A Cidade do Nevoeiro - CAPÍTULO 8 - A BRUXA CINZA

CAPÍTULO 6 – A BRUXA CINZA

As palavras do estranho homem que apareceu reverberaram dentro da mente de todos por um tempo, mas após muito pensarem seguiram cautelosos pelo caminho que lhes fora mostrado, nenhuma presença de DAIMON por perto mesmo após caminharem por um longo tempo, pararam até mesmo duas vezes pra descansar tamanha era a caminhada, mas nunca mudaram de direção e sempre seguiram em direção reta.

- Já nos perguntamos tantas vezes se é seguro seguir por aqui... - Disse Moogie.

- Não temos outro caminho melhor, vamos por aqui com cautela. – Retrucou Sylph.

Maia havia os contado neste meio tempo toda a história de seu vilarejo, história que não era muito diferente de Pequena Dor, entretanto mesmo com os lampiões acessos o vilarejo e as pessoas não puderam se proteger da enorme criatura que apareceu, pois mesmo escondidos era inevitável não ser pego no meio da destruição causada.

Ela disse que se perdeu do seu grupo, começando então a vagar sem rumo em uma única direção, contou que eles colocaram postes de luz em torno da cidade e acreditavam que isto impediria os DAIMON de entrar, mas na verdade eles se movem pelo nevoeiro, então de nada adiantou as luzes.

Caminharam por entre mais árvores mortas e pedras rochosas, algumas com cores que variavam de cinza e rosa, logo chagaram em um campo mais aberto em meio a floresta obscura e avistaram uma pequena cabana com dois postes improvisados feitos a partir de galhos secos, dele emanavam uma luz que certamente era sangue de DAIMON queimando.

Todos se entreolharam na dúvida do que fazer, até que Sylph disse:

- Vamos todos lá, fiquem atentos. Disse isto enquanto já tomava a frente e os demais foram o seguindo.

Em um certo sentimento de confiança de sentir que tudo estaria bem, pois uma pessoa que coloca aquelas luzes certamente irá temer ou querer afastar os DAIMON.

Logo Sylph chegou em frente a cabana, ele bateu na porta duas vezes, mas ninguém respondeu, ele olhou para os outros e ergueu os ombros em um gesto de dúvida, logo voltou a bater mais duas vezes na porta e uma voz respondeu:

- Entrem. – Uma voz suave qe causou estranheza em todos, pois certamente esperavam ouvir algo diferente.

- Sylph abriu a porta e se deu de cara a um lugar muito semelhante ao gabinete de Sorriso Sorriso, porém havia um enorme caldeirão em meio a cabana e uma mulher jovem e muito bonita, vestindo uma roupa longa e cinza em pé ao lado do caldeirão.

- Vamos entrem não se acanhem. – Disse a jovem moça.

Todos entraram, com um ar de estranheza passando pro eles, eles se entreolharam mais uma vez antes de Lady perguntar:

- Olá, você é?...

- Eu quem deveria perguntar algo sou eu, como me encontraram? Mas me chamem do que quiserem! – Disse a jovem.

- Bem estávamos fugindo das criaturas que habitam este lugar, nosso vilarejo foi destruído e fomos instruídos por um homem a vir aqui. – Disse Sylph resumindo toda a história.

- Ora sim, mas quem é este homem e o que disse? - Perguntou ela.

- Ele disse que você uma bruxa, uma bruxa com vestes cinza, ele era um homem com uma armadura negra e cabelos prateados. – Disse Moogie.

- Olha só, eu te reconheço de algum lugar. – Disse ela se aproximando de Moogie. – Mas sim eu sou uma bruxa e este homem, me digam ele usava uma máscar abranca?

- Ahm, sim ele usava. – Respondeu Sylph.

A bruxa mudou sua expressão, parecia mais preocupada agora do que mais tranquila do que quando eles entraram na cabana.

