O Mistério Da Cabana

A noite chegou rápido para Clara e Arthur. Eles estavam passeando perto do parque quando viram estavam perdidos na floresta. Aquele parque era muito especial para os dois. Quando estavam noivos seus pais não gostavam da ideia de vê-los casados. Eles então fugiram de casa e montaram uma casa para morarem juntos. Arthur era muito rico e não teve problemas para fazer isso.

A casa ficava perto da entrada de um parque grande que fazia parte do terreno da casa. Desde a compra da casa sempre passearam por ali e nunca tinham se perdido. Nesse dia andaram muito em busca de um abrigo para passar a noite ou uma estrada para pedir carona. Quando Clara estava cansada demais para seguir adiante encontraram uma cabana abandonada. A cabana ficava no meio da floresta. Eles ficaram muito felizes por encontrá-la. Parecia um abrigo seguro. Muitas surpresas os aguardava naquela cabana e logo eles descobririam.

Arthur, que era forte e alto, foi logo olhar como era a cabana. Seus olhos azuis-claros brilhavam de contentamento e emoção pela aventura a seguir. Ele era muito corajoso e tinha o espírito aventureiro. Já a Clara, uma doce menina, nos seus vinte anos, baixinha dos olhos castanhos e cabelos encaracolados não tinha espírito aventureiro e era um pouco medrosa. Por isso ficou parada na porta esperando para ver o que aconteceria.

Arthur então a chamou e falou que estava tudo bem la dentro. Então entrou toda feliz e eles foram se instalar na cabana. Mas a cabana era muito esquisita. Estava mobiliada rusticamente. Quando ela estava vazia tudo por perto estava florido e alegre. Mas quando alguém entrava, ao fechar a porta, logo depois começava uma tempestade horrenda. De dentro da casa eles podiam ouvir a tempestade uivar la fora. A ventania era muito forte. Eles deixaram a porta fechada e ficaram ouvindo as árvores começarem a cair perto da casa. Eles ficaram felizes por estarem abrigados e Clara foi correndo abraçar o marido. Foram para um quarto e lá ficaram esperando a tempestade passar. Mas nada dela passar. Logo em seguida começou um barulho muito alto de arranhões na parede então Arthur foi ver, mas para sua surpresa não havia nada lá fora. Não havia árvores caídas e tudo parecia calmo até demais. Ele entrou e fechou a porta. Assim que a porta foi fechada começou o barulho do vento de novo. Arthur ouviu um grito vindo do quarto e então correu até lá. Havia aparecido de repente um arranhão no braço de Clara. Mas uma vez não havia ninguém, só o arranhão no braço de Clara. Os dois ficaram mais apavorados ainda. Cada vez que pensavam em sair da cabana o vento parecia mais furioso.

Eles se alimentaram de comida enlatada que havia na despensa da cabana. Nunca acabava. Parecia que o estoque era reposto no fim de cada dia.

Passaram-se três dias e amanheceu calmo. Eles aproveitaram para descansar jogando um jogo de cartas velhas que estava perto da lareira. Tudo parecia calmo. Nada mais acontecia dentro da cabana mas o barulho persistia lá fora. Na tarde desse mesmo dia porém, mais um arranhão apareceu em Clara e isso foi se repetindo diariamente. Até que no quinto dia eles resolveram ir embora. Saíram e viram que não havia vento e tudo estava florido e alegre como no dia em que chegaram. Aquilo era muito estranho. Mais estranho ainda foi que eles encontraram o caminho de casa muito fácil.

Já na casa deles parecia tudo calmo. Um mês se passou e começou a acontecer as mesmas coisas da cabana.

No primeiro dia apareceu três arranhões nas costas de Clara. Ela garantiu que não se arranhou com nada e que ninguém a tinha tocado.

