Pele alva...
Eu vi na rua, na escuridão de minha casa, sob a luz azul, quase na penumbra, um transeunte... não era gordo nem alto... barba por fazer... seu rosto não vi claramente. E antes que caísse, olhou ao céu... foi tombando calmamente... primeiro ajoelhou-se... Depois desabou. Aquela imagem fez com que todas as minhas forças se esgotassen. Pensei em ajudar... Sentei e me perdi em pensamentos. Depois tomei um trago, depois outro. A garrafa se esvaziou. Lembrei de terminar o capítulo de Ecce Homo... Fui engolido pelo livro, absorvido ao lado da marrom mancha de café da página 35. Pensei de que, assim que saísse de lá, gritaria ao mundo inteiro os absurdos que são criados por nosso excesso de ingenuidade... Na página que falava sobre o super homem, criei asas e do livro, todo coberto de vermelho, saí... Estava numa rua, havia lua cheia no céu, por isso não notei a pálida lâmpada da iluminação pública... que beleza sem igual aquela pele alva no céu... aos poucos consumido pela paixão, tombei... É, até a lua minguante, ninguém havia tido a ousadia de me tirar dali...
Márcio José de Lima
Do blog devaneios literários do Lima