MISTÉRIOS DO CARAÇA
Fui ao Caraça atrás de uma história que começou lá no início do século XVIII, mais precisamente em 1720, quando o Rei de Portugal, D. José I, incumbiu o Marquês de Pombal de caçar, prender e matar em praça pública todos da família Távora.
Isto porque chegou aos ouvidos de D. José I, que um dos membros desta família, havia prometido matá-lo. Um lazarista leigo da família Távora, chamado Carlos Mendonça Távora, avisado com antecedência pelos Lazaristas da Ordem de São Francisco, fugiu de Portugal no primeiro navio que, de lá, partiu.
O navio que fugiu Carlos Mendonça Távora vinha para o Brasil e atracou no Porto do Rio de Janeiro. O único sobrevivente do massacre do Rei D. José I, se dirigiu para a região de Ouro Preto, fazendo fortuna no garimpo do ouro, que era abundante naquela época.
Lá pelos anos 1760, o Rei de Portugal incomodado com a riqueza principalmente do contratador português João Fernandes de Oliveira, aquele que se casou com a escrava que logo se tornou Dona Xica da Silva, e ainda insatisfeito com os poucos ganhos conseguidos com os impostos vindos do Arraial de Tijuco, hoje Diamantina, interveio tomando para si a extração do diamante naquela região, quando então, criou a Real Extração do Diamante.
Novamente, D. José I estaria perto de mais do único Távora sobrevivente e, por isso, Carlos Mendonça Távora, mais uma vez, fugiu de D. José I. Mas, dessa vez, não saiu com as mãos vazias. Carlos Mendonça havia feito fortuna e foi se esconder próximo a um lugarejo chamado Catas Altas, se embrenhando mata adentro. Escolheu como refúgio tanto do Rei como da vida do garimpo, um lugar entre montanhas onde uma delas, ao longe, se podia ver esculpido pela natureza, o formato de uma grande cara. Ao lugar deu o nome de Caraça.
Caraça se tornou o mais importante colégio do Brasil, mas isto relatarei num romance no meu terceiro livro (O SANTUÁRIO DO CARAÇA). Voltando lá no início, quando dizia que havia ido ao Caraça, em buscas de casos realmente acontecidos, o pouco tempo que por lá estive me embrenhei pelo acervo literário acumulado desde 1820, de modo e de certa forma vivenciar, a história de como realmente foi vivida naquela época.
Para tanto, me apresentei ao Padre Lauro Palu, diretor do Santuário do Caraça, como escritor interessado nos fatos acontecidos nesses 200 anos de existência do Colégio.
Padre Lauro, dono de um conhecimento invejável e de personalidade austera, disse-me que ficasse à vontade para coletar os dados de que necessitasse, com a condição de que o livro, antes de editado, passasse por sua revisão. Além de tantos outros atributos, Padre Lauro é revisor de inúmeros autores, o que me deixou muito feliz.
O diretor do Santuário do Caraça, listou alguns autores que já escreveram sobre aquele fenomenal Santuário e colocou uma pessoa de sua confiança para acompanhar-me o tempo todo na biblioteca, a ajudar-me no que fosse preciso. É exatamente aqui, que começa essa história.
Fui ao Caraça atrás de uma história que começou lá no início do século XIII, mais precisamente em 1720, quando o Rei de Portugal, D. José I, incumbiu o Marquês de Pombal de caçar, prender e matar em praça pública todos da família Távora.
Isto porque chegou aos ouvidos de D. José I, que um dos membros desta família, havia prometido matá-lo. Um lazarista leigo da família Távora, chamado Carlos Mendonça Távora, avisado com antecedência pelos Lazaristas da Ordem de São Francisco, fugiu de Portugal no primeiro navio que, de lá, partiu.
O navio que fugiu Carlos Mendonça Távora vinha para o Brasil e atracou no Porto do Rio de Janeiro. O único sobrevivente do massacre do Rei D. José I, se dirigiu para a região de Ouro Preto, fazendo fortuna no garimpo do ouro, que era abundante naquela época.
Lá pelos anos 1760, o Rei de Portugal incomodado com a riqueza principalmente do contratador João Fernandes de Oliveira, aquele que se casou com a escrava que logo se tornou Dona Xica da Silva, e ainda insatisfeito com os poucos ganhos conseguidos com os impostos vindos do Arraial de Tijuco, hoje Diamantina, interveio tomando para si a extração do diamante naquela região, quando então, criou a Real Extração do Diamante.
Novamente D. José I estaria perto de mais do único Távora sobrevivente e por isso, Carlos Mendonça Távora, mais uma vez fugiu de D. José I. Mas, dessa vez não saiu com as mãos vazias. Carlos Mendonça havia feito fortuna e foi se esconder próximo de um lugarejo chamado Catas Altas, se embrenhando mata adentro. Escolheu como refúgio tanto do Rei como da vida do garimpo, um lugar entre montanhas onde uma delas, ao longe, se podia ver esculpido pela natureza, o formato de uma grande cara. Ao lugar deu o nome de Caraça.
