O Pacto - Capitulo 2
Os primeiros dias foram os piores. Eu realizava pequenas tarefas sórdidas para o diabo, desde fazer alguém se atrasar ou tropeçar para falar mal a céu aberto, incitar alguém a uma discussão em casa. Depois comecei a subir de patamar: encher mentes vazias de jovens ou qualquer pessoa mais fraca.
Porém, durante minhas tarefas horrendas, eu dava certas escapadas para ver Lizzy. Nas primeiras vezes, via minha amada desolada, fazendo anúncios a minha procura, desesperada por respostas, porém a ferida foi se estancando e ela começou a prosseguir sua vida, a qual procurava guardar de todo o mal que podia afeta-lá gravemente.
Certo dia, após uma visita, quatro anos depois do meu “sequestro”, vi uma cena que me perturbou: Lizzy conversava animada com um rapaz de boa aparência, e aquele sorriso em seu rosto denunciando uma paixão. Parti dali rapidamente, ávido por sangue, e cumpri alegremente a função de meu dia: matar em uma troca de tiros um pai de família, cujo filho acabara de nascer a poucos meses.
Mas a culpa me corrompeu, eu me rendera ao mal por amor. Podia ser tão ruim assim? A partir dali decidi, apesar de trabalhar para o mal, que não o deixaria entrar em mim, e pararia de me perturbar por Lizzy prosseguir sua vida.
No dia seguinte solicitei uma visita ao diabo, não era ele quem mandava totalmente lá embaixo, mas precisava conversar com alguém que detivesse algum poder, meus anos de contribuição foram bem pagos e eu precisava sair dali.
Algumas horas se passaram e eu nem sequer fui atendido, sabendo que na verdade diabo não tinha interesse em realizar meu desejo, passei mais alguns dias procurando uma solução.
Encontrei num dos cantos mais obscuros do inferno uma velha casa abandonada, em meio a escuridão me adentrei, não havia como saber o que poderia encontrar ali dentro, mas medo era uma coisa que eu já não tinha a muito tempo.
-O que procura aqui meu jovem? – perguntou uma voz levemente idosa.
-Estou farto de diabo, quero fugir desse lugar. – respondi.
-E como espera conseguir isso? Se perdendo entre as fronteiras?
-Eu não sei onde estou, mas se puder me ajude, apenas me diga para onde seguir que eu irei sem mais incomodá-lo.
-Calma Peter. Você percorreu um longo caminho até aqui.
-Como sabe meu nome?
-Sei tudo sobre você, tudo sobre qualquer humano, mas realmente me frustrou quando vendeu sua alma a preço tão baixo. A questão é a seguinte, posso ajudá-lo a se livrar do inferno, mas você terá de trabalhar para mim.
-Como posso trabalhar para alguém que nem mesmo sei quem é?
Uma luz se acendeu na sala de estar e sobre a mesa uma foice me aguardava, a empunhei e alguns breves sussurros começaram a me guiar.
-Sirva-me e se tornará um dos grandes, escolha ficar e se arrependerá para sempre.