Estremecimento
Fazia frio.
E ele precisava ficar movimentando as pernas e os braços para não congelar. Quase não sentia mais os dedos.
A névoa tomava conta de tudo fazendo aquele momento parecer meio irreal. E se não fosse a dor que tomava conta do seu peito a cada respiração dolorida, poderia imaginar que fazia parte de algum conto de fadas e que duendes ou leprechaus poderiam sair de alguma moita ou tronco apodrecido de árvore e lhe assustar. Impossivel, já estava assustado o bastante naquele momento e não era por criaturas mística. O tempo naquele momento era seu pior pesadelo.
Ouviu um barulho vindo de algum lugar ao seu redor, não conseguia identificar direito de onde vinha, era como se seus sentidos estivessem congelando também.
Sentiu-se como a pressa, não mais o caçador. E se conseguisse se enxergar agora, veria que seus olhos estavam arregalados de puro pavor.
Perdera totalmente o senso de direção e a auto confiança que sentia ao entrar na floresta também sumira.
Fora um idiota. O que pensara quando assumira aquela empreitada? Era apenas um homem, e no momento sentia que era um homem com a causa perdida.
O segundo barulho veio de mais perto. Como se algo sussurrasse em seu ouvido, virou - se num repente com os punhos fechados, mas não viu nada além da serração fechada.
Era um cheiro estranho que sentirá no ar? Só podia estar delirando. O frio era capaz de fazer isso, só podia ser a baixa temperatura que o deixava meio tonto.
Tentou firmar os olhos, não conseguia mais identificar a trilha pela qual viera. Andou indeciso alguns passos, mas não fazia idéia de para onde estava indo. De repente estancou de vez e um arrepio, não de frio, mas de pânico fez o cabelo de sua nuca ficar em pé, petrificando seu coração.
A última coisa que ouviu foi a risada. Alta, delirante e apavorante.
Depois, apenas a escuridão eterna.....