- Este homem que vocês viram, ele se chama Zan. – Ela se sentou enquanto passava as mãos em seus lábios em um gesto de preocupação. – Se encontrarem com ele de novo fuja o mais rápido que puderem.

- Mas por quê? O que ele é exatamente? – Perguntou Moogie.

- Ele é uma criatura completamente vazia, ele vaga por entre o nevoeiro e os próprios demônios temem a ele.

Todos ficaram assustados com o que ela disse, mas, logo mais estavam conversando sobre tudo que aconteceu com eles.

Após as explicações, muitas ideias passava pela mente de Sylph, mas ele estava sem saber o que fazer, logo ele lembrou de algo que Zan disse e perguntou:

- Zan havia dito que você era uma traidora e antiga serva de um demônio, o que ele quis dizer com isto?

- É uma longa história, mas posso contar a vocês, recomendo que sentem-se primeiro. – Disse a bruxa.

Todos se sentaram e ficaram a olhando atentamente.

- Este mundo eu não sei como ele ficou desta forma, mas os demônios que vagam o nevoeiro são criaturas antigas, mais antigas que nós, eu fui criada por um dos três reis deste mundo, três demônios, cada um responsável por cuidar de algo relacionado a construção deste mundo, mas pouco me foi informado das suas tarefas.

Ela olhou para o caldeirão, como se estivesse agora mergulhando no passado, fazendo uma pequena pausa e logo respirando profundamente até que continuou dizendo:

- Um dos reis, é responsável pelas memórias das pessoas que aqui estão, por isto que quando chegam ao mundo tem apenas uma parcela de conhecimento, o restante é depositado em um livro e jogado em um local que os que já acharam chamam de Lago das Memórias, que é um imenso lago feito por livros, onde as memórias e lembranças de cada pessoa deste mundo estão, cada um com seu livro especifico. Outro demônio que inclusive é meu mestre ficou responsável por muitas coisas e a única que sei é cuidar dos humanos, vigiá-los e impedir que cheguem próximo aos castelos dos reis deste mundo. O terceiro demônio de nada sei, só que ele vive em uma montanha próxima daqui, eu fiquei encarrega de impedir que os humanos chegassem até ele, mas eu realmente optei por não fazer isto, me escondi nestas florestas e me escondi da visão de meu mestre, construí um lago mágico que creio vocês terem achado pra ajudarem as pessoas a recuperarem suas verdadeiras formas. Mas nem adianta me perguntarem, de nada sei sobre como consegui estes poderes e de como posso usá-los, apenas fluem por mim. Só aviso que existem outras como eu, no total se não me enganam são sete, elas podem viver na floreta ou até mesmo entre os humanos sem fazer com que eles percebam.

Todos ali fizeram um silencio congelante, Sylph já se perguntara o que poderia fazer naquele tipo de situação, o mundo era tão mais complicado do que imaginara, as palavras da bruxa o fizeram temer suas próprias decisões fazendo-o refletir sobre como foram jogados dentro desta situação, porém seja o que for que estivesse acontecendo, ele sabia que não se deixaria se levar pelo medo, não mais, ele refletiu sobre o que a bruxa disse e pensou no demônio que vivia em uma montanha ali próxima, estava curioso a respeito disto.

- Segundo o que você disse existe um demônio vivendo em uma montanha aqui perto, o que mais sabe sobre isto?- Perguntou Sylph deixando os outros mais curiosos.

- Pouco sei sobre ele, existe talvez um castelo no topo da montanha, como os outros dois demônios criaram e cercaram com criaturas monstruosas, eu nunca me aproximei da montanha, temendo por ele ter feito isto, minha missão era apenas vigiar os arredores e matar qualquer humano que se aproximasse. – Respondeu a bruxa.

- Bem eu não sei quanto a vocês mas eu quero respostas, este demônio provavelmente sabe de algo, eu vou lá. – Disse Sylph.

