Achavam que é comum ás vezes sonhar com coisas desse tipo.
Assim Eduardo passou o dia todo com aquele sonho em sua memória, não conseguindo esquecer em nenhum momento, pois sentiu que não se tratava apenas de um simples sonho, e sim de algo ruim que iria acontecer. Sua intuição o deixara encabulado com isso.
Quando a noite chegou, Eduardo ficou pior, e já não conseguia mais controlar esse peso em sua mente. Foi aí então que resolveu dar uma volta pela rua onde morava afim de esfriar a cabeça e relaxar mais. Avisou seus pais que iria sair um pouco e já voltava pra casa.
Dobrou o quarteirão atrás de sua casa e seguiu andando, quando chegou na Estrada que fica em outra rua, a uns 600 metros de onde morava.
A estrada era deserta e tinha muitas árvores, por isso o lugar era frio. O vento era gelado.
Logo Eduardo se sentiu a vontade naquele lugar e resolveu ficar por ali mesmo. Sentou num canto, pegou o celular e o fone, e começou a ouvir música. Depois deitou-se.
Passados 30 minutos, a música parou de tocar e Eduardo pôde ouvir pelo fone as vozes sussurrando. As mesmas vozes que ele ouvira em seu sonho. Horripilantes e bizarras. Ele se lembrou do sonho e começou a sentir calafrios em sua espinha. Tirou o fone, mas continuou ouvindo as vozes. Então decidiu ir pra casa, mas ao se levantar, as luzes que iluminavam a estrada começaram a piscar repentinamente. A última coisa que Eduardo pôde ver antes das luzes se apagarem por completo, foi um vulto preto e forma de um lobo. Depois não enxergou mais nada.
Desesperado e com medo, lembrou-se que aquela cena era igual ao pesadelo que teve.
No escuro, Eduardo tentava sair do lugar, mas não conseguia, e aquelas vozes foram ficando cada vez mais perto.
Foi quando viu, no meio daquela escuridão, dois olhos vermelhos que brilhavam olhando para ele e rosnando perto dele.
Deu um grito, e aquele ser estranho avançou em sua direção, quando Eduardo é acordado por um guarda que estava de carro fazendo ronda pelo local.
- Ei rapaz, você está bem? Estava dormindo na estrada... Quer que eu te leve para casa? – Perguntou o guarda.
- Pode ser. Obrigado.
Eduardo respirou aliviado por perceber que se tratava apenas de mais um sonho.