A PROCURA DA RAZÃO

— Ele matou todos?

— Parece que sim.

— Quantas pessoas eram?

— Mais de dez.

— Foram quantos tiros?

— Bem, isso não temos ideia.

— Facadas também?

— Sim, muito sangue.

— Se matou depois?

— É a principal dúvida, mas vamos esperar a perícia. Era um homem frio, nunca pensei que tiraria a própria vida.

— Quantas pessoas ele já havia matado?

— Muitas, ele foi o principal Serial Killer da década.

— Então muitas pessoas gostariam de matá-lo?

— Provavelmente.

— E quantos anos ele estava preso?

— Na última vez que o pegaram, ficou três, mas foi preso e fugiu algumas vezes.

— E a condenação era de quantos anos?

— Mais de duzentos.

— E dessa vez ele havia fugido?

— Não, saiu com uma liminar expedida pelo juiz. Teve bom comportamento e saiu para o dia das mães.

— Foi passar com a mãe?

— Sim, e no final da noite, após ter bebido, deu quarenta e cinco facadas nela e veio terminar a noite aqui.

— Então esse cidadão era assassino conhecido, todos sabiam do perigo que ele oferecia a sociedade, mas mesmo assim estava solto e com o conhecimento da justiça?

— Infelizmente é isso mesmo, mas agora ele está morto, não fará mais nada.

— Eu fico pensando nas famílias que ele destruiu.

— Foram muitas

— Você sabia que ele matou minha filha?

— Como assim? Quem é o senhor?

— Sou um pai destruído, um pai de filha única.

— Meu Deus! Cria que o senhor era o delegado, por isso estava lhe dando essas informações.

— Não, só fiz as perguntas para ter certeza do que eu fiz.

— O que o senhor fez?

— Justiça! O que muitas pessoas de bem pensam em fazer, mas não tem coragem.

— Você o matou?

— Você já viu um morto matar outro?

— Como assim?

— Desde o dia que ele matou minha filha eu estou morto. Então pode um morto matar outro?

— Mas mesmo assim está errado, o senhor não deveria ter feito isso.

— Preciso ir agora.

— Não posso deixar o senhor ir.

— Tchau! Foi um prazer agente Marina.

— Como o senhor sabe meu nome?

— Li no seu crachá, nome lindo, o mesmo da minha filha.