- Como assim? Você está louco? . – Gritou Maia.

- Vocês não precisam vir comigo se não quiserem.

- Mesmo que vá, como vai enfrentar um demônio? É só um humano. – Disse Moogie.

A bruxa se levantou rapidamente, parecia ter percebido algo nas palavras de Moogie, ela logo tirou uma varinha apontou para ele e um raio de luz foi disparado diretamente no coração de Moogie, que desapareceu como poeira no ar.

Sylph pegou uma barra de ferro perto a porta e apontou para a bruxa dizendo:

- Se afaste.

- Sabia que não deveríamos ter confiado nela. – Disse Lady.

A bruxa abaixou a varinha e disse

- Este rapaz não é quem vocês pensam que é.

A bruxa apontou para a cadeira em que Moogie estava e uma mancha azul havia ficado no local onde estivera seu corpo.

- Era uma bruxa disfarçada. – Disse a bruxa.

- Como? – Dizia Sylph. – Esteve conosco desde o inicio e não fez mal algum.

- Era uma espiã de meu antigo mestre, estava observando vocês, o meu antigo mestre pode ver através dos olhos dela, então creio que não temos muito tempo, temos que sair daqui.

As palavras dela de certa forma foram convincentes, Sylph abaixou a barra de ferro, a bruxa os conduziu até o lado de fora, ela pegou uma tocha e jogou dentro da cabana que começou a pegar fogo.

- Já era para os demônios estarem aqui, devem estar longe por que a presença de Zan os mantém afastados. – Disse a bruxa.

- E para onde iremos? – Perguntou Maia.

- Vocês tomem o caminho da direito e sigam em frente, existe uma cidade naquela direção, ficarão seguros lá.

- E quanto a você? - Perguntou Lady.

- Eu irei atrasá-los se tudo ocorrer bem me encontrarei com vocês na cidade depois de um tempo.

A bruxa mal começou a se afastar e Sylph já perguntou:

- E a montanha do demônio?

- Ela fica naquela direção. – Apontou a bruxa. – Bem, caso queira ir lá o mínimo que posso fazer é isto. – Agitou sua varinha no ar e uma espada vermelha caiu no chão. – Pegue isto é uma espada de sangue de demônio, se queimá-la ela terá o mesmo efeito que o lampião, aliás, o sangue não se acaba é o mínimo que posso fazer.

- Obrigado. – Disse Sylph.

Antes que pudessem falar mais alguma coisa a bruxa correu na direção oposta a que sugeriu a eles, Sylph se virou e os outros dois viram sua expressão, tinham pouco tempo para decidir que caminho tomarem juntos, mas Lady e Maia já sabiam que Sylph não iria para a cidade com elas, e elas certamente não queria acompanhá-lo até a montanha.

- Nem precisa dizer, boa sorte. – Disse Maia.

Lady acenou em afirmação com a cabeça e os três tomaram caminhos diferentes, Sylph olhou para trás uma última vez para ver a cabana em chamas, pensou por um segundo na sensação estranha que sempre sentira com Moogie desde que chegou a Pequena Dor, por que ele teria tido esta sensação ele nem sabia, mas ele sentia que estava certo.

Virou-se em direção a montanha que a bruxa tinha dito viver o rei demônio, que comandava até então as criaturas que ele chamava de DAIMON, a bruxa disse também em um tom não muito certo, não dava pra crer que era demônios como ele imaginaria que eram, mas certamente este que ela o chamou de rei, era quem tinha as respostas para aquele mundo.

Caminhando em direção a montanha com um lampião em uma mão e uma espada de sangue na outra, Sylph se sentia motivado a descobrir as resposta do que estava acontecendo ali, também se sentia como sempre acostumado a tais situações desesperadoras e por isto se mantinha calmo.

