Fuga
14/8/2016
Eles fugiam desesperadamente. Estavam em um lugar estranho e não sabiam exatamente como tinham ido parar ali. Michele e Humberto eram irmãos. Enquanto eles corriam por ruas escuras e sujas, ofegando e com medo, ele perguntou a ela:
– Vamos ligar para a mãe!
– Tá, entra ali.
Eles entraram em uma porta que estava aberta, era uma lanchonete, mas não havia luz lá dentro. Eles procuraram os celulares nos bolsos, mas ela estava sem o seu aparelho. Humberto então pegou o dele e discou, a luz abrangeu o lugar onde estavam agachados. Havia todo tipo de barulhos lá fora, mas eles não reconheciam nenhum. Era um barulho de metal cantando e rangendo al ser esfregado em mais metal.
O telefone chamava, mas a mãe não atendeu.
– Humberto, não podemos ficar aqui parados, pois não sabemos onde estamos, vamos procurar a delegacia e ver se alguém nos ajuda!
– Mas como saberemos onde há uma delegacia?
O barulho de passos arrastados chegava mais perto. Ela se levantou e puxou Humberto pela mão saíram por trás da lanchonete, e lá era uma rua sem saída. Eles tentaram pular o muro, mas era impossível. A casa tinha arame e eles não conseguiriam pular. Ela sabia que o cheiro do sangue chamaria a atenção daquilo.
Eles se esgueiraram para voltar a rua da frente e voltaram por onde vieram. Toda a rua suja estava úmida, era sangue e cabelo para todo lado, mas não via mais nada. Ela pegou a faca que tinha guardada para poder defenderem-se, e andaram sem fazer barulho, até que então o cheiro de morte subiu no ar e um grito terrível ressoou no ambiente. Não era possível identificar de onde vinha, eles se abaixaram, pois a sensação era de que um tiro havia sido disparado de algum lugar. Mas não havia tiro, era só o grito.
Neste momento avistaram Luly, a cadela da família.
– Ela não nos viu.
– Vem Luly, vem! – chamou o irmão.
A cadela veio ao encontro deles latindo toda feliz, estava sangrando muito e com dor. Eles a pegaram no colo. Era um cão grande, mas não poderiam deixa-la ali. Porém ela não parava de -fazer barulho:
– Shhhhh, Luly, shhhhhh.
Quando estavam chegando no carro dos seus pais, que estava todo apagado Michele sentiu como se houvesse alguém olhando para eles, mas ao se virar conseguiu ver nada. Sentiu o coração acelerar e as pernas endurecerem, Humberto gritou para ela, mas não conseguiu olhar para ele, pois ele havia desaparecido, assim como Luly, que estava em seu colo. O carro parecia derreter, será que jogaram ácido? Nada daquilo fazia sentido. Michele começou a chorar e gritar desesperada, chamando pela sua mãe.
- Acorda Michele! Você está tendo um pesadelo. - Humberto a chacoalhava. - não faça barulho, pois ele vai nos achar. - Luly estava sobre ela, resfolegando.