Amor irradiante (continuação)

Amor irradiante

II Capítulo

Mary estava ainda na reflexão, observava João, o menino que estava só, dormia um sono reparador, talvez um dos sonos mais deliciosos da sua vida errante, drástica. Pode ser que aquela paz seria o reflexo da bondade daquele anjo que o amparou. Devemos caracterizar por anjo porque ela era excepcional. Para ela o mundo um dia havia desabado, mas permanecia incólume, teu amor às outras pessoas só aumentava, tua inteligência era também excepcional, aliada ao dom de entender de maneira precisa a alma humana. Conseguiu estudar o suficiente para conseguir formar naquilo que mais gostava, formar em psicologia, desmiuçar a alma humana estava nos seus poros.

E naquela reflexão via aquele garotinho de pele bem bronzeada e cabelos quase lisos, ela fazia suas intuições vendo naquela criaturinha um viver dramático também. Daí a compreensão do que estava passando, embora alguma diferença ela e João, porque ela teve um certo amparo na infância, depois com sua adolescência e juventude atribulada, seus pais não tiveram a estrutura adequada para conter ou compreender aquela mente em ebulição. Seu ex noivo não teve a humanidade de embrenhar-se na luta, abandonando-a, sua gravidez que não foi avante. Depois disso tudo estava ali uma mulher forte e imensamente bondosa. A diferença foi que João não teve amparo na infância. Mais tarde Mary comprovaria o que ela estava vendo naquela criança no teu sono: via teus pais no período do inferno das drogas deixando-o completamente só, os espancamentos estendendo dias após dias, anos e anos. Desamparo na segurança, na alimentação e o pior, desamparo no amor, sim, até os estupros foram comprovados.

Nossa! Esse menino passou por tudo isso com apenas 8 anos!... Suas lágrimas rolavam sem parar (Mary faz esse lamento) a moça vê o terrível drama.

Tal era a comprovação de ser anjo de bondade, imerso em todo seu ser na chama do amor, ali mesmo ela faz um juramento:

--- Senhor, quero ser daqui por diante um guia para essa criança, se for possível uma mãe, faça com que eu tenha essa força, porque será uma luta, o mal não poderá apoderar-se dele, destruí-lo mais do que tem feito até aqui.

O 1.º dia que João tem sua definição de vida

O dia amanhece, João acorda, permanece deitado mesmo lembrando que foi salvo pela bela moça, parecia um sonho, na sua mente infantil estava ainda a incerteza do futuro. Num salto vai até onde está Mary e faz um veemente apelo:

--- Não me entregue para eles!

--- Fique tranquilo, filho, tome o seu café depois nós veremos o que deve ser feito.

Depois da alimentação a conversa franca e direta, é Mary que começa:

--- João, pretendo tomar conta de você, mas muita coisa deverá ser feita ainda.

João intervém:

--- Não quero voltar para lá (o abrigo) e também não quero voltar para a escola!

--- Para o abrigo pode-se dar um jeito de não voltar, mas pra escola você tem de continuar.

A conversa se estendeu entre uma criança desamparada e uma pessoa eficiente, responsável justamente pelo assunto do momento.

O dom de Mary era excepcional, podendo-se dizer ser algo misterioso ou simplesmente algo natural e específico de alguns seres humanos, ela percebeu realmente que aconteceria um fato tão maravilhoso muitos anos depois.

Não é utopia do autor, que estas coisas de difíceis explicações, mas acontece.

O autor promete que no capítulo IV que será o final desta história, qual seria essa previsão de Mary que aconteceria. Só posso adiantar agora é que alguns momentos no decorrer de nossa vida podem ser de uma necessidade vital podem nos encher de júbilo nos trazendo uma paz, uma felicidade indescritível...

E a vida ia continuando para o menino João e a psicóloga Mary, que pelos seus conhecimentos de como viver estas relações humanas e também pelos seus contatos teve a guarda e responsabilidade daquele que estava ao léu por este mundão à fora.

A felicidade naquele lar se estendia, porque já não se notava em João, aquele olhar triste, indefinido, aquela desesperança de encontrar a felicidade, aqueles momentos infelizes que o faziam chorar por tempos indeterminados. Já não se via mais em Mary aqueles momentos também tão infelizes que muitas vezes quase a levava à depressão.

Vão passando os dias o entrosamento era perfeito a felicidade parecia mesmo não desaparecer daqueles dois seres. Parecia até que a Providência Divina tivesse feito a programação:

- Mary e João farão um a felicidade do outro.

Até que um dia o menino João faz a proposta carinhosa:

--- você poderia ser minha mãe!...

Mary toda feliz disse vamos providenciar isso.

Com a responsabilidade toda assumida os problemas foram acumulando.

Os problemas? Quais e que tipos de problemas?

Continua nos próximos capítulos...