Amiga Misteriosa

Amiga Misteriosa.

Gama Gantois

Os mistérios do sobrenatural surgem em nossos caminhos quando menos esperamos.

O fato que vou contar, por mais incrível que possa parecer aconteceu comigo em minha adolescência e foi um caso verídico. Antes de iniciar a minha história, quero afirmar que não sou louco, nunca tive problemas emocionais, não sou e nunca fui usuário de drogas ou de remédios tarja- preta.

Mas, vamos a nossa história. Meu nome de batismo é Luis Henrique e sou filho único. Eu nunca fui um guri extrovertido, muito pelo contrário. Sempre fui sisudo, de poucas palavras, e amigos se os tive, foi no máximo um ou dois. Sempre gostei de ficar, só em casa lendo, estudando ou ouvindo rádio. Na minha adolescência não havia televisão, computador, celular, e mesmo o telefone era um bem acessível a poucas pessoas. Assim, ia dividindo o meu tempo entre a minha solidão os livros e os filmes que gostava de assistir no cinema do bairro.

Certo dia quando já estava na quarta série ginasial, durante o recreio, estava eu como sempre só, sentado no meu canto favorito, quando surgiu não sei da onde, uma linda guria. Era loira, olhos imensos azuis, nariz aquilino, lábios vermelhos como uma romã assim como suas bochechas. Logo me encantei pela estranha aparição. Ao me vir olhando para ela, fui recompensado com um belo sorriso. Seus dentes eram tão alvos e certinhos que mais pareciam um fio de pérolas.

Não demorou muito estávamos num animado bate-papo. Aos poucos fomos descobrindo que tínhamos os mesmos gostos, várias coisas em comum. Ela como eu gostava de ler, de assistir bons filmes e adorava ficar em casa. Logo percebi que ali estava nascendo uma imensa amizade e hoje passado tanto tempo, posso afirmar que a amei profundamente, e tenho certeza de que fui correspondido. A verdade é jamais a esqueci. Aquele sorriso fio de pérolas, encimado por dois imensos olhos azuis povoam o meu imaginário até hoje.

A partir daquele momento passamos a nos encontrar com freqüência. Mas, havia um grande mistério em sua vida, pois, ela não declinava seu endereço, muito menos seu telefone. Todas as vezes que tocava no assunto, ela habilmente desviava o rumo da conversa.

Outro fato que me intrigava bastante era que Leonor embora demonstrasse gostar de mim, nunca permitira que eu a tocasse. Em nenhum momento me foi permitido tocar em seus lábios.

Assim fomos vivendo. Quando o ano letivo terminou minha família resolveu que iríamos passar as nossas férias no sítio que possuíamos no interior do Estado. Quando relatei esse fato, Leonor mudou radicalmente seu semblante. Uma tristeza profunda se abateu sobre ela, creio mesmo que vi duas lágrimas rolarem pela sua face. Confesso que não entendi, pois ficou combinado que logo que retornasse iria procurá-la.

As férias lá no sitio foram ótimas. Eu só sentia falta daquele rosto, daquele sorriso e principalmente daqueles lindos olhos a me fitarem com amor e ternura.

Terminada as férias, ansiosamente esperei pelo primeiro dia de aula.. Quando este chegou, fui correndo á escola, louco para encontrar o amor da minha vida. Ela não compareceu. Bem, pensei. Nem todo mundo vai á escola no seu primeiro dia de aula. Leonor não compareceu nos dias subseqüentes. Desesperado comecei a procurá-la descrevendo seu aspecto físico para as pessoas. Ninguém a tinha visto, muito menos em minha companhia. Alguns colegas juraram que eu continuava só durante o recreio. Às vezes, parecia que eu estava falando sozinho.

Na secretaria do colégio nunca houve uma aluna com o nome de Leonor. Nunca compreendi o seu desaparecimento. Triste a abatido, mudei, de colégio, de bairro e fui levando a minha vida da melhor maneira, sem esquecer aquele sorriso e olhar que prenderam.

Passados uns quinze anos desse acontecimentos voltava do sepultamento de um tio querido quando ao passar por um jazigo gelei. Quase morri naquele momento. Ao olhar displicentemente uma sepultura lá estava o retrato da minha amada Leonor com nome, data de nascimento e de falecimento. Leonor estava morta há trinta anos. Mas, o que nunca conseguir explicar eram os dizeres na campa;

“Aquela que morreu jovem demais, sempre sonhou em ter um grande amor em vida; amor que só foi encontrar depois da sua morte. Obrigada meu grande amor Luis Henrique”.

Alguém aí pode, por favor, me explicar o que aconte

Gama gantois
Enviado por Gama gantois em 05/12/2015
Reeditado em 29/01/2016
Código do texto: T5471051
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