CORRA! PORQUE SE EU TE PEGAR...

Gina havia perdido sua mãe e seu pai em um acidente de transito a seis meses atrás, estava morando com sua tia Melinda. Ela achava-se na obrigação de cuidar da sobrinha, Gina era uma boa companhia para seu filho Dom. Aquela cidade onde moravam era extremamente pacata, a casa ficava longe do centro da cidade, seria interessante seu filho fazer e receber companhia da prima que era só um ano mais velha que ele. Os pais de Gina morreram no dia do seu aniversário de 15 anos e isso marcou a vida dela. Dom tornou-se mais que seu amigo, estava sempre ao seu lado. Gina também cuidava de Dom como se fosse a irmã mais velha. Aqueles meses foram tensos, mesmo com as conversas de Melinda, Gina não quis continuar estudando, parou aquele ano, disse que preferia estar com a cabeça voltada aos estudos e com tudo que acontecera, ainda não era a hora. Melinda mesmo contrariada entendeu as razões de sua sobrinha. O ano acabou, as férias começaram e os primos estavam cada vez mais ligados.

_Gina, pensando bem, foi legal você ter parado de estudar esse ano que passou, pois agora seremos colegas de classe, poderemos estudar juntos, e nos ajudar ainda mais.

_Sim Dom, Você esteve sempre do meu lado e me ajudou muito nesses últimos meses, será muito bom te ter como colega também.

Abraçaram-se e riram. Gina empurrou Dom dizendo “Ta com você”, e saiu correndo em volta das árvores.

_Eu vou te pegar Gina. – E fazendo caretas gritou com voz rouca: E será pra sempre minha. Só minha.

Gina entrou na brincadeira e disse:

_Só serei sua se conseguir me pegar monstro preguiçoso.

Dom mudou a expressão, correu o mais rápido que pode e saltou em cima de Gina. O impacto foi tão forte que ela deu um grito de dor, mas ele começou a dizer:

_Não adianta gritar, agora você é minha.

_Não estou brincando Dom, você machucou minha perna.

_Não invente historinhas agora, você disse que seria minha.

_Era uma brincadeira Dom, solte-me.

_Não, só depois do beijo de recompensa.

_ME SOLTA DOM. Disse gritando.

Ele então saiu de cima e percebeu que havia machucado sua amiga, a perna esquerda dela estava sangrando e parecia ter um galho cravado. Dom mudou a expressão e disse:

_Desculpe-me Gina, eu achei que você estivesse brincando. Por favor, perdoe-me.

_Tudo bem Dom, mas corra e chame sua mãe para nos ajudar, está sangrando muito.

Dom correu em direção a casa para chamar sua mãe, mas ela já havia suspeitado de algo, pois ouviu o grito de Gina e estava vindo. Ele tentou explicar, mas a mãe não lhe deu ouvidos.

_Mãe, foi um acidente, eu não queria machucá-la. Eu juro que não queria machucá-la.

Melinda foi até Dina, levantou sua perna, rasgou a calça e utilizando panos, estancou o sangue.

_Dom, ajude aqui, fique pressionando o ferimento. Não fique aí parado, ajude. Disse Melinda.

Dom parecia estar em transe, lacrimejava involuntariamente, limpou os olhos e disse:

_A culpa não foi só minha, ela me provocou.

Com olhar surpreso, Gina virou-se para Melinda que terminava o curativo e disse:

_É verdade tia, ele não fez por mau, foi um acidente.

_Está certo.Não se preocupem com isso, apenas vamos cuidar desse ferimento, teremos de fazer isso em casa, o posto de saúde da cidade está sem médico.

Melinda ajudou Gina a levantar-se e a levou para casa.

Passaram algumas semanas do acidente, Gina já havia se recuperado da lesão mas Dom não recuperou-se mentalmente, estava distante. Gina o chamava para passear, mas ele sempre arranjava uma desculpa. Começou a dizer que tinha medo de machuca-la outra vez. Ela respondia que havia sido um acidente. Mas mesmo assim algo mudou.

Começaram as aulas e no primeiro dia, Gina esperou Dom sentar-se para escolher sua classe próxima a dele, para ela nada havia mudado. Ele sentou-se na última cadeira da sala e ela ao seu lado. Ele não estava satisfeito e olhando com cara de bravo falou:

_Você não precisa ficar aqui, existem várias meninas legais que podem ser suas amigas, logo logo me esquece.

_Nunca te esquecerei, você me pegou, serei sempre sua.

Gina disse aquilo pra animar seu melhor amigo, e conseguiu. Dom agora não só era seu amigo como também seu protetor. Defendia-lhe de tudo e todos. E ela percebendo tudo aquilo disse a ele:

_Dom meu amigo, não precisa ficar cuidando de mim o tempo todo, já imaginou quando eu achar um namorado?

_Namorado? Como assim? Você é minha.

