O DUQUE
O salão principal estava abarrotado de gente, a porta se escancarou e de repente se iniciou um tiroteio. Todos correram sem direção, apavorados com a ideia de caírem mortos no chão, ensanguentados e de olhos abertos à frente da imagem do próprio cadáver enquanto flutuavam ululantes em forma de espectro.
“Quem me chamou aqui?” perguntou o atirador aos berros, ostentava no pescoço um enorme medalhão de prata.
Quando todos já estavam mortos, sem expressões, com as faces mescladas ao carpete persa da sala de jantar, eis que desce das escadas, a passos longos e simétricos ele, o duque.
- Estavam me incomodando, mal conseguia dormir. Disse ele, irritado, limpando os ouvidos com o dedo mindinho enquanto descia as escadas, e caminhava com cautela, pisando na ponta do pé no chão para não pisotear nenhum corpo.
- Chamou-me aqui para matar todos os seus convidados dessa festa de merda? – indignou-se o assassino.
- Jamais… disse serenamente o duque.
- No telefone você disse para chegar acabando com a festa – indagou o atirador.
Sim, foi o que eu disse, mas você me interpretou errado. Eu quis dizer pra você parar com a festa, mandar todos pra casa, sabe… pacificamente. Você é quem foi violento.
- Você sabe o meu trabalho, seu filho da… O assassino tentou apontar o revolver, mas mal terminou sua frase e logo estava deitado no chão. Os olhos fechados e o rombo na garganta. O duque havia sacado rapidamente sua Pistola Magnum 357 e disparado um tiro certeiro na boca do desgraçado.
Após matar o bandido o duque se dirigiu a escrivaninha, respirou fundo, apanhou o telefone e começou a discar o número da polícia.
- Venham até aqui! Ele disse seu próprio endereço, desligou o telefone e acomodou-se em sua poltrona enquanto preparava o charuto.
Na manchete do jornal do dia seguinte estava escrito:
“Matador se suicida após aniquilar família inteira”
E a notícia seguia:
“O motivo do suicídio do assassino foi o remorso. Após o duque ajoelhar-se por misericórdia o bandido enfiou o cano da arma na própria boca e disparou (…)”