A Maldita Janela
A Maldita Janela
Rafael estava sentado no bar, pensando na vida após sua namorada ter terminado com ele, bebendo ouvia a música que tocava na Jukebox, tentava entender a letra, mas apenas entedia: “Faster, Faster you run through the ... Poor man, you have nowhere to go... Knew just in corner a death is waiting for you” e então deu um cochilo na mesa do bar.
Quando acordou era meia-noite, o dono do bar estava apenas esperando os que estavam presentes irem embora para fechar o bar. Rafael pediu mais uma lata de cerveja e prometeu para si mesmo que seria a última do dia e depois iria para casa. Tomou metade da lata e então pela cortina na frente da janela do bar, Rafael viu a sombra de um homem que parecia drogado que foi chegando cada vez mais perto da janela, e mais perto, até que bateu três vezes de leve com a mão aberta na janela.
― “Cai fora bêbado, estamos fechados” ― Gritou o dono do bar
E o homem foi, lentamente sua sombra foi sumindo até sumir completamente.
Rafael terminou sua lata, pagou o dono e saiu do bar. Quando abriu a porta, sentiu o quão confortável aquele bar estava. Quando fechou a porta, cruzou os braços tentando se aquecer o máximo possível, deu uns passos até a rua, e com o vento gelado em seu rosto olhou para os dois lados da rua, vendo apenas uma rua normal completamente vazia, fria, todas as casas já com as luzes apagadas, as janelas fechadas, e apenas as luzes dos postes iluminavam as ruas. Arrependeu-se de não ter saído mais cedo e foi caminhando solitário e com frio pelas ruas iluminadas pelos postes, observando os papéis que às vezes o vento levava pelo chão.
Faltava ainda uns 4 quarteirões até sua casa e Rafael passava por uma praça quando...
― “Psssiu” ― Disse uma voz na sombra em baixo de uma grande árvore
E então lentamente a sombra de um homem se levantou e foi chegando perto.
― “Pode parar ai. Não chegue muito perto” ― Disse Rafael quando aquilo andou em sua direção.
O Homem então parou e olhando pra baixo sem dar pra ver seu rosto, com um cabelo levemente cumprido, o homem disse de maneira risonha:
― “Não farei nada com você meu amigo. Não aqui onde você tem pra onde correr. Mas não se preocupe. Eu já sei onde posso ir. Sei como posso ir” ― E então recuou e se sentou novamente em baixo da grande árvore.
Rafael então o encarou por alguns segundos e continuou seu caminho, ignorando o homem que devia ser só mais um bêbado falando coisas sem sentido. Terminou de atravessar a gélida praça com os braços cruzados se apertando, tentando esquecer o que havia acontecido naquela árvore, esfregou as mãos rapidamente e colou-as sobre o rosto, tentando aquecer, e enquanto sentia-se levemente aliviado ouviu o som de alguém tropeçando atrás dele, não muito longe, lembrou-se do homem e correu. Agora o vento gelado parecia muito pior, mas mesmo assim, mais rápido e mais rápido ele correu entre as casas fechadas e apagadas, aterrorizado.
Chegou em casa, pegou o chaveiro no seu bolso e tremendo procurou a chave do cadeado do portão, sentindo como se a qualquer momento aquele homem fosse aparecer virando a esquina de sua casa. Achou a chave certa, entrou e trancou o portão. Sentiu-se indescritivelmente confortável e seguro, estava em casa, e só queria deitar-se e dormir. Entrou em casa, como morava sozinho, a casa estava toda escura, Rafael ascendeu uma luz, foi ao banheiro e depois foi dormir. A princípio sentiu-se um pouco desconfortável, cismado com o homem da praça e então ascendeu a luz do quarto e conseguiu dormir após alguns minutos.
De madrugada, umas quatro horas da manhã, acordou com sede, saiu do quarto meio dormindo, foi até a cozinha e bebeu água e voltou para seu quarto, agora mais acordado quando chegou ao quarto percebeu que a luz estava apagada. Seus pelos se arrepiaram e seu sangue gelou. A luz estava acesa quando ele dormiu, tinha certeza disso. Como poderia ela agora estar apagada? Algo estava errado. Com a casa silenciosa foi até a cozinha, tomou um copo de água para se acalmar. Foi até a porta da casa para se certificar de que estava trancada e quando olhou pela janela ao lado da porta viu que a corrente e o cadeado do portão não estavam mais lá. Sua casa estava aberta agora. Fechou a janela dos fundos e voltou para ter certeza novamente de que a porta estava trancada, e então veio da cozinha um baralho de lápis escrevendo em papel. Deixou as chaves caírem. Paralisado e desesperado, Rafael não sabia oque fazer, apenas esperou a morte chegar. O barulho não durou muito e quando terminou a casa permaneceu em um silêncio mortal e amedrontador até finalmente Rafael ir até a cozinha ver oque era, e achou um pedaço de papel toalha escrito:
“ Pobre homem, não tem pra onde correr”
Foi até seu telefone, discou o número da polícia. Passaram-se alguns segundos e só então percebeu que não estava chamando. Olhou atrás do telefone e viu oque uma coisa que o fez ficar desesperado. O fio do telefone estava cortado.
Antes que pudesse pensar em pegar seu celular ele já havia começado a tocar. “Número Desconhecido”. Atendeu.
― “Desculpe, você ia usar esse telefone?” ― Disse uma voz estranha
― “Seu desgraçado. Porque está me torturando dessa forma? POR QUÊ?“ ― Rafael gritou furioso e desesperado
― “ Algumas pessoas só querem ver o circo pegar fogo. Onde estão suas chaves? Acho que não estão perto da porta onde as deixou cair. Trancar a casa? Péssima ideia. Diga-me. Acha que me trancou de fora, ou me trancou dentro da casa?”
Daniel correu para seu quarto, desesperado. Trancou a porta quando entrou. Ascendeu a luz e ligou para a polícia. Respirou fundo tentando se acalmar. Antes que alguém pudesse o atender a luz do seu quarto apagou. Aquele desgraçado cortou a energia da casa. Mas Rafael estava bem trancado no quarto até a polícia chegar.
― “Janela” ― Disse ele se arrepiando, se apavorando, surpreso e aflito.
Antes de terminar a palavra, antes que pudesse dar um passo em direção a ela, Rafael ouviu o som da mesma se abrindo. A única coisa que ele se esquece de trancar na casa estava em seu quarto. A Maldita Janela