Minutos finais (parte 2 de 4)

2.

Quando acordei, estava numa cama de hospital. Logo vi meus pais sentados num banco próximo, minha mãe chorando curvada e com as mãos encobrindo o rosto. Mas meu pai não chorava, apenas me olhava com muito ódio. Assim que percebeu que eu havia acordado, levantou-se e andou até mim.

– Seu desgraçado, você matou sua irmã! – ele disse, exaltado – Nunca mais vou querer ver seu rosto, você não é mais meu filho!

Ele levantou a mão e me deu um forte tapa no rosto. Minha mãe começou a chorar compulsivamente, mas ainda se recusava a me olhar. Logo percebi que ela também me culpava pela morte da minha querida irmã.

Lágrimas começaram a escorrer de meus olhos ao mesmo tempo em que eles saíam do quarto. Foi a última vez que vi meus pais.

5 minutos.

Assim que recebi alta do hospital, tentei voltar para casa, mas meus pais sequer atenderam à porta. Passei vários dias vagando sem rumo pelas ruas, com meu sentimento de culpa a aumentar, juntamente com a enorme tristeza que eu sentia.

Devido a esses sentimentos perturbadores e às várias lesões que recebi no crânio durante o acidente, comecei a enlouquecer. A todo lugar que eu ia, visões de minha irmã morta – coberta de horríveis ferimentos – me perseguiam. Um olhar de ódio e vingança expressava-se em seu rosto.

Em vão eu tentava me esconder, pois ela sempre me encontrava. Por vários meses vivi nessa crescente loucura, até que resolvi acabar com isso. E a única forma seria matando-a, novamente...