NOVELA DE RÁDIO ( Conto)

Antes do desenvolvimento da televisão, algumas emissoras de rádio transmitiam novelas e com muita capacidade. Os ouvintes seguiam seus capítulos como os tele-espectadores seguem hoje na televisão, e que tinham muita audiência, com boa sonoplastia que imitava os sons no desenrolar da história.

Lembro-me de uma peça que foi transmitida por uma emissora de rádio de Limeira, cuja peça não me recordo o nome, muito comovente.

A história se inicia numa casa de família, meio distante da cidade, talvez uma chácara ou um pequeno sítio, que possuía um grande galpão de madeira, onde o filho de dois anos brincava todos os dias. Num determinado dia esse galpão pegou fogo e consumiu totalmente em poucos minutos. A mãe desesperada procurou pelo filho, em todos os lugares e não o encontrou. Fizeram buscas pelos arredores e nada de encontrar o menino que era chamado de Jairzinho e concluíram que ele tinha sido consumido pelo fogo. Naquele torpor, a mãe ficou totalmente desequilibrada mentalmente e não se recordava do grande incêndio e mandava a babá preparar as refeições para o menino, um grande boneco colocado no berço. Várias babás se passaram pelo emprego e ficavam assustadas de levar mingaus para um boneco. A última babá, mais esperta, comia o mingau e falava para a mãe que o Jairzinho tinha comido tudo e a mãe ficava feliz. Essa babá ficou muitos anos com a família. até o final desta história, usando esse engodo ou sutileza.

O marido e parentes procuraram tratamento para a mãe com muitos médicos, em diversas cidades, e não conseguiram curá-la. Passaram-se mais de vintes anos, e sempre a babá levando os mingaus e papas para o quarto com um berço e um boneco dentro.

Havia um jovem médico psiquiatra, muito estudioso no assunto e visitava várias localidades em busca de sua teoria de cura e que chegou nessa residência indagando toda família e vizinhos sobre como tudo aconteceu. Ficou sabendo do galpão incendiado com o menino dentro e, conforme informações pediu que se construísse no mesmo local outro galpão semelhante ao que foi incendiado. Terminada a construção mandou reunir toda a família e vizinhos e pediu que o marido, o único que sabia do plano, o incendiasse do mesmo modo como havia acontecido na primeira vez, mas planejado para parecer um acidente e esse galpão foi consumido em minutos. Foi um corre-corre e desespero de todos e o médico tinha providenciado um grande boneco e deixou nas proximidades e pegou esse boneco e disse para a mãe:

— Graças a Deus o Jairzinho não estava no galpão e está salvo, e mãe olhou para ele e disse:

—O Senhor está louco, doutor, isso aí é um simples boneco. A teoria do médico se confirmou, a mãe estava curada. O mesmo trauma que a enlouqueceu a curou.

O médico que havia feito muitas pesquisas nas proximidades chegou a conclusão de que ele era o Jairzinho e que minutos antes do incêndio tinha sido levado por um desconhecido e que estava há muitos anos procurando por sua mãe, que agora estava à sua frente e curada e que a abraçou com alegria e muitas lágrimas nos olhos e todos familiares, parentes e vizinhos choraram juntos. A mãe extremamente feliz e ainda chorosa, agradeceu a Deus por ter recuperado seu filho, agora um belo e jovem médico.

O médico, quando chegou ao local sentiu uma sensação dèjá-vu, numa nebulosa lembrança do incêndio, do local e do desconhecido que o levou, principalmente do rosto terno da mulher, agora sua mãe e o fim da procura de sua origem.

Desconheço o autor.

Autor desconhecido
Enviado por Miguel Toledo em 14/09/2016
Reeditado em 14/09/2016
Código do texto: T5760521
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