A FURIA DE UMA MULHER
Os demónios que habitam minha alma assolam os anjos existentes.
A cólera arrebata meus princípios. Não queria machuca-lo, não queria
olhar seus olhos de suplica, mas fora preciso. Me calei quando ele
decidiu ir, soube deste o primeiro instante que havia outra mulher.
A dor da traição dilacerou meu coração, ele precisava ser punido,
precisava saborear o gosto amargo da rejeição. Na noite em que
estive em seu apartamento, a frieza com que me recebeu despertou
meus instintos mais perversos. Já faz um ano, hoje eles se casaram.
Cómico como descartamos alguém que juramos amor eterno. Mas
ele havia jurado amor eterno para mim, em alguma parte de seu ser
tal sentimento deveria existir. Decidi recuperar o que me pertencia,
decidi castiga-los. Sai do meu prédio as dezoito e trinta, rumo ao
seu sitio no interior de Minas. Após dirigir duas horas e meia cheguei
ao rancho. Conhecia a propriedade como a palma da minha Mao.
Estacionei o carro na entrada, peguei a bolsa e desci. Apesar do breu
eu sabia muito bem caminhar ate a casa. Os cães me conheciam e
sabia como entreter-los, alguns biscoitos caninos e eles se
acalmaram. Caminhei sorrateiramente ate a porta principal, de onde
podia ouvidos, ouvir a musica e suas risadas de felicidade. Felicidade
que me pertencia. Abri a porta que por habito ele nunca trancava.
Olhei a sala ampla, como era aconchegante as recordacoes dos
momentos que dividimos, do amor que vivenciamos.
Subi devagarmente as escadas, eles estavam na suite no fim do
corredor, hipocrisia ele ter a audaciosa de leva-la para a cama que
dividimos. Neste momento o odiei por proporcionar a ela o que ele
havia arrancado de mim. Dar a aquela vagabunda nossas vidas, o
seu amor que me pertencia. Parei na porta do nosso quarto e abri
lentamente a porta. Ambos estavam nus, rindo, felizes. Que dor tal
cena me causava. Quando ela me viu empalideceu, ele num instinto
pulou da cama. Seus olhos estavam aterrorizados, engraçado como
uma presa presente o algoz a ceifar sua vida. Abri minha bolsa e tirei
minha pistola nove milímetro. Eu ria diabolicamente, ria do temor que
se instalava em suas faces. Das frases que ele inutilmente tentava
balbuciar e soava Tao sem nexo. Em todo momento ele não se
apiedou da minha dor, tentava protege-la, com seu corpo.
Mas ambos haviam escolhido me machucar, haviam roubado minha
vida. Podia acerta-los sem causar dor, mas não era castigo
suficiente. Precisava acertar seus miolos e paralisar o sistema
nervoso central, agonizariam por horas, assim saberiam o erro que
cometeram. Mirei a arma, com braços firmes, após o disparo eu
levaria um tranco, precisão e frieza se fazia necessário. Quando
engatei o pente e disparei o som de clemencia se fez ouvir como
um trovão. Mas fora apenas para amedrontar-los, era divertido
vê-los pedindo piedade, quando piedade não tiveram de mim.
Engatei novamente e mirei, num tiro certeiro acertei a testa dela, ele
então, veio para cima de mim. Mas rápida como uma leoparda o
acertei, não fora minha intenção acertar seu torax. Infelizmente não
tive opção. Parei e fitei seus corpos, nus sem vida. Sentei em uma
das poltronas existentes no quarto e acendi um cigarro.
Eles haviam escolhido me abandonar, ela havia escolhido me roubar o
homem que amei. Apaguei o cigarro, e guardei a pistola em minha
bolsa. Me levantei, sai do quarto, desci as escadas lentamente.
Um sentimento de paz me confortava. Fui ate a cozinha e abri o
painel de distribuição de energia. Com um machado que usavam os
para cortar lenha, o qual peguei embaixo da pia, arrebentei toda a
fiação, causando um curto circuito. Abri o gás e sai pela porta dos
fundos, caminhei alguns passos, quando ouvi o som de uma explosao.
Me virei e a cozinha estava em chamas, me apressei e corri ate meu
carro. De la vi a casa ser consumida pelas chamas. Peguei um
caminho alternativo, a cidade não tinha bombeiros o socorro
chegaria tarde. Alias somente para recolher a sobra dos corpos, que
a chama consumiu. Retornei para São Paulo, são três e trinta da
madrugada, neste momento estou dormindo com meu vizinho.
Ele e meu álibi, e após algumas doses de conhaque, provavelmente
acordemos depois das doze horas. Tempo suficiente para a imprensa
noticiar, a trágica lua de mel, do casalzinho.