Caraça se tornou o mais importante colégio do Brasil, mas isto relatarei num romance no meu terceiro livro (O SANTUÁRIO DO CARAÇA). Voltando lá no início, quando dizia que havia ido ao Caraça, em busca de casos realmente acontecidos, o pouco tempo que por lá estive me embrenhei pelo acervo literário acumulado desde 1820, de modo e de certa forma vivenciar, a história de como realmente foi vivida naquela época.
Para tanto me apresentei, ao Padre Lauro Palu, diretor do Santuário do Caraça, como escritor interessado nos fatos acontecidos nesses 200 anos de existência do Colégio.
Padre Lauro, dono de um conhecimento invejável e de personalidade austera, disse-me que ficasse à vontade para coletar os dados que necessitasse, com a condição que o livro, antes de editado, passasse por sua revisão. Além de tantos outros atributos, Padre Lauro é revisor de inúmeros autores, o que me deixou muito feliz.
O diretor do Santuário do Caraça, listou alguns autores que já escreveram sobre aquele fenomenal Santuário e colocou uma pessoa de sua confiança para acompanhar-me o tempo todo na biblioteca, a ajudar-me no que fosse preciso. É exatamente aqui, que começa essa história.
Chegando na biblioteca do Caraça, que depois do incêndio do colégio em 1968 ficou com um acervo de aproximadamente 15.000 exemplares, direcionei-me a bibliotecária que de pronto levou-me para o fundo da biblioteca onde havia uma pequena mesa de estudo e nela, um amontoado de documentos e livros do acervo.
A impressão que me deu a princípio é que algum pesquisador esteve naquela mesma mesa, horas ou quem sabe dias atrás, procurando algo importante. Afastei parte dos livros que estavam sobre a mesa, fui comentando alguns dados e indagando da bibliotecária, acontecimentos importantes que ela, pudesse contar ou esclarecer-me.
A bibliotecária logo entendeu o que eu queria e além dos títulos sugeridos pelo padre Lauro, disponibilizou-me outros com ênfase para o livro de um ex-aluno, Arthur de Oliveira, dizendo-me que o livro foi produzido principalmente de cartas que o Arthur escrevia aos seus pais e familiares por todo o tempo que em que no colégio estivera.
Chamou-me a atenção quando relatou que este era um livro não muito bem-visto, pelos colegas e padres, porquanto de alguns assuntos abordados nas tais cartas. Depois de algumas outras conversas, a bibliotecária e sua assistente pediram licença e retornaram para uma antessala separada apenas, por uma porta de vidro.
A princípio pensei em ler e gravar os pontos culminantes daqueles livros. Liguei o gravador comecei a ler os livros que o padre Lauro havia recomendado, entretanto, logo deixei de lado tal ideia, pois eram tantos os pontos importantes, que levaria uma eternidade para concluir minhas pesquisas. Pedi, então, para a moça que me acompanhava que fosse folheando os livros, para que eu pudesse fotografá-los. Isso foi realmente fantástico, rapidamente fotografamos um livro inteiro e logo passamos para outro e mais outro, fotografei diversos documentos e voltei a fotografar mais livros.
O silêncio do ambiente só era interrompido quando as folhas das páginas eram viradas para mais um click do celular. Depois de alguns outros livros, comecei a fotografar o livro das cartas do Arthur de Oliveira, lá pela metade do livro, comentei com a moça que estava me assessorando: parece que tem outra pessoa pesquisando na biblioteca, está folheando um livro. A moça apenas respondeu, sim, estou escutando há algum tempo e continuamos o nosso trabalho.
Quase terminando de fotografar o tal livro, fiz novo comentário com a moça: a pessoa não faz nenhum barulho, só folheia, espera que vou dar uma olhada para ver quem, além de nós, está pesquisando na biblioteca. Levantei-me e me dirigi até o fundo da biblioteca e não vi nenhuma mesa e não vi nenhuma pessoa. Voltei à mesa onde estava e passei para o outro lado das estantes de livros, indo novamente até o final da biblioteca, outra vez constatei que não havia ninguém.
Imaginei de pronto que fosse, então, a bibliotecária ou a sua assistente arrumando alguma das prateleiras e fui repassando os olhos, de corredor a corredor, desde o final da biblioteca.
Chegando à mesa, a bibliotecária, a assistente, eu e a moça que me assessorava, começamos a conversar em tom mais alto e descontraído, pois havíamos terminado o nosso trabalho naquele dia quando, então, fomos interrompidos com um único e sutil “Psiu!”.
Uns olharam nos olhos dos outros e, sem dizer nada, dirigimo-nos para a antessala. Já se passava das 17:00 e saímos todos com a bibliotecária trancando a porta central da biblioteca e daquele inexplicável acontecimento.
O que teria realmente acontecido?