O Pacto - Capítulo 4

O Pacto

Capítulo 4

Decidi apreciar um pouco a vista dos lugares que passava. Quase me senti humano novamente, mas aquele frio que circulava meu espírito lembrava que já não vivia mais como um a muito tempo.

As tarefas que realizei para Morte me intrigaram, porém não podia questionar nada e isso de certa maneira consumia meus pensamentos.

Decidi passar pelo bairro que vivi, me surpreendi ao ver que meus pais não viviam mais lá, mas sim numa cidade mais longe e próxima dos meus irmãos mais velhos.

Sem querer vi Lizzy, que andava de mãos dadas com seu novo parceiro. A imagem dela com outro não me feriu tanto quanto a seguinte, acariciando a barriga arredondada, via a imagem dela grávida. Se eu pudesse chorar choraria, aquele bebê poderia ser meu. Porém não tive tempo, sentia a presença de diabo, que me chamava nas profundezas do inferno.

-O seu acordo é comigo lembra? – ele esbracejou assim que cheguei lá. - Se trabalhar para a Morte, sua querida amada morre, assim como o bebê que ela carrega entendeu?

-Morre? Como vai matá-la? Se sou eu quem controla quem morre! – respondi cheio de coragem.

-Não me subestime garoto, você pode ser corajoso, mas está sendo um tolo em pensar que pode me enganar.

-Nunca o enganei, fiz um acordo e o mantive por um tempo, não posso fazer nada se alguém me aparece com uma proposta melhor.

-Acontece que você não fez nenhum Pacto com Morte e como você quebrou o nosso acordo eu agora posso desfazer o que fiz por você.

-Não pode! – respondeu uma voz sombria vindo de trás dele. – Você não tocará na garota e em ninguém da família dela. – completou.

-Onde está o respeito aqui? – perguntou diabo.

-Desde quando você se importa de perder um escravo? Apenas dei a ele uma oportunidade melhor, ele estava guardando a porta do Purgatório e pelo que me lembro isso beneficia nós dois.

-Não estou falando sobre isso. Você nunca fez isso, nunca roubou uma alma minha! – gritou diabo.

-Sempre há uma primeira vez e pare com essas acusações, não estou com tanto tempo assim para discussões. – Morte encerrou o assunto e desapareceu.

-Você tem sorte garoto. – diabo também partiu e logo eu voltei a sobrevoar o mundo.

Perdoado por meus erros e fortalecido como servo da Morte eu estava me sentindo feliz, uma sensação que não esperava ter, ainda mais numa realidade tão distinta da habitual.

Ao passar dos meses encontrei diversos ceifadores, poucos eram tão bondosos e amigáveis como eu. Mas sabia que provavelmente se tornaram vazios assim por decorrência do tempo.

Marielle Cardoso e Johan Henryque
Enviado por Marielle Cardoso em 09/12/2015
Código do texto: T5475289
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