É muita Pressão

Dez horas da manhã, um silencio abrasador, uma manhã razoavelmente fria, onde sol não deu o ar de sua graça, pelo menos em seu horário usual. Eu ali sem poder ver o céu, ver o dia, sentado sozinho começo ouvir um caminhar suave, delicado, mas objetivo e ritmado vinha em minha direção. Passos largos e determinados e pelo som que fazia e que se fazia notar a cada minuto estar mais próximo com o barulho do salto tintinindo no assoalho de madeira velho, mas muito bem preservado e limpinho , fazia com que mil pensamentos rodeassem minha cabeça . Eu ainda não sabia se aquilo era bom ou ruim, mas sabia que teria que enfrentar aquele momento ali sozinho. Logo eu que tenho tantos amigos, tantos familiares, me encontrar ali naquele momento tão sozinho, temeroso pelo porvir, não combinava nem um pouco com o meu modo de ver, entender e viver a vida. Tinha mais gente ali, mas eu não conhecia nenhum deles. Até aquele dia, aquele momento, eu era uma pessoa alegre, feliz, descontraída, cheia de vida, sorridente, capaz de fazer as pessoas sorrirem e se alegrarem com os comentários que fazia, agora eu estava ali desolado, sem saber o que fazer, com vontade de fugir , mas não podia, eu não queria e (nem quero) carregar uma culpa pelo resto de meus dias por não ter enfrentado uma situação , por fugir desesperado mesmo antes de saber o que iria acontecer e o que poderia ser feito, sem saber a resposta, a razão daquilo tudo, enfim , eu não podia sair dali , não , não podia . Mas a cada instante os passos ficavam mais nítidos, mais fortes, mais previsíveis, já dava para perceber, pelo estilo e tonalidade, que eram passos masculinos, destemidos no sentido de ser o portador de tal noticia. Será que tamanha responsabilidade não iria abala – lo, será que não incomodaria nenhum pouco seu modo de vida. Cheguei a pensar como podem existir pessoas assim tão insensíveis com os problemas alheios, mas por outro lado, provavelmente os donos desses passos já deve ter dado essa mesma noticia a muitas pessoas e que isso talvez fosse para ele uma simples rotina e que ele nem se importava mais e que agiria mecanicamente ao dar a noticia e depois sairia dali e iria tomar um café, almoçar, sei lá, para ele a vida não iria mudar, iria continuar a mesma coisa que sempre foi. Mas para mim não, aquilo tudo era muito novo, nunca passei por isso, nunca passei por nada que ao menos parecesse com isso, sei que não sabia qual seria minha reação após receber a noticia, era um momento impar em minha vida e eu estava ali sozinho, não havia possibilidades nenhuma naquele momento em compartilhar, dividir ou pelo menos contar para alguém, segurar uma mão amiga. As pessoas falam que experiências assim fazem a gente crescer, se tornar mais fortes, sábios, resistentes as intempéries da vida, nos traz conhecimentos para podermos mais tarde enfrentar qualquer tipo de situação. Eu até concordo com isso, mas que viver este momento, passar pelo exato momento em que esta acontecendo, realmente é muito difícil. Olhei para o lado, mais duas pessoas estavam ali sentadas, com o rosto não tão assustados quanto eu, talvez já tivessem passado por esta experiência e aquilo tudo já não os assustavam mais. Tentei dar um sorriso, meio amarelado, que acho que demonstrou toda minha insegurança naquele momento, eles estavam cada um em um canto, sem nada falarem, um até parecia estar mexendo em um celular, o outro parecia cochilar e eu ali quase “botando os bofes para fora” de tanta preocupação. Agora já não tinha mais como fugir, chegou o momento crucial, era agora, a hora de saber a resposta, a hora da verdade, parecia que até as trombetas celestes tocavam, aquilo era muito importante, eu iria saber agora, não tem mais jeito de recuar. É agora. Em um momento único, o coração acelerou, os olhos esbugalharam, os pensamentos surgiram de todos os Lados, quando os passos cessaram sua caminhada, o silencio invadiu todo o ambiente, aquele rapaz, ainda novo, era o portador da tal noticia, ele chegou olhou para cada um de nos que estávamos ali, parecia que ele queria descobrir quem era quem, provavelmente ele sabia os nossos nomes, mas não sabia ligá-los a pessoa. Aquele olhar, curioso, inquisitivo, indefinido com as pupilas indo de um lado ao outro dentro do globo ocular, aumentava ainda mais aquela angustia.

Foi aí que aconteceu, em meio aquele silencio total, soa o toque do telefone daquele rapaz, uma musica alegre, contrastando com todo aquela situação que caminhava para uma ambiência fúnebre. A música era “lá bamba” de um conjunto chamado Los lobos, foi sucesso muito antigo que quando estava em seu auge, provavelmente aquele jovem ainda nem tinha nascido. Ele olhou para nós, se virou e saiu da sala sem falar nada, conversou no telefone por uns longos cinco minutos, que pelo menos para mim foi uma eternidade. Ao terminar a conversa que tentamos ouvir, mas não deu, ele voltou para a sala de espera olhou para nos, com toda seriedade, o silencio voltou a invadir o ambiente e falou ... meus caros amigos, tenho notícias boas e ruins, qual vocês querem primeiro, eu rapidamente respondi, como se falasse em nome de todos ali. Eles não falaram nada então deu a entender que concordaram com a minha decisão, então o rapaz disse, as ruins é que o Frango assado acabou. e as boas que outra remessa vai sair daqui uns 30 minutos, se quiserem esperar voc6es serão os próximos. Pois fizeram os pedidos pelo telefone certo. Eu tinha que esperar, pois estava com a casa cheia de visitas e não tínhamos preparado nada para o almoço, foi de surpresa, eu nunca tinha recebido tanta gente assim sem avisar, realmente era difícil, mas eu ia esperar, era o próximo da fila.

WL Pimenta
Enviado por WL Pimenta em 05/10/2016
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