PEGAR OU LARGAR!

Uma aglomeração de pessoas lhe chama a atenção, seria fila para emprego? Precisava com urgência ganhar algum dinheiro, era tudo o que queria, mesmo que fosse só um bico, mas tinha que ser de imediato.

Se aproxima para ver o que estava acontecendo. A faixa na frente do prédio anuncia um grande leilão. Resolve dar uma olhada, quem sabe ali estaria o que procurava, ou mais que isso, o que precisava.

Sofás, televisores, quadros, geladeiras, ventiladores, material de escritório, máquinas de escrever, veículos, armários. De tudo um pouco, de vasos de plantas a computadores. Alguns objetos agrupadas em lotes, outros separados por tamanhos, marcas ou valores. O galpão estava cheio, tudo o que aquela instituição pública resolvera desfazer se, estava em leilão, esperando pelo maior lance, a melhor proposta para o arremate.

Ansioso, esfregava as mãos. Observava com atenção o desenrolar do pregão. Com a cópia da relação de itens na mão, acompanhava cada lance, cada martelada do leiloeiro dando por encerrado a disputa de cada objeto.

Chega em fim a sua vez, e também a dos quatros interessados pelo gerador de energia elétrica, que aparentava bom estado de conservação, possuía uma considerável potência, com capacidade de gerar energia para abastecer uma vila com algumas casas, ou movimentar uma pequena indústria.

_ Mil reais! É o lance inicial.

Fala o pregoeiro abrindo o leilão.

_ Pago um mil e cinquenta!

Entusiasmado, faz a primeira oferta.

_ Mil e cem!

Fala o segundo interessado.

_ Mil, cento e cinquenta!

Completa o terceiro

_ Mil e duzentos.

Logo alguém cobre a oferta.

_Mais algum lance?

Pergunta o homem do martelo

_Mil e trezentos...

_Mil e quatrocentos...

A coisa fica bem competitiva

_Mil e seiscentos...

Segue assim uma sucessão de lances.

_ Mil, e setecentos! É minha proposta.

Grita outro interessado. Ultrapassada a casa dos dois mil reais, apenas dois continuam na disputa, ele arrisca mais um lance:

_Dois mil e cem, eu pago!

_ Dois mil e duzentos reais, levo eu!

Propõe o adversário.

Ele solicita ao leiloeiro a permissão para olhar melhor o objeto em questão. Aproxima-se acompanhado de perto pelo único concorrente, examina com cautela, verifica algum detalhe em especial e comenta:

_ É um bom motor sem dúvidas, com uma boa revisão, ficará ideal para usar na minha fazenda. Vejo que o Sr. Também gostou dele.

_Gostei sim, é exatamente o motor que está faltando na minha serraria. Afirma o outro.

_Eu preciso desse gerador, mas, pelo que vejo, vai ficar muito caro para quem arrematá-lo, se continuarmos “brigando”.

Demonstrando segurança, fala com firmeza:

_Para chegarmos ao final dessa peleja, lhe ofereço quinhentos reais Para você abrir mão da compra.

_Eu pago 700, para você desistir da disputa!

Propôs o outro, exibindo um maço de notas.

_Eu preciso muito desse motor, Aceita?

_ Se continuarmos nessa disputa, cedo ou tarde um de nós vai ter que abrir, Aceito!

Concluiu ele.

_ Aqui está!

Passando para suas mãos o dinheiro

Recebe a grana e saindo da “disputa” Sela o acordo com um aperto de mão.

Feliz da vida, passa na farmácia mais próxima, tira a receita do bolso, compra alguns medicamentos. Em seguida vai a um hospital, onde sua mulher contorcendo-se em dores pré-parto, aguardava sua chegada com o dinheiro prometido, do depósito, para que fosse feito a cirurgia.

Era o seu primeiro filho.