Incerteza

Talvez fosse a décima vez que olhava para o relógio.

Perdera a noção do tempo desde que chegara ali. Não sabia se era devido a ansiedade ou pelas paredes todas brancas desprovidas de qualquer atrativo, mas o senso de realidade a abandonara.

Suas unhas já em péssimo estado agora estavam até a carne, nem sentira que as estava roendo, fora o gosto ferruginosso do sangue que lhe chamara a atenção para isso.

Seus pensamentos fugiam do momento presente e se pegava lembrando que esquecera de comprar novos pares de meias brancas, Samuel não gostava de usa - las quando estavam velhas e com bolinhas. Precisava sair dali e passar em alguma loja.... Não, ela não podia sair dali, precisava esperar até que alguém viesse ter com ela.

Olhou novamente para o relógio, mas não captou a hora ou os minutos que haviam passado. Será que esqueceram que ela estava ali naquela sala esperando por notícias? Levantou e andou pelo corredor, mas os rostos que viu pareciam esquecidos também!

Disseram que não se preocupasse que tudo ficaria bem. Então por que não vinham lhe disser alguma coisa? Qualquer coisa? Ou seria melhor a ausência de notícia, significando que realmente tudo acabaria bem? Já não sabia o que pensar, e aquela idéia idiota das meias não lhe saia da cabeça!

Dedilhou os dedos no assento duro da cadeira mas parou quando o homem a seu lado lhe lançou um olhar enfurecido. Quando pensou que iria enlouquecer uma enfermeira se aproximou. Todas as respirações naquele momento pararam naquela sala de espera, afinal a quem ela iria se dirigir com o rosto transformado em sincera comiseração?

Tânia Mara Paula
Enviado por Tânia Mara Paula em 08/10/2016
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T5785212
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