O ESTRANHO FORASTEIRO
Era uma manhã igual a tantas outras de começo de verão, não fosse aquela bruma densa, repentina e estranha que envolvia a pequena praça daquela cidadezinha esquecida por todos.
Esta cena vista de longe dava a impressão que nuvens abraçavam o local.
A não ser os médicos, ou representantes de governo, que vez por outra apareciam no lugarejo. Assim, nada de novo acontecia, durante anos a fio.
E o mais estranho, era aquela figura risonha, que não falava o dialeto local, mas que porém instalado numa coloridíssima cabana, meio à praça, acabou atraindo todos os moradores curiosos com o fato.
O velho turista, trajava roupas simples de viajante: uma camiseta sem cor pelo uso constante e uns sapatos que continham toda a poeira das estradas por onde passara.
Logo, os poucos habitantes locais se instalavam junto à estranha pessoa. .. A princípio, querendo saber mais sobre o bom homem sorridente, mais tarde, já decepcionados, pois ele só emitia algumas palavras ininteligíveis, o povo do local acabou se acostumando com sua presença e assim começavam a tagarelar.
Começaram falando sobre o local, os costumes da terra. E uma vez que o forasteiro nada entendia da língua do local, eles acabaram confidenciando sobre a própria vida de cada um, de seus sonhos, desejos e carências.
E o mais estranho ainda foi umas semanas após, quando a barraca sumiu da pequena praça, junto com o estranho forasteiro, sem aviso prévio.
Só restaram no local imensos pacotes e pequeninas caixas, meio à estranha nuvem igual a que acompanhara o bom velhinho, antes.
Dentro de cada pacote achava-se o desejo contemplado de cada um que lhe dera alimento, atenção, conforto e amizade e ao que o bom velhinho retribuiu com seu amor a todos daquela pacata cidadezinha.
Em pequeninos cartões alegres e coloridos, com nomes de destinatários bem legíveis, juntos aos embrulhos, lia-se na linguagem local:
Aos amigos, um FELIZ NATAL! BOAS FESTAS! e um ALEGRE ANO NOVO!!! do seu velho amigo HO HO HO HO HO.....Noel.
Aproveito esses mesmos votos e desejo a todos os que lerem este simples conto, agradecendo a atenção recebida ao longo destes anos juntos. Obrigada. (Anna Célia)