A LENDA
Ela era intensa demais, linda de um jeito novo, era simplesmente diferente de qualquer outra, ele a observava do fundo da festa com um copo de refrigerante light em sua mão, ele não tirava os olhos dela, ela era pura alegria e tristeza ao mesmo tempo, inspirava trevas e ao mesmo tempo luz, era uma verdadeira contradição, ela dançava alheia a tudo e a todos com os olhos fechados, ela ia em seu próprio ritmo, com seus cabelos roxos ao vento.
Quando a música termina, ela permanece com os olhos fechados por um momento, mas quando os abre, ela olha em sua direção, e nossa, eram como olhos de felino, a explicação obvia seriam lentes de contato, mas quem liga?
Eram lindos e os observava com uma expressão de pura surpresa
Ele engole e respira sem saber o que fazer, pois ela estava indo em sua direção, mas algo acontece em um simples piscar de olhos, ela em uma velocidade absurda se encontra em uma direção contraria, indo embora sem ao menos olhar para trás.
Ele poderia parecer louco mas começa a correr não tão disfarçadamente atrás dela, e em meio a multidão ele a perde de vista então:
Empurra
Empurra
Empurra
Ouvindo xingamentos de todos os lados, quando por fim consegue sair, ver somente mechas roxas curvarem um beco.
Então ele segue nessa direção.
Não conhecendo a si mesmo por seguir essa estranha, mas ela tinha algo diferente que o atraia, como o canto de uma sereia, como a metade de um imã.
Ele dobra a esquina e é interceptado por duas mãos que o puxam e o prendem a parede, com uma força sub-humana, forca tal que viam daqueles olhos felinos.
Ainda se sentindo hipnotizado por seu olhar ele pergunta
– quem é você?
– alguém que não deverias ter seguido, alguém que não deveria se relacionar com humanos, e você é alguém que não deveria ter prestado atenção em mim, assim nada teria dado errado, agora terei que limpar as provas– ela fala quase gritando.
Ela respira pesadamente, provavelmente tentando se acalmar, enquanto ele reflete sobre sua palavras...
" não deveria me relacionar com humanos "
Seu coração bate desenfreadamente
Tum
Tum
Tum
A lenda era real, a lenda local...
"De que a muito tempo um cientista experimental, ao perder mulher e filhos em um acidente, se deprime e usa todas as suas forças e a foca-se somente na ciência, usando-a como ponte de fuga de sua solidão.
Mas não satisfeito com as que fazia em animais, decide-se a fazer em si mesmo, corrompendo-se pois em uma de suas misturas que tinham o objetivo de aumentar a capacidade dos humanos fisicamente, ele sem nenhum teste injeta a mistura em si mesmo, mas o resultado não foi o esperado, ele virou um monstro, tinha garras de lobo, olhos felinos, pés de porco e asas de borboleta era simplesmente uma mistura de todos os animais nos quais já fez experiência.
A quem diga que foi uma vingança da natureza, e então o cientista se surpreendeu ao amanhecer, pois se encontrou intacto e pensou ter sido apenas um pesadelo, e descobriu depois de um tempo que a transformação só acontecia de noite.
Diz a lenda que ele se reproduziu e seus descendentes continuaram a se espalhar, sendo criaturas diferentes do resto da sociedade que se escondiam ao pôr do sol, e que mudavam geneticamente pelas gerações as vezes tendo somente asas ou garras e assim por diante.
Nunca acreditou mas estava diante de um deles agora, tinha certeza.
Ela o trouxe de volta a realidade com um certeiro tapa na cara.
– Ai! – ele diz todo abobalhado
E então pensa na pergunta certa a se fazer.
– o que é você? – ao que ela responde – uma aberração, e eu vou fazer o que aberrações fazem...
– e o que seria? – ele pergunta em um fio de voz.
– Me livrar de você
Então ela abre lindas asas roxas, e o carrega ao vento, levando-o ao ponto mais alto de um prédio, o posiciona na beirada, lhe envolve com suas asas e sussurra em seu ouvido – não é nada pessoal, estou apenas protegendo uma historia que deve permanecer uma lenda – e então o empurra em direção ao fim.