Toc, Toc

Toc, toc eu bati na porta do novo vizinho, minha mãe sempre teve a tradição de deixar alguma comida na casa dos novos moradores.

Ele era um senhor bem velho, velho e corcunda, apesar do medo que ele me fez na primeira vez que o vi me forcei a bater em sua porta, ou melhor, minha mãe me forçou.

Ele abre com uma carranca na cara puxa o bolo da minha mão e fecha a porta, como assim? Que homem, mas mal educado, saiu decidida a nunca mais voltar lá nem olhar na cara daquele bruto.

Mas a curiosidade é mais forte, eu continuo a observa-lo, porque ele nunca sai de casa?

Mas certa noite em quanto encarava sua casa vi uma sombra muito grande... Grande até demais para ser humana se movimentar atrás das árvores altas de sua casa. Que estranho, será que ele esconde um animal selvagem enorme em seu porão e o solta de noite para comer as pessoas? Não digo a mim mesma não viaja...

Eu continuo a observa sua casa pelas noites seguintes, coisas estranhas continuam a acontecer, consigo uma melhor visão da criatura, era azul, tipo azul do mar era uma cor linda, mas uma criatura grande e horrenda.

Ao invés de sentir medo fico ainda mais curiosa, a observo pelas noites seguintes, ela sempre sai e fica de trás das árvores olhando as estrelas às duas horas da madrugada ela surge e sumia novamente as três e quarenta e cinco, ela só ficava lá parada.

Dias se passam e eu bato novamente na casa do estranho, com a curiosidade engasgada em minha garganta.

Toc, toc ele abre depois de cinco tentativas.

—o que é menina? — ele diz daquele jeito bruto dele

Crio coragem e faço a pergunta que não sai de minha cabeça

— o que é a criatura que mora no seu porão? — digo receosa

Eu esperava muitas reações daquele homem uma porta na minha cara silencio mortal, mas não uma gargalhada disparada, uma risada que vinha do fundo da sua garganta.

Então finalmente ele fala — vou lhe contar uma historia menina... Há muitos anos um homem se apaixonou por uma bela donzela, mas mal sabia ele que ela era prometida a outro, eles se amaram e se apaixonaram, e ela nunca lhe contou a verdade, eles se encontravam todas as noites sentavam perto do rio e olhavam as estrelas, as estrelas somadas a sua beleza dava um ar ainda mais estupefato a situação, mas nem tudo é perfeito por muito tempo, certo dia o homem no qual ela era prometida é informado que sua noiva o estava traindo, furioso sai a sua procura e os pega de mãos dadas, revoltado e traído o homem poderoso e conhecedor de magias lança uma maldição sobre o garoto apaixonado, “o ladrão ninguém, mas amara e presa a uma forma disforme para sempre ficara” o garoto é impedido de ficar com sua amada e ela forçada a se casar com alguém que nunca amou, morre de amargura e o feiticeiro pela eternidade ainda vive. — ele termina a historia e fica em silencio me encarando quando retorna a falar sua voz é sombria — interessante né? — então fecha a porta na minha cara outra vez, me deixando ainda mais confusa.

De noite encontro um bilhete de baixo de minha porta e nele dizia “a maldição em um momento se quebrou, mas impedido do amor e preso ao feiticeiro ele ainda ficou”.

Bato em sua porta na manha seguinte furiosa com todo aquele mistério.

Toc, toc

Ele abre — você de novo menina? — vejo um sorriso verdadeiro em seus lábios.

Tomo coragem mais uma vez e digo — você é a criatura? Né?

Ele solta outra daquelas risadas — você anda assistindo muitos filmes garota.

Ele estava prestes a fechar a porta outra vez, então aproveito a oportunidade e entro em disparada em sua casa, e o que vejo são lindos quadros de uma linda donzela e um belo rapaz e se eu olhasse bem parecia... Parecia com o vizinho estranho.

— acho que você obteve a sua resposta menina— ele diz

E no canto dos meus olhos vejo um homem e algo grande e azul.

FIM.

Cristinyy
Enviado por Cristinyy em 26/03/2016
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