ALGUÉM NO ALÉM ME AMA

ALGUÉM NO ALÉM ME AMA.

GAMA GANTOIS

Há coisas que contadas soam como inverídicas frutos do nosso imaginário. No entanto, o caso presente é real, ele aconteceu realmente com uma amiga da nossa família. O caso se passou assim:

“Corria o ano de 1927, quando depois de 30 anos de casamento, Armando, resolveu se separar de sua esposa Margot. O motivo da separação foi uma morena de olhos fatais mais moça, 35 anos. Inconformada com a separação, Margot envergonhada por ser a partir dali uma mulher separada, coisa que a sociedade da época não perdoava e o que é pior, condenava, resolveu se isolar do mundo. Para tanto, alugou um casarão na Penha, um subúrbio distante do centro da cidade do Rio de Janeiro.

A verdade era altamente depressiva, Margot resolvera dar cabo da própria vida, mas, par que isto ocorresse necessitava de paz e solidão. Uma vez instalada na nova residência, deu início aos preparativos para o seu suicídio. Bem, pensou: Primeiro tenho que escrever uma carta, uma não, duas: uma para o ingrato do meu marido e a outra para os parentes explicando o motivo do meu gesto extremo.

Minha gente, a lógica do suicida é esta. Ele quer ferir a pessoa que lhe fez mal. Assim, pensa ele que dando cabo da própria vida, responsabilizando o culpado por sua desdita, esta vai sofrer horrores. Tolo! Vinte- e- quatro depois do sepultamento o causador da desgraça alheia, segue normalmente a sua vida como se nada de ruim tivesse acontecido. Quem se foi se foi. Esta a lei dos homens.

Bem escrita as duas cartas, Margot as colocou em lugar bem visível, para que fossem encontradas facilmente. Depois, se maquiou como se fosse a uma festa, colocou a sua melhor roupa, as jóias mais caras, o seu melhor perfume, queria morrer linda e perfumada. Depois pegou o copo com veneno caminhou para o quarto. Deitou-se na cama, preparada com lençol de seda, pegou o copo mortal, olhou pela última vez o sol que declinava atrás da montanha e levou vagarosamente o copo à boca. Quando ia sorver o liquido letal, ouviu uma voz:

- Filha, não faça isto. Não condene sua a perambular pelo limbo.

Assustada Margot indagou:

_ Que é o senhor? Como entrou aqui?

- Vamos responder com calma a cada pergunta. Primeiro você me perguntou quem sou eu? Eu sou a brisa que acalma, a lágrima que consola, o sentimento que aflora em todos os corações da humanidade. Sou o amor, a luz que tira os seres das trevas Na verdade, sou um amigo, um companheiro de longa data. Quanto à segunda pergunta, esta mais fácil de responder. Entrei pela porta que você deixou aberta.

- Mas, como sabe o que eu fazer?

-Como sei? Não importa! Basta saber que sei. Você ainda não sabe, mas, estou fazendo um resgate.

- Como assim, um resgate?

-Calma. Quando chegar á hora saberá.

O estranho personagem ficou horas conversando com a candidata ao suicídio, até demovê-la do seu intento. Em dado momento a mulher perguntou:

- Eu tenho a impressão que lhe conheço de algum lugar.

- è possível que nós já nos tenhamos encontrado numa esquina qualquer da vida. O Criador criou grandes surpresas para os seus filhos.

Durante meses, a mesma hora ele voltava para conversar com a solitária Margot.Aos poucos ela foi se envolvendo com aquele homem.Ao fim de trinta dias, ela já o esperava com ansiedade, característica das mulheres apaixonadas. Batia em seu coração um medo incrível de perder aquele derradeiro amor. Isto porque ela nada sabia dele. Não sabia seu nome, pois, toda as vezes que indagava ele se furtava em dizê-lo. Muito menos sabia o seu endereço. Quem seria aquele homem que despertara tanto amor, tanta paixão em seu velho coração?

Certo ele apareceu em tom melancólico. Era a sua despedida. Então, ele se revelou:

- Sabe quem sou eu? Sou o espírito do Coronel Gumercindo seu marido na reencarnação anterior. Eu lhe amava tanto, e era imensamente correspondido, só que eu tinha ciúmes até do seu pensamento. Um triste dia, de perda total dos sentidos, eu por mero e tolo ciúme a matei. Só depois do meu gesto transloucado é que percebi a burrice que tinha feito. Por causa desse meu ato indigno tive que pagar, vagando no limbo. Foi me permitido vir aqui para lhe salvar. Este é o meu resgate. Mas, não fique triste. No dia da sua morte natural virei lhe buscar. Temos uma eternidade para viver o nosso grande amor.

Dizem que anos depois quando Margot morreu havia um enorme sorriso de felicidade. No seu semblante. Meus amigos. Acreditem nessa história. Ela é verdadeira. Juro.

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Gama gantois
Enviado por Gama gantois em 12/01/2016
Reeditado em 30/01/2016
Código do texto: T5508822
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