MEU SURFISTA MISTERIOSO - Cap.3
Quando Joana abriu a porta do quarto encontrou Simone removendo a maquiagem. Esta, quando a viu, exclamou:
— Nossa, você voltou cedo!
Joana sequer respondeu. Correu até a janela e afastou as cortinas. O surfista misterioso não estava mais lá. Curiosa, Simone se aproximou:
— O que houve? Pedro vai lhe fazer uma serenata?
— Aquele Pedro é um porre — retorquiu Joana, irritada. — Só falou besteira. Fugi dele.
— Então você está procurando quem?
— Conheci um surfista de tirar o fôlego — confessou ela percorrendo com o olhar cada canto da areia.
— Já?
— Ele é sensacional! — Joana se voltou empolgada para a colega. — Conversei com ele por uns cinco minutos e…
— Espere aí. Você ficou com este cara por cinco minutos e ele lhe deixou assim? Me apresenta!
— Eu sei que parece loucura. — Joana fechou as cortinas e entrou no quarto. Sentou na cama e cerrou os olhos tentando capturar as imagens dele guardadas na mente. Sua expressão era de pura empolgação. — Mas realmente fiquei encantada.
Joana contou rapidamente tudo o que se passara, desde a saída com Pedro do salão até o momento em que o rapaz lhe avisou que era melhor ir embora. Quase sem fôlego, finalizou. — Ele é o típico surfista. Loiro, de franjinha, os cabelos batem um pouco acima do ombro. Acho que vou sonhar com ele a noite inteira.
— Você teve tempo de perguntar onde ele mora? — Simone partilhava de toda empolgação de Joana.
— Sim, ele disse que mora aqui.
— Aqui onde?
Joana encolheu os ombros, confusa.
— Não sei. Não entendi se ele quis dizer que mora aqui na praia ou se é hóspede do resort. E se for daqui mesmo? Quem sabe amanhã nos deparamos com ele no café da manhã?
— O que você vai fazer?
— Você acha que eu devo me aproximar dele?
— Claro! Isto é, se ele estiver desacompanhado.
— Nem pensei nisto — Joana deixou seus olhos se perderem em um ponto fixo. — Talvez ele estivesse esperando alguém...
— Descobriremos isto em breve. Agora esqueça este gato. Você não quer repassar sua palestra?
— Boa ideia. Vou fazer isto. Você me ajuda?
*
Joana se levantou de madrugada e foi até a praia. Ela usava um longo vestido branco, quase transparente. Caminhou suavemente até o surfista. Ele a esperava sorrindo e com os olhos brilhantes. Vestia somente uma calça branca, o torso de fora. Quando ambos se aproximaram, Joana pôde sentir o perfume sutil que emanava do corpo dele. Uma música bonita começou a tocar e ela não conseguiu identificar de onde vinha, era como se viesse das estrelas. O surfista a enlaçou pela cintura e conduziu Joana em uma dança sensual pela areia. Ela se sentia maravilhosa e poderosa naquela noite. Não existiam mais mágoas e dor. Toda sua vida se resumia na dança com aquele homem encantador. O sorriso dele era algo mágico e Joana se pegou sorrindo também. Quando sentiu um cutucão no braço pensou que fosse Pedro estragando tudo. Mas era Simone lhe avisando que estava na hora de levantar.
— O sonho está sendo bom, hein?
Joana sentou, atordoada, estranhando o lugar onde estava. Levou alguns segundos até se dar conta que estava no quarto do resort e que tudo o que vivera antes não passava de um sonho. Chegava a ser depressivo voltar à realidade.
— Como?
— Você está sorrindo... Acho que interrompi algo bom.
Ela jogou as cobertas para o lado. Que mico. Indo em direção ao banheiro, ela mentiu:
— Estava sonhando com a palestra.
— Sei...