Dom a pegou pelos braços, atravessou a escola e quase a arrastando a levou para fora. Roger colega deles e que já trocara olhares com Gina, foi na direção deles e perguntou:

_O que está havendo, posso ajudar Gi?

_Gi? Questionou Dom. Que intimidade é essa com minha Gina? Nem eu a chamo assim.

Gina soltou-se e correu para a escola, Roger tentou segurar Dom, mas levou um soco no olho que o derrubou. Outros meninos impediram à entrada de Dom a escola. Ele virou-se e saiu caminhando como se nada tivesse acontecido. Depois do burburinho, o recreio acabou e os alunos um tanto quanto perplexos voltaram as suas salas. Ninguém falou mais no assunto. No final da aula a professora Ester, perguntou a Gina se ela precisava de ajuda mas a menina meneando a cabeça respondeu que não e completou:

_Fica tranquila professora Ester, tudo vai dar certo.

Gina voltou pra casa, sozinha, pensando em seus pais. Esqueceu-se do que tinha acontecido na escola, iria conversar com Dom e tudo ficaria bem. Chegando a casa, foi recepcionada por Dom sorridente que lhe disse:

_Que bom que chegou, preparei um café romântico para nós.

_Romântico? Cadê sua mãe? Vou para meu quarto.

_Não senhora. Hoje você terá a noite dos seus sonhos.

_Para com isso Dom, já foi longe demais. O que você quer?

_O que eu quero? O mesmo que você.

_O mesmo que eu?

_Sim, Você é minha. Você escolheu isso.

_Dom! Você está me assustando. Vou para meu quarto.

_NÃO! Você não vai, a não ser que queira ir para junto da minha mãe.

Ele abriu a porta da despensa e lá estava o corpo de sua mãe. Ele a esfaqueou até a morte.

_Não! Dom! O que você fez?

_Nada. Agora a casa é só nossa.

_Não, você não está bem, vamos chamar uma ambulância, temos que ajuda-la.

_Eu já conferi, está mortinha. Agora se sente, saboreie um pedaço do último bolo que ela fez. O café fui eu. Beba e diga-me se está do seu agrado.

_Dom, eu preciso ir embora, deixe-me ir.

_Não! Seu lugar é aqui.

Gina mudou o semblante e sentou-se com Dom, tremendo, pegou um pedaço de bolo e ele serviu o café. Suas mãos ainda tinham sangue que pingava pela mesa. Ela precisava fazer alguma coisa então tentou:

_Estou com sede, poderia pegar agua pra mim?

Dom levantou-se com um sorriso de orelha a orelha e quando virou-se em direção a geladeira, Gina correu em direção a porta dos fundos, mas resvalou e caiu. Dom veio atrás e disse:

_Eu imaginei que você tentaria fugir, deu certo a minha armadilha. Óleo no piso resolve. Disse gargalhando Dom.

Ele a pegou pelos cabelos, puxou até a cozinha e com uma panela bateu em sua cabeça fazendo com que ela desmaiasse.

Quando Gina acordou estava amarrada em sua cama, sentia muita dor de cabeça. Dom a observava sentado em uma cadeira ao lado.

_Acordou então? Você é minha! Lembra? Somos apenas nós dois agora. Eu vou cuidar de você e você de mim. E gritando completou: NÃO PERCEBE QUE FAÇO ISSO POR VOCÊ? Minha mãe queria mandar você embora para casa da vovó, por isso eu a matei.

E Gina respondeu baixinho:

_Mas por que ela queria me mandar para lá? Eu gosto de morar aqui

_Ela disse que estava preocupada comigo, que eu estava diferente. Ela estava louca. Não faria mal a você.

_Mas você já fez.

Dom subiu na cama e desferiu dois socos em Gina que chorando gritava:

_Mate-me, mate-me.

E ele completou:

_Nunca a mataria, eu amo você.

Mas pegou um lustre no criado mudo, quebrou na guarda da cama e cravou no olho de Gina. Arrancou e cravou mais algumas vezes, até ter certeza de que ela também havia morrido, sujando de sangue o quarto inteiro.

Após o ato, Dom tomou banho, e foi dormir no quarto de sua mãe. Acordou, comeu um pedaço de bolo, bebeu café e foi para a escola. Na chegada foi confrontado por Roger, mas não deu assunto ao colega, passou direto até sua sala. A professora Ester questionou a ausência de Gina e ele respondeu:

_Minha mãe a mandou embora para casa da minha avó, ela não era boa companhia para mim.

A professora achou estranho, mas deixou para ligar para a mãe de Dom no final da aula. No recreio,Estefanie veio conversar com Dom.

_Oi Dom. Cadê sua amiguinha?

_Foi embora.

_Que bom, Você agora pode conversar comigo?

_Claro.

_Então vou lhe perguntar logo Dom. Quer namorar comigo?

_Estefanie, você gosta de mim?

_Sim! Muito. Sempre gostei.

_E fazendo careta saiu correndo atrás dela e falando com voz rouca: Vou te pegar e você será pra sempre minha. Só minha.