Lady e Maia, correram como nunca em direção a cidade, viram Sylph desaparecer na densa névoa aos poucos, logo um tempo depois elas começaram a ouvir os gritos dos DAIMON ou demônios vindos logo atrás, os lampiões as manteriam salvas por enquanto, mas precisariam chegar logo a cidade a frente.

Caminharam durante um longo percurso, até que começaram a ver postes acesos em meio à floresta, eram luzes de sangue de demônios, elas estavam perto, só mais alguns passos, andaram tanto que estavam cansadas e nem conseguiam pensar quanto tempo demorou para chegarem lá.

Abriram caminho entre uns galhos secos e notaram que estavam em cima de um grande morro e puderam ver lá de cima a cidade que a bruxa falara, era de fato uma cidade, não como Pequena Dor que deixava dúvidas pelo seu tamanho e por vezes chamavam de vilarejo, esta em que chegaram de fato era uma cidade.

Havia luzes por todos os lados, podiam ouvir as pessoas falando lá de cima, era bem grande e movimentada, nenhuma construção bonita, eram bem improvisadas até, mas o que mais chamou atenção das duas era um suposto lago ao fundo, um pouco mais distante, mas era estranho, não parecia ser um rio feito de água e sim de outra coisa.

A bruxa cinza adentrou o nevoeiro e sentiu os demônios vindos em sua direção vagarosamente, pareciam estar evitando avançar devido a presença de Zan, a bruxa sabia que Zan não estava ali mais, só o que restou de sua presença que era forte, uma magia obscura mais forte que as criaturas antigas que estavam chegando ali.

Ela sabia que só poderia atrasá-los um pouco, não era a mais forte das bruxas, mas também não a mais fraca, que era por sua vez a bruxa azul que só sabia magias simples, esta bruxa que ela acabara de matar em sua cabana.

Os gritos dos demônios se aproximando fez seu sangue ferver, ela agitou sua varinha e se concentrou então um barulho de rocha quebrando pode ser ouvido emergindo da terra, ela acabara de invocar alguns golens, que seria uma força suficiente para atrasar as criaturas.

Ela invocou cerca de dez golens, ela ordenou que eles avançassem e os viu sumirem um pouco da névoa formando então imagens escuras e gigantes pela névoa, logo pode ver os demônios os atacando, sons de pedra se quebrando e carne sendo esmagada pode ser ouvido, mas eis que umas criaturas diferentes apareceram.

Pareciam ser soldados de longe, mas quando se aproximaram pode ver que eram esqueletos usando armaduras, ela logo os reconheceu, eram soldados do seu antigo mestre que vieram justamente para matá-la, enquanto os golens seguravam os demônios ao fundo, ela invocou uma espada longa e de cor azul e com golpes majestosos ia derrubando um a um dos esqueletos, que a cada golpe explodiam no ar e seus ossos voavam em direções diferentes.

Ela sabia que era apenas o começo, que criaturas mais fortes estavam por vir, que já tinha dado tempo suficiente, ela então girou sua varinha novamente e a lama abaixo de seus pés começou a se mexer, uma espécie de cavalo feito pela lama surgiu, ele tinha olhos vermelhos e bufava um vapor verde, a bruxa subiu em cima dele e imediatamente rumou para a direção contrária da batalha, olhou para trás e viu os golens se desfazendo um por um e pode ver olhos amarelos brilhando em meio ao nevoeiro, eram olhos das criaturas mais fortes invocadas pelo seu antigo mestre.

Mas ela estava mais rápida do que eles podiam alcançar e logo ela conseguiu desaparecer da vista das criaturas.

Após muito cavalgar chegou até um local próximo ao lago que ela havia criado para recuperar a forma das pessoas, ela parou para descansar, desfez seu cavalo de lama e olhou em direção a montanha do rei demônio e disse:

- Boa sorte.

Respirou fundo e sentou-se para descansar.

Saah__
Enviado por Saah__ em 15/11/2015
Reeditado em 15/11/2015
Código do texto: T5449069
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