E ao se passar uma semana tudo se repetiu. Novos arranhões apareceram. Eles então procuraram uma equipe especializada em acontecimentos estranhos e fora dos padrões normais. A equipe era formada por André, Luis e Paula. Eles então instalaram câmeras infravermelhas pela casa e começaram a procurar pistas com câmeras de mão.

Paula foi para o porão e ao descer a escada uma coisa lhe acertou a cabeça e ela desmaiou.

André foi para o sótão. E mais uma vez foi acertado só que nas costas. Ele caiu e ficou gemendo, até desmaiar.

Luis foi para o quarto dos dois e lá encontrou tudo na mais perfeita ordem. Examinava tudo com atenção e de repente deu um grito. Seu grito chamou a atenção de André que acordou e de Paula, que também acordou e os dois vieram as pressas socorrer o amigo. Luís estava estático em frente a penteadeira do quarto do casal. No espelho estava escrito com sangue:

_Parem!!! Vão embora ou vão se arrepender!!

Paula tremeu e começou a soluçar. André e Luis também ficaram apavorados mas não desistiriam da missão. As letras tinham sido escritas com um dedo.

Luís era o mais corajoso dos três. Apagou as palavras com álcool e saíram do quarto. Sentados na sala ficaram conversando sobre o que deveriam fazer para corrigir o problema. Pelo jeito estavam em contato direto com alguma criatura diferente de todas que já enfrentaram antes.

Haveria necessidade de encontrar uma outra maneira de lidar com isto.

Paula - Lembram do fantasma do capitão do naufrágio, que fazia as pessoas fugirem do navio atracado no porto e abandonado? Ele também escrevia mensagens.

Luis – Sim lembro. E também lembro da fantasma da enfermeira maluca que ameaçava a todos os pacientes do hospital com seringas cheias de sangue contaminado.

André - Gente, se a gente conseguiu acabar com esses, vai conseguir eliminar esse também.

Na mesma hora em que eles acabaram de falar ouviu-se uma gargalhada estrondosa por toda a casa.

Saíram correndo da casa e sentaram em frente a uma praça que ficava a alguns metros de distância, a conversar. Talvez fosse bom ir até a cabana e investigar pessoalmente tudo o que o casal havia contado. Eles deram um prazo de um mês para os caçadores de espíritos resolverem o problema da casa. Enquanto isso viajaram para outro local. Tinham que resolver isso logo. Todos concordaram com a ideia e partiram para lá.

A floresta era o fim da parte urbana da cidade. Ao chegarem ao parque seguiram as especificações do casal e foi fácil encontrar a cabana. Fácil até demais.

Foi entrar na cabana e começaram a ouvir o barulho do vento e tudo aconteceu de acordo com o relato do casal. Paula ficou esperando ser arranhada mas quem apareceu com dois arranhões pelo corpo foi Luís. Não entendiam como isso aconteceu. Ele estava sentado na cama e assim que sentou sentiu seu braço arder. Olhou e já havia um arranhão. Virou pra ver o arranhão e apareceu outro no outro braço. Corajoso como era e já sabendo que isso aconteceria, Luís levantou-se e começou a procurar pistas. Empurrou a cama e atrás dela estava uma engenhoca que assim que alguém sentasse na cama era acionada e um arame era empurrado em direção a ele que era arranhado. Luís retirou o arame e desligou a engenhoca.

Mas como alguém faria o vento rugir daquele jeito la fora, ainda era um mistério. Investigando a cozinha André encontrou uma vitrola modificada pra fazer música com algumas fitas. Lá estava a fita com o barulho da tempestade. Desligada a vitrola cessaram os “ventos e barulhos”. Afinal era só o ruído pois la fora não havia nada.

André e Luiz saíram da cabana e procuraram por Paula mas ela não estava ali.Onde estaria a Paula? Depois de muito procurar voltaram para a casa do casal e encontraram tudo calmo por lá. Resolveram continuar a investigação. Quando Luís entrou no quarto do casal havia outra mensagem no espelho. Ele gritou e foi André quem leu a mensagem:

_Eu avisei!!!! Agora só faltam dois.

André chorava e Luiz o consolava.

_Calma, vamos encontrá-la. Tenho certeza de que ela está bem.

A resposta a esta frase apareceu rápido. Em cima da cama do casal uma mecha dos cabelos de Paula embrulhados em um tecido sujo de sangue.

Luiz chorou com André. Nenhum dos dois comentou o fato. Empurraram a cama e atrás dela encontraram uma portinhola que dava para baixo da cama. Entraram por ela e seguiram em um túnel por muito tempo, até encontrarem uma sala secreta. Ouviram Paula chorando baixinho. Ela estava presa em uma jaula de ferro do tipo que usam em zoológico. Desceram por uma escada e soltaram a colega. Ela ficou feliz em encontrá-los. Disseram-lhe que estavam em outra casa. E ao saírem viram que estavam na cabana. Como isso era possível? Era o porão da cabana mas também era uma mina de ouro abandonada. Eles resolveram preparar uma armadilha para o fantasma. Avisaram a polícia e começaram a preparar tudo.

EnquantoAndré e Luiz preparavam a armadilha dois homens cavavam a mina e conversavam:

_Aqueles dois vão desaparecer e nunca mais vão dar as caras por aqui. Rá rá rá

_Mas se eles descobrirem a mina?

_Nunca vão chegar até aqui. Esse ouro é nosso.

_Era melhor a gente se livrar deles.

_A mulher sim, a gente vai se livrar dela hoje mesmo mas eles, não vai ser necessário.

Na mesma hora eles ouviram uma explosão e saíram correndo da mina pela entrada da mata. Quando saíram pela entrada da mina caiu sobre eles uma rede gigante que deixou os dois embaraçados. Os meninos aproveitaram para amarrá-los mais ainda. A polícia veio logo prendeu os dois marmanjos.

Eles contaram pra polícia que acharam a mina e resolveram continuar a extrair o ouro. Ela fora abandonada depois que uma explosão matou alguns garimpeiros. A chegada de intrusos era afastada com a “assombração”. O problema era que Clara e Arthur tinham comprado justamente a casa que dava acesso à mina, e por onde eles retiravam o ouro sem serem notados. Ela estava abandonada há muito tempo. Pertencia ao antigo dono da mina que tinha morrido na explosão. Tinham que se livrar deles. Confundiram o caminho dos dois na mata e os levaram a cabana. Mas esses desgraçados desses rapazezs tinham estragado tudo.

Luiz_O sangue no espelho, era de quem?

Bandido alto_Era sangue cenográfico comprado em casa especializada.

André_Como pegaram Paula?

_Ela desmaiou depois de uma paulada na cabeça e a levamos daqui pelo túnel do quarto depois que vocês dois saíram correndo.

Delegado_Rapazes, Obrigada. Tenho que admitir que a polícia sozinha não resolveria esse mistério.

E levaram os dois bandidos pra delegacia.

André ligou pra Arthur e disse que o mistério estava resolvido. Poderiam voltar pra casa.

Arthur mandou fechar o túnel e tomou posse da mina oficialmente pois ela pertencia a escritura do terreno que ele comprara com a casa. O pagamento dos caçadores de espíritos seria reforçado com algumas pepitas de ouro.

A cabana foi arrumada pra servir de acampamento de férias pra crianças. Incrementaram-na para ser bem divertido. Arthur e Clara se casaram oficialmente e são felizes até hoje. Por ter problemas para engravidar, Clara se submeteu a tratamento de fertilização in vitro e teve trigêmeos no final do ano. Eram uma menina e dois meninos. Ela deu as crianças os nomes dos três heróis que a livraram daqueles “Fantasmas”.

FIM

Conto elaborado com a preciosa ajuda da minha pequena Isadora de Lima Scarpati de apenas 11 anos de idade. Minha eterna fonte de inspiração.